2027 - V de Vingança

Num futuro distópico após uma guerra e uma pandemia que assolaram o planeta, a Inglaterra se mantem como um país organizado, porém dominado por um governo totalitário. 

"V", uma vítima de experiências biológicas, sobrevivente de um campo de concentração, desfigurado e com modificações em seu organismo que lhe dão uma habilidades extraordinárias, passa anos planejando sua busca por justiça, ou vingança.

Inspirado no revolucionário Guy Falkes, participante da Conspiração da Pólvora de 1605, e usando uma máscara desse conspirador, V tem o objetivo de acabar com o sistema vigente, realizando o que Falkes não chegou a conseguir: explodir o parlamento britânico.



Baseada no HQ de Alan Moore e David Lloyd, e lançado em 2006, o filme "V de Vingança", do diretor James McTeigue, lançado em 2005, traz a atriz Natalie Portman no papel de Evey Hammond, uma moça que sensível que trabalha na rede de televisão estatal, que irá balançar o coração e as intenções de V, mas que também será profundamente transformada por ele e por sua visão de mundo. Ele a salva de um ataque nas ruas e a leva para apreciar seu primeiro grande ataque: a explosão do tribunal Old Bailey, ao som de "1812 Overture”, de Tchaikovsky.

O partido que governa a Inglaterra é o Norsefire (Fogo Nórdico), e seu lema (moto) é: "Força através da Unidade. Unidade através da Fé." É liderado pelo chanceler (o Cabeça), Adam Sutler, inspirado em Adolf Hitler. 

O planeta teve a população reduzida por um vírus chamado "Santa Maria" e a Inglaterra, devido à localização geográfica favorável, em uma ilha, não chegou a ser tão afetada. Posteriormente descobre-se que o vírus havia sido criado pelo próprio governo, como forma de manipulação da população.

No passado, "V" foi  prisioneiro do Centro de Detenção Larkhill e ficava no quarto de número 5, em algarismo romano "V". Por isso adotou esse codinome. Cinco anos atrás, no dia 05 de novembro, ele consegue colocar fogo e destruir o complexo Larkhill, de onde foge e passa a viver às escondidas na "Galeria das Sombras", base subterrânea onde ele se instala e de onde planeja sua vingança.

Evey perdeu seus pais durante a guerra e seu irmão também foi morto em Larkhill. Em campos de concentração com esse eram enviadas as pessoas que o governo considerava como "indesejáveis".

Após um ataque à sede da TV , "V" vem a público dizer que dali a um ano, no próximo 5 de novembro, ele iria concretizar seu objetivo, explodindo o parlamento britânico, o que dá início à uma caça pelo seu paradeiro e esconderijo. Por sua vez, "V" também começa a perseguir e assassinar todos os membros que participaram da ascensão do partido no passado e que foram responsáveis pela sua transformação.

O filme faz algumas citações e referências às obras de Shakespeare:

- "Faço tudo o que faz um homem. Quem faz mais deixa de sê-lo". De "Macbeth", quando Macbeth está conversando com usa esposa que tenta convencê-lo de matar o rei Duncan.

- "E assim cubro a minha infâmia manifesta com estranhos farrapos das Sagradas Escrituras,  e semelho a um santo, quando faço de diabo o mais que posso." de "Ricardo III",  quando está contratando a morte de seu irmão, Duque e Clarence.

- Evey fala que quando criança encenou a peça "Noite de Reis" (A Décima Segunda Noite)

Faz também menção à obra de Alexandre Dumas: "O Conde de Monte Cristo", quando assiste ao filme de 1961 que apresenta a Evey, e de Charles Dickens, "A Christimas Carol", com o personagem Fantasma do Natal Passado.

O filme é claramente "de esquerda", politicamente falando, criticando todos os elementos que minimamente fazem referência ao conservadorismo e à direita política, como por exemplo a Igreja (com o comportamento execrável do vigário Liliman), associando símbolos de direita com fascismo.





