Mostrando postagens com marcador Guerra Fria. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Guerra Fria. Mostrar todas as postagens

1983 - 007 Contra Octopussy

"007 Contra Octopussy" é o 13º filme da franquia James Bond, lançado em 1983, 6º estrelado por Roger Moore como 007.

A história envolve contrabando de joias, a ameaça de um ataque nuclear na Alemanha Ocidental durante a Guerra Fria e uma misteriosa mulher chamada Octopussy, que lidera uma irmandade de mulheres em sua ilha particular na Índia.

James Bond investiga a morte de um agente britânico em Berlim Ocidental que carregava um valioso ovo de Fabergé. Isso leva 007 a descobrir um esquema de contrabando internacional ligado a Kamal Khan, um príncipe exilado que trabalha com o general soviético Orlov.

Orlov pretende detonar uma bomba nuclear em uma base da OTAN na Alemanha Ocidental. O plano é fazer parecer um acidente com armas americanas, o que forçaria a Europa a exigir o desarmamento nuclear dos EUA — deixando o caminho livre para a expansão soviética.

Bond descobre que Khan trabalha em parceria com Octopussy, uma mulher misteriosa que chefia um grupo de mulheres em uma ilha privada na Índia. Ela inicialmente acredita em Khan, mas depois se alia a Bond. No clímax, 007 consegue impedir a explosão do artefato nuclear dentro de um circo em uma base da OTAN, salvando milhões de vidas.

O filme reflete as tensões da Guerra Fria nos anos 80:

  • O general Orlov representa a ala dura do Exército Vermelho, desejando expandir o domínio soviético sobre a Europa.

  • A bomba atômica na Alemanha Ocidental mostra o medo de um conflito nuclear acidental, tema recorrente na época.

  • O contrabando de joias e obras de arte também faz alusão ao tráfico de riquezas no Oriente e à cooperação entre elites corruptas do Leste e do Sul global.


O que foi o Pacto de Varsóvia?

  • Criado em 1955, em resposta à entrada da Alemanha Ocidental na OTAN.

  • Era uma aliança militar entre a União Soviética e seus países satélites do Leste Europeu (Polônia, Alemanha Oriental, Hungria, Tchecoslováquia, Bulgária, Romênia e Albânia – que saiu em 1968).

  • O objetivo era garantir defesa coletiva caso algum membro fosse atacado e manter a influência soviética sobre o bloco socialista.

  • Dissolvido em 1991, junto com o fim da URSS

O general Orlov, vilão soviético, reflete exatamente o espírito militarista dentro do Pacto de Varsóvia:

  • Ele acredita que o Ocidente é fraco e que a União Soviética deve expandir-se.

  • Seu plano (detonar uma bomba nuclear em uma base da OTAN na Alemanha Ocidental e fazer parecer acidente) mostra o medo real da época: que um incidente nuclear forçasse a Europa Ocidental a exigir o desarmamento dos EUA, desequilibrando a balança de poder e deixando a Europa vulnerável ao Pacto de Varsóvia.

  • A disputa entre os “falcões” (linha dura militar, como Orlov) e os “moderados” soviéticos (como o resto da liderança no filme) também reflete as discussões internas do bloco socialista nos anos 70-80.

O filme foi lançado num momento de renovada tensão da Guerra Fria (era Reagan vs. URSS).

  • Orlov (general soviético) → representa a ala “falcão” do Pacto de Varsóvia: queria expandir o território socialista para além do que o equilíbrio militar permitia.

  • Bomba na Alemanha Ocidental → OTAN tinha armas nucleares na região. O plano de Orlov era fazer parecer um acidente da OTAN, enfraquecendo a confiança da Europa nos EUA.

  • Consequência → se a Europa Ocidental pressionasse os EUA a retirar suas armas nucleares, a balança de poder OTAN x Pacto de Varsóvia se romperia em favor do bloco soviético.

  • Mensagem política do filme → A liderança soviética oficial (mostrada nos generais que repreendem Orlov) não queria a escalada nuclear, refletindo o realismo dos anos 80, mas dentro do sistema sempre havia o risco de radicais como Orlov.

