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September Eleven 1683

Viena, Áustria, Julho de 1683.

Milhares de refugiados vindos da Hungria começam a chegar à capital católica, trazendo relatos de que o poderoso exército turco estava avançando para oeste, praticando selvagens atrocidades contra cristãos, entre homens, mulheres e crianças. Eles eram liderados pelo temido grão-vizir, Kara Mustafá.
 
Nessa época os turcos eram vistos como "o terror do mundo", apesar de já estarem bem mais enfraquecidos do que quando tomaram a cidade de Constantinopla, em 1453.
 
Quando eles já estavam a aproximadamente 50 km da cidade, o Imperador Leopoldo I, da família Habsburg,  parte juntamente com a família real para as cidades de Melk e Linz, em busca de proteção. Centenas de refugiados acompanham a escolta do imperador.
 
Esse episódio ficou conhecido como Cerco de Viena e inspirou o filme ítalo-polonês September Eleven 1683, de 2012, do diretor italiano Renzo Martinelli.



O filme é um épico que, apesar de ser uma ficção, representa com bastante fidelidade os fatos históricos sobre o segundo Cerco de Viena. Seu ponto alto certamente é a atuação do ator de Murray Abraham, no papel do frei Marco d'Aviano, de Veneza.
 

O Cerco de Viena

 
O sultão do Império Turco Otomano era então o hedonista e esbanjador Mehmed IV, o Caçador,  que, diferentemente de seu antepassado, o grande Solimão I (ou Suleiman I), que em 1529 comandou pessoalmente o fracassado primeiro cerco à cidade de Viena, esse novo sultão delegou essa missão a seu grão-vizir e amigo íntimo, Kara Mustafá, um experiente militar de caráter questionável.
 


Sultão Mehmed IV


Grão-vizir Kara Mustafá
 
Os turcos queriam se aproveitar do momento pelo qual passava a Europa, enfraquecida pela Guerra dos Trinta Anos, para tomar "a maçã dourada", que era com eles chamavam a capital austríaca. O objetivo era chegar a Roma e transformar todas as igrejas em mesquitas.
 
A cidade estava bem desguarnecida mas os turcos não sabiam disso e preferiram não arriscar um avanço imediato. Depois de passar dois dias reconhecendo o território, fizeram então a investida no dia 14 de julho.
 
Como vários palácios estavam sendo incendiados, e para não deixar a cidade em ruínas, Kara Mustafá decidiu construir um esplendoroso acampamento nos arredores, onde permaneceu por sessenta dias.

O livro "Declínio e Queda do Império Otomano", de Alan Palmer (de onde foi tirada a maioria das informações aqui apresenadas) diz que existem rumores de que ele teria levado 1500 concubinas.



Até os dias de hoje existem ruínas desse acampamento e o local foi transformado em um parque chamado Turkenschanz Park.

 
 
 
 
Kara Mustafá nutria profundo ódio pelos cristãos. Suas tropas massacraram milhares, deixando suas cabeças expostas para desmoralizar as tropas austríacas.

O imperador Leopoldo I procurou ajuda e a encontrou com o Papa, com jovens nobres da Itália e da Alemanha, com príncipes da Baviera e da Saxônia. Mas uma substancial ajuda veio da Polônia, do Rei Jan III Sobieski, que tinha contas a acertar com Kara Mustafa.

 
Imperador Leopoldo I, da Áustria

 
Rei Jan III Sobieski, da Polônia

Sobieski reuniu e liderou um poderoso exército de 80 mil homens, com a ajuda germânica de Karl, duque de Lorena. A estratégia militar foi a de atacar inesperadamente a partir das montanhas de Kahlenberg, no dia 11 de setembro de 1683, o que acabou dando certo.
 
Os turcos, percebendo o poder do inimigo e que já não tinham mais chances, bateram em retirada derrotados em direção à Hungria, que então pertencia ao Império Turco Otomano.


 
Kara Mustafá, temendo a ira do Sultão, que como de costume certamente iria condenar à morte o responsável por essa humilhação, tentou em vão esconder a derrota por um tempo, executando e subornando os participantes das batalhas e mantendo-se da cidade de Edirne, na Turquia, onde vivia o sultão.
 
Mas logo foi capturado e enforcado em Belgrado, ironicamente na noite de 25 de dezembro de 1683, quando os cristãos celebravam a noite de natal.