1605 - Gunpowder

Durante o reinado de James I, da dinastia Stuart, Inglaterra, em 1605, a perseguição aos praticantes da religião católica iniciada no reinado de Elizabeth I, intensificou-se, com punições severas e bastante violentas àqueles que fossem descobertos praticando sua fé.




Um grupo de fiéis, revoltados com essa situação após a morte de familiares, liderado por Robert Catesby e Guy Fawkes, decide agir de forma também violenta, elaborando um plano que por muito pouco não veio a ser concretizado: explodir o parlamento britânico durante uma visita do rei para a abertura dos trabalhos, utilizando dezenas de barris de pólvora em uma adega de vinhos que ficava no subsolo. 

O que ficou conhecido como "Conspiração da Pólvora" foi descoberto nas vésperas do planejado e frustrou o ataque desesperado do grupo. Ele está retratado na minissérie de 3 capítulos "Gunpowder", de 2017, dirigida por J. Blakeson, trazendo atores como Kit Harington como Robert Catesby e Liv Tyler.

Guy Fawkes inspirou o personagem mascarado protagonista do filme "V de Vingança".

Robert Catesby foi de fato um antepassado do ator Kit Harington, o memorável Jon Snow, de Game of Thrones, e que inclusive carrega o sobrenome, pois seu nome completo é Christopher Catesby Harington. 

1040 - Macbeth: Ambição e Guerra

Lançado em 2015 e dirigido pelo australiano Justin Kurzel, "Macbeth: Ambição e Glória" é mais uma montagem cinematográfica da tragédia de William Shakespeare, escrita em 1606, que narra a queda moral do rei escocês Macbeth e de sua amada esposa, Lady Macbeth, ambos movidos pela ambição.



Baseada nas Crônicas e Inglaterra, Escócia e Irlanda, trata-se de uma estória fictícia, inspirada em eventos e personagens reais, que se passa na Escócia, ano de 1040. O país é governando pelo honrado Rei Duncan, pai de Malcolm, príncipe de Cumberland, e de Donalbain.

Em Fife, uma das regiões do país, o lorde da Noruega (viking) sob o comando de Sweno, Reio da Noruega, dá início a um conflito, apoiado pelo impiedoso Macdonwald, Barão de Cawdor, das Ilhas Ocidentais, traidor dos escoceses. 

Porém, o general Macbeth, Barão de Glamis e primo do rei Duncan, juntamente com o General Banquo, derrotam bravamente a insurreição. Macbeth é chamado de noivo de Belona, a Deusa da Guerra, romana de origem etrusca de onde vem o termo "bélico. Seu castelo fica em uma região aprazível em Inverness.

Voltando vitoriosos da batalha, quando estavam passando por um pântano, entre trovões e relâmpagos, Macbeth e Banquo se deparam com três "Mulheres Esquisitas": três irmãs bruxas, seguidoras da deusa Hécate, que proferem duas profecias, uma para cada um dos dois homens. 

Sobre Macbeth, a quem saúdam como se ele fosse o Barão de Cawdor, elas dizem que ele será rei.

Sobre Banquo, elas chamam de "menos feliz e, no entanto, muito mais feliz", seus filhos viriam a ser reis, embora ele não o seria. 

Aquelas profecia tocam profunda e perturbadoramente o coração de ambos.

Enquanto isso, no acampamento perto de Forres, o rei Duncan e os nobres aliados recebem um soldado ferido vindo dessa batalha e que relata tudo o que se passou. Como gratidão a Macbeth pela bravura,o rei decide executar Macdonwald e transferir para Macbeth o título de Barão de Cawdor, como haviam profetizados as bruxas.

Macbeth escreve uma carta para sua esposa e ela desperta uma ambição ainda mais desmedida que a dele, chegando a suplicar para as forças do mal para que lhe deem a frieza necessária para atingir seu objetivo. O Rei Duncan decide visitar Inverness, passando uma noite no castelo de Macbeth. Lady Macbeth quando fica sabendo da chegada do ilustre visitante, determina para si e para o marido que o rei não chegará a ver a luz do dia.