O nome “Octopussy” é o codinome de uma mulher misteriosa, interpretada por Maud Adams, atriz sueca com 38 anos no filme.

Ela é filha de um oficial britânico desonrado que, anos antes, foi poupado por James Bond em vez de ser entregue à justiça. Por isso, guarda certo respeito e dívida moral em relação a 007. 

No presente, Octopussy lidera uma irmandade de mulheres (as “Octopus Cult”), que vivem numa ilha privada na Índia, onde praticam artes marciais, contrabando e negócios ilícitos.

Ela se envolve com Kamal Khan, vilão que trabalha junto ao general soviético Orlov. 

Inicialmente, acredita em Khan, mas depois descobre sua traição e se alia a Bond.

O codinome “Octopussy” vem de um polvo, que ela usa como símbolo pessoal (inclusive tem um octópode de estimação em sua residência).

O nome também aparece em um conto de Ian Fleming (Octopussy and The Living Daylights, 1966), onde é explicado que “Octopussy” era o apelido carinhoso dado por seu pai a ela.

Octopussy representa a ambiguidade do Oriente no filme: luxo, mistério, mas também ligação com o crime internacional.

Diferente de outras “Bond girls”, ela não é apenas romance ou apoio: é líder de uma organização, com poder e recursos próprios.


Ovo de Fabergé


São joias em forma de ovo criadas pelo joalheiro Peter Carl Fabergé e sua oficina em São Petersburgo, Rússia, entre 1885 e 1917.

Foram encomendados principalmente pelos czares Alexandre III e Nicolau II como presentes luxuosos de Páscoa para a família imperial russa.

Cada ovo é feito com ouro, esmalte, pedras preciosas e contém uma “surpresa” no interior (miniaturas, relógios, figuras, etc.).

Tornaram-se símbolo da opulência dos Romanov e, depois da Revolução Russa de 1917, raríssimos objetos de coleção.


Os Romanov foram a família imperial da Rússia até a Revolução de 1917.

Eles possuíam um dos maiores tesouros de joias e obras de arte do mundo, incluindo os famosos ovos de Fabergé.

Após a revolução bolchevique, muitas dessas peças foram confiscadas, vendidas clandestinamente ou contrabandeadas para o Ocidente, alimentando o mercado negro de arte e luxo.

No filme, um ovo de Fabergé verdadeiro é roubado e substituído por uma cópia falsa.

Esse detalhe leva James Bond a investigar um esquema de contrabando internacional, envolvendo joias e obras de arte.

O ovo é a pista inicial que conecta a trama de Londres → Índia → Alemanha, até chegar ao plano nuclear do general Orlov.

Além de ser um artefato precioso, o ovo simboliza a mistura de luxo, espionagem e corrupção internacional — um tema comum nos filmes da Guerra Fria.


O filme começa justamente com o contrabando de joias raras (como os ovos de Fabergé), que remetem ao tesouro perdido dos Romanov.

A trama mostra como peças imperiais russas — símbolos de riqueza e decadência czarista — acabam nas mãos de criminosos internacionais.

Isso serve de metáfora da Guerra Fria:O uso de um ovo de Fabergé como peça-chave da investigação conecta o passado imperial russo com as intrigas políticas e militares do presente soviético (representado pelo general Orlov).

O luxo imperial russo transformado em objeto de crime reflete a corrupção e instabilidade do Leste.

Assim, as joias funcionam como ponto de partida para a espionagem: o tráfico de arte leva Bond a descobrir a conspiração nuclear.

No filme, a cena do leilão em Londres mostra um ovo de Fabergé verdadeiro sendo vendido na casa Sotheby’s. O dono do ovo no filme é o Governo Britânico (através do MI6), que coloca a peça no leilão como parte de uma operação de vigilância.

O objetivo era atrair e observar quem faria lances pelo ovo, já que havia suspeita de que uma cópia falsa estava circulando no mercado.

Durante o leilão, James Bond percebe a jogada do vilão Kamal Khan, que dá lances inflados para recuperar o ovo (pois ele já havia se envolvido no esquema de contrabando com as cópias falsas).

Bond, para confirmar suas suspeitas, entra no jogo: ele faz lances e até substitui o ovo verdadeiro pela réplica sem que ninguém perceba.

Ou seja, no filme, o “dono” formal do ovo é o tesouro britânico (sob custódia da Sotheby’s), mas a trama mostra como ele vira peça de espionagem para expor o esquema de Khan e Orlov.

ovo verdadeiro é revelado como uma distração. O que realmente importa é o que está escondido dentro do ovo, e o leilão é usado como cobertura para o contrabando de materiais nucleares.


Khan e Orlov manipulam o mercado de arte e joias para financiar seus planos bélicos e garantir que suas armas nucleares sejam entregues ao seu destino final.


Khan é contratado por Orlov para atuar como intermediário: ele fornece logística, transporte e cobertura para o contrabando de joias e ouro que financiará a operação nuclear.

A famosa operação do circo (onde a bomba é escondida em um vagão) depende da rede de Khan, que controla movimentação de pessoas e objetos entre a Índia e a Alemanha Ocidental.

Orlov e Khan não são iguais em poder: Orlov dá ordens, Khan executa, mas também tenta tirar proveito próprio (ganância).

No clímax, Khan trai Orlov, porque quer lucrar sozinho, mas Bond consegue impedir tanto o plano nuclear quanto os esquemas de Khan.

Orlov = cérebro militar soviético, com objetivos geopolíticos.

Khan = executor e intermediário, com objetivo financeiro pessoal.

Bond se infiltra nesse elo entre poder político e crime internacional, descobrindo como os dois vilões se conectam.


Orlov, o general soviético, representa a linha dura do Pacto de Varsóvia e, ao longo do filme, faz comentários que refletem a visão soviética da época:

  1. Ocidente como fraco e corrupto

    • Orlov acredita que a Europa Ocidental e os EUA estão politicamente divididos e moralmente decadentes.

    • Ele vê os líderes ocidentais como incapazes de manter a ordem e proteger seus interesses, o que, na visão dele, abre espaço para ações ousadas da União Soviética.

  2. Dependência de armas nucleares

    • Ele ironiza a dependência do Ocidente em deterrentes nucleares, sugerindo que eles confiam em tecnologia e ameaças ao invés de coragem ou estratégia militar real.

    • Seu plano de fingir que a bomba nuclear foi da OTAN é uma crítica indireta: mostra que o Ocidente não percebeu seus próprios riscos, deixando-se manipular.

  3. Interesse próprio sobre diplomacia

    • Orlov vê a política ocidental como egoísta e cheia de interesses econômicos, sem visão de longo prazo.

    • Ele se apresenta como alguém que tem clareza estratégica e coragem de agir, contrastando com o que ele considera inércia ocidental.


O filme usa Orlov para mostrar a percepção soviética da fragilidade ocidental durante a Guerra Fria.

Não é apenas vilania: há um subtexto político, sugerindo que o Ocidente, apesar da superioridade tecnológica, poderia ser vulnerável à astúcia e audácia soviética.

Esse discurso reforça o clima de tensão e paranoia nuclear típico dos anos 80.


Papel da União Soviética moderadora

  1. Controle sobre oficiais radicais

    • Orlov age de maneira extrema, querendo detonar uma bomba nuclear para ganhar vantagem política.

    • Outros líderes soviéticos, porém, não apoiam essa escalada. Eles repreendem Orlov e mostram preocupação com as consequências internacionais.

    • Isso reflete a realidade histórica: mesmo dentro da URSS, havia divisões entre radicais e realistas sobre a Guerra Fria.

  2. Imagem de poder racional

    • O filme sugere que a União Soviética “oficial” não busca guerra aberta desnecessária.

    • O objetivo deles é proteger interesses estratégicos sem provocar conflito nuclear direto, contrastando com a audácia imprudente de Orlov.

  3. Equilíbrio narrativo

    • Cinematograficamente, essa postura serve para evitar caricaturar toda a União Soviética como vilã absoluta.

    • Mostra que o perigo real vem da ambição individual de Orlov, não de todo o bloco soviético.