Macbeth titubeia diante da perturbadora proposta de sua esposa, e se vê incapaz de cometer qualquer ato de traição contra seu primo e seu rei, que foi tão amável e generoso com ele, infringindo a sagrada lei da hospitalidade cometendo um dos piores crimes que é o regicídio. Mas Lady Macbeth, habilidosa com as palavras e com a sedução, enche de motivação o coração de seu marido. 

Cumprindo o plano à risca, ela coloca uma poção no vinho dos seguranças do rei, deixando o caminho livre para que Macbeth o ataque no meio de uma noite pavorosa, de fortes ventos e que deixaram até mesmo os animais descontrolados.

Aterrorizado com o ato cometido após ver em delírio uma adaga flutuando em sua frente em direção aos aposentos do rei, Macbeth volta com as mãos cheias de sangue e com as armas que pegou dos seguranças do rei para assassiná-lo. Lady Macbeth vendo que seu marido está em estado de choque pega ela mesma as adagas e vai ao quarto para deixar as provas do crime e a cena mais convincente para que todos pensem que foram os guardas que o mataram por encomenda de um traidor. 

Pela manhã, a culpa acaba caindo sobre os filhos de Duncan, Malcolm e Donalbain. Percebendo a trama contra o pai os dois fogem, o primeiro para a Inglaterra e o segundo para a Irlanda, ficando Macbeth como o parente mais próximo a assumir o trono da Escócia.


A sede do reino ficava na cidade de Scone, para onde parte Macbeth e sua comitiva, para vestir o manto real.

Já o corpo de Duncan segue para Colmekill, onde jazem seus antepassados.

Conspiração da Pólvora

Sorte / Heroísmo  / Justiça / Estado / Destino / Paraíso / Ambição / Noite / Dia / Escuridão / Luz / Terra / Céus / Honra / Graça Divina / Vida / Morte / Apocalipse / Templo / Inferno / Diabo / Netuno / Medusa / Sono / Amém / Natureza / Tarquínio (último rei de Roma) / Hécate (deusa das feiticeiras) / Assassínio / Medo.

"Dormir, nunca mais! Glamis matou o Sono, e, portanto, Cawdor não mais dormirá. Macbeth não mais dormirá."

"O belo é podre, e o podre, belo sabe ser."

"...sim, sentiu medo como uma água diante de um pardal."

"pareciam canhões supercarregados, prontos para tiros duplos."

"Tão feio e tão lindo, dia assim eu nunca tinha visto."

"... no intuito de conduzir-nos até a destruição, os instrumentos de Satã contam-nos verdades, só para trair-nos em consequências as mais profundas."

"Que o olho se feche ao movimento da mão."


1953 - A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday)

Roma, início da década de 1950. O filme "A Princesa e o Plebeu" (Roman Holiday), do diretor William Wyler


A princesa Ann, interpretada pela atriz Audrey Hepburn, vem de uma nação fictícia que não identificada no filme, e está visitando a cidade cumprindo uma exaustiva agenda diplomática, vindo de uma série de viagens em diversos países. Cansada de seguir o rigoroso protocolo e rígido código de conduta, ela tem uma crise nervosa e decide deixar a embaixada de seu país, onde está hospedada, para se aventurar anonimamente pela cidade.

Conhece então o repórter falido Joe Bradley, vivido pelo ator Gregory Peck, que a ajuda numa situação de vulnerabilidade mas que não a reconhece de imediato. Apenas no dia seguinte ele vem a saber a verdadeira identidade da moça, que se apresenta apenas como Ain Smith. Ele também não revela sua verdadeira profissão e resolve conseguir um furo de reportagem, aproveitando-se desse inesperado encontro com a princesa.


Ann decide passar um dia como uma moça comum, rompendo com seu antigo padrão, a começar pelo corte de cabelo, trocando as longas madeixas por um curto bem ousado. Resolve também experimentar pequenos prazeres como provar um gelato, fumar um cigarro pela primeira vez e pilotar uma scooter, sempre acompanhada de Joe e mais um amigo dele, um fotógrafo de jornalismo, que também não se identifica.

Passeando pelos pontos turísticos de Roma, o casal visita a "Boca da Verdade" (Bocca della Verità), uma face esculpida em mármore que teria o poder de revelar se uma pessoa está ou não mentindo, caso ela introduza a mão na boca semi aberta da escultura. 




A mentira está muito presente no filme, já que nenhum dos personagens revela verdadeiramente suas identidades nem tão pouco suas intenções. No entanto, o tema principal do filme gira em torno da incipiente emancipação feminina no pós II Guerra Mundial.

Apesar de tratar-se de uma princesa, ou seja, oriunda de uma monarquia, a impressão é de que refere-se aos Estados Unidos mesmo, pois esse país passava por um amplo crescimento econômico e tornou-se um dos dois polos da Guerra Fria, portanto todas as nações de mesmo espectro político estavam dispostas a intensificar suas relações diplomáticas.

A princesa em questão representa a nova mulher americana que tinha recém adentrado ao mercado de trabalho durante a guerra, anseando por romper velhos padrões, começando a tomar mais controle sobre a própria vida.

Esse dia na vida da princesa, marca a transição de uma jovem manipulada e servil para uma mulher determinada, ciente de seus deveres e responsabilidades de seu papel, porém assumindo um pouco mais o controle das suas escolhas.

A cena da entrevista coletiva no filme foi gravada na Galeria do Salão dos Lustres (Sala della Protomoteca) no Palazzo dei Conservatori, localizado na Piazza del Campidoglio em Roma, Itália. Esse palácio faz parte dos Museus Capitolinos e é conhecido por sua arquitetura renascentista, projetada por Michelangelo. 

A Piazza del Campidoglio, onde o palácio está situado, é uma das praças mais famosas de Roma e oferece uma vista icônica da cidade. 








1838 - Giuseppe Verdi (1953)

Milão, 1838. O jovem maestro Giuseppe Verdi chega à cidade com sua bela esposa Marguerita e seu pequeno filho Gino, muito animado com uma oportunidade de apresentar seu trabalho para os grandes teatros em busca de um contrato.



Giuseppe Verdi nasceu em 1813, na província de Parma, região da Emilia-Romanha, no norte da Itália, morrendo em 1901, aos 88 anos de idade. O norte da Itália era dominada pelo Império Austríaco. 

No início de sua carreira, ainda em Parma, ele foi financiado pelo empresário Antônio Barezzi, pai de Marguerita, que pagou por suas aulas de música e pelas suas necessidades básicas de vestimenta para o frio e para frequentar as altas rodas sociais do mundo música. 

Barezzi contratou Verdi para ser professor de música de sua filha, Marguerita Barezzi. Os dois, que praticamente cresceram juntos, apaixonaram-se e se casaram. Ela era uma grade apoiadora de seu trabalho como músico.

Quando tinha 25 anos deixa sua cidade natal e vai com sua jovem esposa e seu pequeno filho para Milão. Lá a família passa por muitas dificuldades, enfrentando fortes privações financeiras, pois Verdi não consegue encontrar logo um teatro que queira montar sua primeira ópera. 

Porém, seu trabalho cai nas graças de uma famosa e influente soprano, Giuseppina Strepponi, que convence seu protetor e dono do teatro Scalla a patrocinar a primeira montagem, que foi “Oberto”. A ópera foi muito bem recebida e Verdi foi contratado para fazer a melodia de uma ópera bufa, ou seja, cômica, e que não trouxesse abordagens políticas que gerassem conflitos com a Áustria. 