No filme, a União Soviética moderadora funciona como freio moral e estratégico: permite que o espectador veja que Orlov é um radical, não a representação total do bloco socialista, e reforça a tensão entre ação individual imprudente e política de Estado calculada.


Papel de Gogol em Octopussy

  1. Supervisão de Orlov

    • Gogol acompanha Orlov e outros oficiais soviéticos, lembrando-os das regras políticas e estratégicas.

    • Ele representa a linha oficial do governo soviético, que prefere manter o equilíbrio e não arriscar uma guerra nuclear.

  2. Mediador diplomático

    • Sempre tenta reduzir tensões e evitar ações precipitadas que possam prejudicar a imagem ou os interesses da União Soviética.

    • Serve como lembrete de que nem todos os soviéticos no filme são radicais ou vilões como Orlov.

  3. Função narrativa

    • Gogol cria um contraste com Orlov: enquanto Orlov é audacioso e perigoso, Gogol mostra que há racionalidade e política por trás do bloco soviético.

    • Esse contraste aumenta a tensão e a complexidade política do filme.


O General Gogol é o moderador soviético, a “voz da razão” que lembra o espectador que Orlov age por iniciativa própria, e que a União Soviética oficial não apoia terrorismo nuclear.


Orlov age por ambição pessoal e radicalismo militar, enquanto Gogol representa a voz da razão e da política oficial soviética, tentando impedir que Orlov provoque um desastre internacional.


Sátira ao socialismo latino-americano

  • No prólogo, o país é uma caricatura de uma ditadura comunista caribenha, lembrando Cuba sob Fidel Castro.

  • O exército é mostrado como pomposo, desorganizado e facilmente enganado por Bond.

  • O humor está no contraste entre a astúcia e improviso britânicos (Bond) e a ineficiência do regime socialista local.

  • Há também uma crítica velada: esses regimes eram vistos como extensões da influência soviética nas Américas, e o filme os retrata como alvos fáceis da inteligência ocidental.

Na sequência inicial do filme, Bond se infiltra em uma base militar de um país latino-americano fictício, inspirado em Cuba. Ele utiliza o Acrostar, que está disfarçado como um cavalo em um trailer, para escapar de uma perseguição. A cena é famosa por mostrar Bond pilotando o avião em manobras ousadas, incluindo voar através de um hangar e destruir um míssil com uma manobra habilidosa.

O Acrostar não apenas impressionou os fãs de James Bond, mas também se tornou um ícone da aviação. Ele apareceu em diversos comerciais, programas de televisão e até mesmo em outros filmes da franquia, como Die Another Day (2002), onde aparece em pedaços no laboratório de Q. O Acrostar original usado em Octopussy foi pilotado pelo piloto de acrobacias J.W. "Corkey" Fornof e está em exibição no Pima Air & Space Museum, em Tucson, Arizona.


Jogo de dados - gamão - Mahabarata - príncipe Duryodana

ashram na índia

property of a lady




    

1977 - O Espião Que Me Amava

"O Espião que me Amava" (The Spy Who Loved Me), de 1977, é o décimo filme da franquia, continuando com o ator britânico Roger Moore no papel principal, trazendo de volta a direção de Lewis Gilbert, o mesmo de "Com 007 só se Vive Duas Vezes"



Considerado por muitos como o melhor filme da franquia, é
 baseado no nono livro de Ian Fleming, de 1962, do qual foi aproveitado apenas o título e não o enredo, já que o escritor não ficou satisfeito com o resultado do livro, cogitando inclusive matar o personagem.



Apesar de o mundo estar vivendo um contexto de Guerra Fria e corrida nuclear, a história vai trazer uma parceria entre União Soviética e Inglaterra contra um inimigo em comum: o excêntrico vilão Karl Stromberg, um dos homens mais ricos do mundo e dono de uma empresa de navios petroleiros, a Stromberg Shipping Line.