Nesse momento o pequeno filho do casal vem a falecer e Verdi, por causa do luto e da tristeza, não tinha nenhuma inspiração para compor algo alegre e engraçado. Porém, por precisar do dinheiro do contrato, ele escreve a ópera "Un Giorno de Regno" (Um Dia de Rei), que foi um verdadeiro fracasso.

Para aumentar ainda mais o momento infeliz da vida de Verdi, sua esposa Marguerita também perde sua vida. Ele desiste de tudo e cai em profunda crise emocional e financeira, passando fome e frio.

Novamente aparece em sua vida o verdadeiro anjo que foi a sua admiradora Giuseppina Strepponi, e lhe oferece o libreto daquela que foi a grande oportunidade de sua vida: "Nabuco", sobre a história do rei Nabucodonosor e o cativeiro dos hebreus na Babilônia.

Os dois iniciaram um breve romance, mas foram separados pelas circunstâncias. Porém, a partir daí, sua carreira teve uma ascensão meteórica, apesar de ter incomodado politicamente o Império Austríaco, pois o tema "Va Pensiero" da obra Nabuco, tornou-se um verdadeiro hino do nacionalismo italiano.

Em 1851 escreveu a ópera "Rigoletto", inspirada na peça de Victor Hugo e em 1853, compõe "La Traviata" (A Dama das Camélias ou Camille), em 1853, baseada no livro de Alexandre Dumas. 

Em um segundo momento de sua vida reencontra Giuseppina Strepponi em os dois se casam em 1859 e permanecem juntos por 38 anos, até a morte da esposa. 

Durante todos esses anos compôs diversas obras, entre elas: "Macbeth", de Shakespeare, em 1847,  ''Aida", em 1871, sobre o Egito Antigo, "Otello", também de Shakespeare, em 1887, e finalmente "Falstaff", mais uma de Shakespeare, em 1893, sua última obra antes de seu falecimento, em 1901.

O diretor Gabiele D’Annunzio escreveu um poema sobre sua morte. 

2022 - Soylent Green (No Mundo de 2020)

A perturbadora distopia apresentada no filme "Soylent Green", lançado no ano de 1973 e dirigido pelo americano Richard Fleischer, traz o ator Charlton Helston no papel do policial Robert Thorn, que tenta revelar ao mundo a terrível descoberta que fez acerca da indústria de alimentos ao investigar o assassinato de um alto executivo da empresa que dá nome ao filme: Soylent Green, que por sua vez é um cobiçado suplemento alimentar fornecido à população.


O filme aborda assuntos indigestos e desconcertantes, mas extremamente importantes para a humanidade nos dias de hoje.

Baseando no livro de 1966, "Make Room! Make Room!", do escritor Harry Harrison. 



A história se passa na cidade de Nova York, no futuro ano de 2022, com uma população de 40 milhões de pessoas (atualmente, no ano de 2024 a cidade conta com 8,8 milhões de pessoas). A ecologia e a natureza tinham sido totalmente destruídas devido ao aquecimento global que mantinha o desconforto de um calor permanente.

Para chegar ao extremo da total insegurança alimentar, outras mazelas além do aquecimento global assolaram a humanidade, como a superpopulação, o consumismo exacerbado e a objetificação das mulheres.

A grande maioria da população vivia de maneira precária, com várias famílias dividindo o mesmo espaço. Inclusive as igrejas eram tomadas por pessoas que não tinham onde morar. A alimentação era basicamente à base de uns biscoitos de várias cores feitos de certos nutrientes, produzidos pela empresa Soylent. 

O biscoito verde Soylent Green, era o mais nutritivo e por isso o mais consumido, por ser supostamente feito de planctons, um tipo de alga marinha. No entanto, as pessoas nem imaginavam qual era a verdadeira origem daquele macabro biscoito. 

 Alimentos tradicionais eram difíceis de encontrar e passaram a ser artigos de luxo, consumidos apenas pelos poucos privilegiados. 