O filme começa com James Bond concluindo uma missão na Áustria numa espetacular fuga esquiando nos Alpes austríacos, sendo perseguido por agentes russos que estavam buscando o mesmo objetivo: descobrir pistas de quem estava por trás do desaparecimento de seus submarinos nucleares. Bond havia conseguido os documentos que levariam a essas pistas e, durante a fuga, ele acaba matando um importante espíão russo, Sergei Borzov.

O bilionário Karl Stromberg possui um enorme desprezo pela humanidade e pelos seus vícios, mas tem um imenso fascínio pelo oceano, pela ciência e pela vida subaquática. 

Ele nasceu com uma anomalia nas mãos, a Sindactilia, onde o bebê possui os dedos unidos, causando a aparência de nadadeiras (mesma doença do personagem do Pinguim, de Batman). Ele é uma espécie de versão maligna do Capitão Nemo, personagem de Julio Verne no livro "Vinte Mil Léguas Submarinas".

Diferente dos outros vilões que querem dominar o mundo, o objetivo de Stromberg não é esse, e sim destruir a humanidade terrestre e criar uma nova sociedade que habita as profundezas do oceano. Ele vive uma luxuosa e tecnológica plataforma marinha submersa, mas que também pode subir à superfície, a Atlantis.


Para colocar o seu plano em prática ele decide sequestrar o submarino russo Potemkim para atacar Nova York e um submarinos inglês para atingir Moscou, fazendo com que os países pensem que foram alvos de seus rivais da Guerra Fria, dando início assim a uma guerra nuclear que destruiria a humanidade na superfície do planeta. 

Para isso ele contrata os serviços de dois cientistas que desenvolvem uma tecnologia, um Sistema de Rastreamento de Submarinos, através do reconhecimento de assinatura por calor, usando satélites com detector de infra vermelho que poderiam detectar um míssil nuclear pelo calor de sua calda e pelas ondas emitidas.

Cientes de que há um inimigo em comum a KGB e o MI6 decidem trabalhar juntos, unido o agente 007 com a espiã russa Major Anya Amasova, a Agente XXX, vivida pela atriz americana Barbara Bach, que, anos mais tarde na vida real veio a se tornar esposa do beatle Ringo Starr.




Logicamente que essa parceria vai resultar em um tórrido romance entre os dois espiões. Acontece que aquele espião russo, o Sergei Borzov, era um grande amor de Anya, e ela tinha jurado se vingar do assassino de seu amado. Mais tarde ela vem a descobrir que tratava-se de James Bond, seu atual parceiro e amante.

O primeiro país que a dupla viaja para começar as investigações é o Egito, pois um empresário local está vendendo um microfilme com informações sigilosas a respeito do Sistema de Rastreamento de Submarinos na cidade do Cairo.

Ciente dos planos das agências de Inteligência, Stromberg coloca seus capangas para matarem os Bond e Anya, entre eles o marcante e assustador Jaws, um gigante de 2,18m de altura que usava uma dentadura de aço capaz de mastigar qualquer material. O personagem de Jaws fez tanto sucesso que iria voltar no filme seguinte, "007 Contra o Foguete da Morte".


No Cairo, além das belíssimas locações arqueológicas no Cairo e em Luxor, o filme traz uma apresentação da dança Sufi, uma prática mística e filosófica dentro da religião islâmica. Na trilha sonora traz uma homenagem à música tema do filme "Lawrence da Arábia", que também se passa no Egito.


Em seguida o casal vai para a ilha da Sardenha, na Itália, onde ficava a plataforma Atlantis, disfarçados de biólogos interessados na vida marinha. Mas logo são reconhecidos e escapam em um veículo que foi adaptado por Q para se tornar um carro anfíbio, ou seja, que poderia funcionar como um submarino. O veículo era o Lotus Esprit S1, símbolo de modernidade na época, e que depois veio a ser homenageado na animação "Meu Malvado Favorito 2"


Já em segurança novamente, os agentes se unem a oficiais da marinha britânica em um submarino que é então também engolido pelo navio petroleiro Liparus, que estava sequestrando os outros submarinos. 



Algo semelhante, só que no espaço, já havia ocorrido no filme de número 5, "You Only Live Twice", com um foguete do vilão Blofeld está engolindo as cápsulas espaciais americanas.


Aliás, nesse filme nem Blofeld e nem a SPECTRE aparecem como antagonistas, devido a problemas com direitos autorais.

Após serem capturados os agentes protagonizam as cenas que  trazem o ápice do confronto entre os oficiais dos submarinos sequestrados, então libertados por Bond, e o exército de Stromberg, que foge para Atlantis com Anya. Após desviar as rotas dos submarinos no ultimo segundo e evitar a catástrofe nuclear, Bond segue para a Atlantis para salvar Anya em uma moto aquática, a Wetbike, um protótipo do que viria a ser o jet ski futuramente.

Ali se dá o confronto final de Bond com o gigante Jaws para libertar a agente russa, a destruição de Atlantis e de seu criado. Bond e Anya saem sãos e salvos em uma cápsula onde ela desiste da sua vingança pessoal.










007 Contra o Satânico Dr. No

Filme de 1962, do diretor Terence Young, marca a estreia da franquia de enorme sucesso que traz o fictício agente secreto 007, James Bond, para as telas do cinema, aqui interpretado pelo ator escocês Sean Connery, então com 32 anos de idade.




O filme se passa no Caribe, na ilha da Jamaica e a primeira "Bond girl" é vivida pela atriz suíça Ursula Andress, no papel da caçadora de conchas Honey Ryder



Apesar de se tratar de uma ficção, não apenas esse filme mas quase toda a saga James Bond traz a temática da corrida espacial, da guerra fria, rivalidade com a Rússia, além do mundo da espionagem pelas agências de inteligência dos principais países, principalmente a britânica MI-6 (equivalente à CIA americana e KGB russa).

Basesado no livro Dr. No, do escritor britânico Ian Fleming, criador do personagem que iria marcar gerações. 




Trabalhando a serviço da rainha da Inglaterra, sob o código 007, Bond tinha "licença para matar", assim como todos os agentes com prefixo 00.

Nessa história um outro agente do MI-6, John Strangways, baseado na Jamaica, é assassinado juntamente com sua secretária. Ele estava colaborando com a CIA na investigação de interferências por sinais de radio nos lançamentos dos foguetes americanos no Cabo Canaveral.

O vilão, o chinês Dr. No, ex membro da organização mafiosa TONG, trabalha agora para a organização SPECTRE - Special Executive for Counter-Intelligence, Terrorism, Revenge and Extortion, e tem o objetivo de boicotar os lançamentos de foguetes americanos do Projeto Mercúrio e dar inínio à guerra entre EUA  e União Soviética. Ele tem próteses metálicas no lugar das mãos devido ao contato com material radiativo.



É justamente na ilha da organização que a bela Honey Ryder está colhendo conchas valiosas e acaba se envolvendo perigosamente na operação de combate de James Bond.


Outros personagens recorrentes na franquia são: 

- "M": chefe do MI-6

- "Q": Major Boothroyd, mestre de armas (Quartermaster), inventor das sofisticados engenhos tecnológicos usados por Bond em suas missões (não aparecem nesse filme Dr. No)

- Miss Moneypenny: secretária de "M"


Curiosidades:

- Como em todos os filmes da série, temos a presença de cenas em cassinos, geralmente com o jogo "Chemin de Fer" ou Bacará. 

- A arma preferida de James Bond é a italiana Beretta. 

- A patente de James Bond na marinha britânica era a de Comandante.

- O drink "batido, e não mexido" pedido sempre por Bond, é o Vesper, em homenagem à Bond Girl do primeiro livro, Cassino Royale. Leva vodka, gim e vermute branco (Lillet Blanc), além de azeitona verde e casca de limão.

- O Projeto Mercúrio fazia parte do programa de exploração espacial da NASA, criada em 1958, e foi o primeiro projeto a contar com uma tripulação (na verdade apenas um astronauta por vôo)  e tinha o objetivo de realizar vôos na órbita da Terra . Durou de 1958 até 1963 e foi sucedido pelo Projeto Gemini e pelo Projeto Apollo, que levou o homem à Lua.