Esses moravam em apartamentos modernos e tecnológicos, bem equipados com água corrente, ar condicionado, comida à vontade eu um tipo bem peculiar de "mobília": uma bela jovem que vinha com o apartamento para servir ao morador do imóvel de todas as maneiras.


No livro a história se passa num futuro 1999 e o biscoito é feito de soja e lentilha. Já no filme o ingrediente principal da ração foi substituído por algo muito mais perturbador e que fez com que o filme se tornasse tão icônico. Essa base do produto é revelada na cena final e o objetivo do filme foi realmente o de chocar a sociedade e trazer a reflexão sobre os riscos aos quais a humanidade estava  (e de certa forma ainda está!) exposta.

Felizmente a tecnologia no setor da agricultura evoluiu muito nas últimas décadas, principalmente no Brasil, onde a Embrapa, Esalq e outras instituições tiveram papel preponderante no desenvolvimento de grãos e de uma pecuária sustentável, garantindo que um maior número de pessoas tenha acesso a quantia necessária de nutrientes para uma vida saudável.

No entanto, por interesses políticos alguns ditadores muitas vezes impedem que esses alimentos cheguem à sua própria população, pois assim conseguem mantê-la subjugada sob seu poder. 

Além disso, em países como China e Índia o crescimento da população realmente atingiu níveis tão altos que fontes mais diversificadas de proteína passaram a fazer parte da dieta das pessoas desses países.

Outro risco alimentar é a excessiva industrialização, como acontece nos Estados Unidos, onde alimentos altamente processados substituem quase que integralmente os alimentos tradicionais. Até mesmo as frutas lá estão ganhando novas consistências e texturas, parecendo mesmo que são sintéticas.

Em vários sentidos o filme foi "avant gard", e foi pioneiro também em fazer a primeira publicidade de um vídeo game tipo fliperama, no caso o Computer Space Arcade Game, que usava moedas.

Apesar de se passar no futuro, o filme mantém a estética do início dos icônicos anos 1970.




1453 - A Rainha Vermelha

 Inglaterra, 1453. Logo após o término da Guerra dos Cem Anos, travada com a França, que saiu em grande vantagem devido à ajuda da jovem Joana D'Arc, a Donzela de Orléans. Anos depois, Lady Margaret, uma pequena jovem inglesa de 9 anos de idade e que também viria a ter um papel importante na história alguns anos mais tarde, tem visões com a francesa e nutri por ela imensa admiração. 

Assim começa o livro "A Rainha Vermelha", da escritora britânica Philippa Gregory, narrado pela pela própria Lady Margaret em primeira pessoa, ao longo de sua vida.



Antes de completar seus 10 anos de idade, já com "joelhos de santa" conquistados por longos períodos de oração, a pequena Lady Margaret Beaufort, passa horas refletindo sobre a vida da mártir francesa, sonhando em um dia poder também ser importante para seu país, governado pelo Rei Henrique VI e por sua esposa, a controversa francesa Margarida D'Anjou.

Margaret tem alta posição no reino da Inglaterra, por ser filha de um dos maiores comandantes do país nas guerras com a França, e é parente do Rei Henrique VI (o avô do rei e o avô dela eram meios-irmãos, o que colocava a família Beaufort legitimamente na linha de sucessão. Vive em Bletsoe, no coração do condado de Bedfordshire, longe dos grandes centros, tendo por companhia os criados da casa e seus meios-irmãos e meias-irmãs, todos bem mais velhos.

Quando tinha 6 anos de idade, foi acertado seu casamento de conveniência com o também infante John de la Pole, mas naquele momento o compromisso estava sendo rompido. Ela e sua mãe estavam partindo de viagem para a anulação formal do casamento. Mas a alegria de Margareth dura muito pouco. Seu grande sonho era seguir uma vida religiosa, tornar-se uma abadessa, porém logo ela estaria comprometida com outro senhor, como era o costume entre as famílias importantes.