Sobre o autor Ian Fleming:

Nascido em Londres, em 1908, no seio de uma família rica e influente, até a juventude Fleming enfrentou a pressão de sofrer comparações com o pai, um herói da Primeira Guerra, e com o bem sucedido irmão mais velho, além de ter uma mãe autoritária e dominadora.

Depois de uma experiência como repórter, onde já começou a se envolver com o mundo da espionagem, ele foi convidado para trabalhar no MI6, como assistente do diretor, o General Godfrey. Ali ele acumulou experiências e conhecimentos que ele utilizaria em seus romances anos mais tarde, quando começou a escrever, em 1952, na sua casa Goldeneye, na Jamaica, onde passava 3 meses por ano, durante suas férias para fugir do rigoroso inverno inglês, ao lado de sua esposa Ann. Ele escreveu 12 livros da série 007, sendo "Cassino Royale" o primeiro deles,e morreu em 1964, aos 56 anos de idade, de ataque cardíaco, fruto de uma vida de excessos, mas que foi vivida com o máximo de intensidade.







Treze Dias Que Abalaram o Mundo

Cuba, Outubro de 1962
 
Um avião de reconhecimento americano U-2 sobrevoa a ilha e tira algumas fotos de alta resolução que despertam terríveis suspeitas.
 
Ao serem analisadas pelo Centro de Interpretação Fotográfica Nacional, o NPIC, aquelas fotos revelariam uma operação que havia passado completamente despercebida pelas forças armadas americanas: a instalação de mísseis nucleares russos na ilha de Cuba, a pouco mais de 100 km da Flórida.
 
No dia 15 de outubro o então presidente americano John F. Kennedy é alertado e convoca uma reunião do conselho formado por nove membros, chamado de Comitê Executivo do Conselho de Segurança Nacional, o EXCOMM, para discutirem o que fazer a respeito, mantendo tudo ainda no mais absoluto sigilo, dando início a um período de 13 dias de uma crise sem precedentes na história da humanidade. 
 
Esse episódio  tão importante da nossa história recente, conhecido como a Crise dos Mísseis de Cuba, está magistralmente contado no filme Treze Dias que Abalaram o Mundo (título original: Thirteen Days), lançado em 2000, do diretor australiano Roger Donaldson
 


 
 
O EXCOMM era formado, entre outros, pelo irmão do presidente, o Ministro da Justiça Robert (Bobby) Kennedy, pelo Lyndon Johnson - Vice-presidente, pelo Robert McNamara - Secretário da Defesa, por John McCone - Diretor da CIA e pelo General Maxwell Taylor - Chefe das Forças Armadas.
 
Além dos membros do conselho havia também outros participantes que eram secretários e conselheiros da confiança do presidente, como Assistente Especial e amigo pessoal do presidente, Kenneth O'Donnel, personagem principal do filme vivido pelo ator Kevin Costner.

A Crise dos Mísseis de Cuba foi um evento que levou a humanidade o mais próximo possível de seu extermínio.


Há pouco mais de um ano antes, entre os dias de 17 e 19 de abril de 1961, o presidente Kennedy havia promovido uma fracassada invasão à ilha de Cuba, tomada em 1959  pelo líder guerrilheiro Fidel Castro e seu aliado Ernesto "Che" Guevara, durante a Revolução Socialista Cubana, quando Cuba se aliou à antiga União Soviética. Esse episódio ficou conhecido como Invasão à Baía dos Porcos.

Os russos e os cubanos achavam que os americanos não desistiriam de destituir Fidel e poderiam tentar outra invasão a qualquer momento.

Além disso, os americanos mantinham alguns mísseis na Turquia e na Itália, já obsoletos e fora de operação. Os russos sentiam-se ameaçados por essas armas, principalmente pelas que estavam no vizinho território turco.

Esses dois fatos, a Invasão da Baía dos Porcos e a manutenção dos mísseis americanos na Turquia, foram as razões que o Primeiro Ministro russo Nikita Kruschev precisava para por em prática a OPERAÇÃO ANADYR, com a colocação dos mísseis em Cuba apontados para os Estados Unidos, oferecendo aos americanos o mesmo grau de ameaça e insegurança.