O livro se passa durante um período de 32 anos entre 1453 ate 1485, e começa com Lady Margaret então com 9 anos de idade em sua casa em Bletsoe, no coração do condado de Bedfordshire

Descendente do Rei Eduardo III, grande patriarca da dinastia Plantageneta da qual descendiam as linhagens York e Lancaster, seu sonho era o de dedicar-se à vida religiosa, ser uma abadessa, mas seu dever, devido à sua posição na família, era o de gerar um herdeiro para a casa Lancaster, como uma ponte para a próxima geração.

A Inglaterra é governada pelo Rei Henrique VI, da família Lancaster, que estava no poder há 31 anos, mas que vinha demonstrando problemas de saúde mental, e por isso era aconselhado por Ricardo, Duque de York, que por sua vez era influenciado por Richard Neville, Conde de Warwick, o "fazedor de reis". 


Margaret nasceu em 1443 e casou-se aos 09 anos de idade, por conveniência, com Edmond Tudor, conde de Richmond. O casamento veio a ser consumado apenas quando chegou a idade de gerar filhos e, aos 12 anos, Lady Margaret deu à luz a seu primeiro e único filho, Henrique, quem aos depois viria a se tornar rei da Inglaterra dando início à era da Dinastia Tudor no poder. Foi um parto extremamente difícil e com muito sofrimento para ela. Edmond era meio irmão do rei Henrique VI por parte de mãe, Catarina de Valois. Morreu logo após Margaret ter engravidado, sem nem mesmo conhecer seu filho, que foi criado pelo tio, irmão de Edmond, Jasper Tudor, que será o tutor de Henrique e grande amor da vida de Margaret.

Seu segundo casamento, também arranjado, foi com o pacífico e pacato Sir Henry Stafford, filho do Duque de Buckingham, com quem permaneceu casada até a morte dele, decorrente de ferimentos em batalha. O casamento ocorreu em 1458 e ela tinha 15 anos de idade. Devido ao título de nobreza do filho, ele precisou ficar sob os cuidados da família do pai. 

Após ficar viúva pela segunda vez, veio a se casar novamente, em 1472, aos 29 anos, com pragmático Thomas Stanley, Conde de Derby, lorde condestável (uma espécie de chefe do exército) que foi seu companheiro de conspirações e que veio a ter papel decisivo na ascensão de Henrique VII ao poder. O casamento era apenas de fachada, um contrato para interesse de ambos, sem contato físico entre os dois, mas de grande cumplicidade.

Margaret passou grande parte de sua vida separada de seu filho e de Jasper, teve que conviver cordialmente contra a sua vontade na corte de York, mas nunca deixou de ter esperanças de ver seu filho, o verdadeiro herdeiro do trono da Inglaterra, coroado como rei. Conspirou o quanto pode e mesmo com sucessivas derrotas, manteve-se  paciente e firme em seu propósito até alcançá-lo. 

Pesam sobre ela terríveis suspeitas de que tenha encomendado a morte dos dois filhos do Rei Eduardo IV com Elizabeth Woodville, sua grande rival (a Rainha Branca, de Philippa Gregory). Os meninos, então com 13 e 9 anos, era os próximos na linha de sucessão, e foram presos na torre de Londres pelo tio, então rei Ricardo III, que os declarou ilegítimos. O misterioso desaparecimento dos dois, é um dos maiores enigmas da história. 

Mesmo sendo uma religiosa devota, é bem provável que ela tenha realmente desejado e contratado esse terrível assassinato, já que distorcia a sua interpretação das "vontades de Deus" conforme a sua própria conveniência. 

Só mesmo Deus para conhecer a verdade sobre esses fatos e só Ele para julgar e redimir a alma de Margaret Beaufort. Pelo menos em vida, ela alcançou a graça que tanto buscou, pois em 1485 seu filho foi coroado rei da Inglaterra. 

Para unir o país e colocar fim na guerra entre primos, Henrique se casou com a Elizabeth York, filha de sua maior rival e a quem a escritora Philippa Gregory retratou no livro "A Princesa Branca".