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O Príncipe Encantado

Filme de 1957, do diretor britânico Laurence Olivier, numa inusitada parceria com a atriz Marilyn Monroe, está ambientado na Inglaterra de 1911, durante a coroação do rei George V. 

Foi escolhido para ilustrar o texto abaixo, sobre a moda e o cinema dos anos 50, redigido por Vitor Grané Diniz, da página "Noites de Cinema" (Facebook e Instagram).





Os anos 50, assim como as décadas anteriores, tinha um específico padrão de beleza social dominante, por exemplo, anos 10: Charles Dana Gibson cria um esteriótipo de beleza denominado “Gibson girl”, a mulher elegante, educada, bem vestida, alta, magra, cabelos ondulados. Já o padrão de beleza masculino seria o do atleta, o artista de circo, os construtores civis, quase sempre com seus desenhados e bem cuidados bigodes; anos 20: as mulheres adotaram o estilo melindrosa, corpo magro, cabelos curtos, sobrancelhas finas, olhos delineados e lábios em formato de coração. Quanto aos homens, foi substituído o padrão de força bruta da década anterior pelos rostos lisos e cabelos bem penteados, no estilo músico de jazz. Apelidado de “amante latino”, o italiano Rodolfo Valentino é considerado o primeiro sex symbol do cinema; anos 30: a primeira década em que atrizes de cinema passaram a efetivamente servir de inspiração e referência no quesito de moda e beleza, maçãs do rosto mais salientes, cílios longos, sobrancelhas arqueadas e curvas suaves no corpo. O padrão masculino também sofre influência do cinema, Clark Gable passa a ser referência de beleza e estilo com seu bigode ralo e cabelo bem penteado, e para complementar a imagem, o charuto e o uísque complementavam a postura; anos 40: em plena Segunda Guerra, a mulher adota um padrão que combinava refinamento e força, logo, mulheres com ombros largos se tornaram um diferencial. O visual masculino também foi influenciado, os cabelos ultra penteados deixaram de ser moda, e em seu lugar foi adotado um corte militar. Enfim, chegamos aos anos 50: a mulher ideal deveria ter seios arrebitados, ombros estreitos, pernas longas, aparência ingênua, porém provocativa, cabelos cacheados e pele clara, e se fosse loira, melhor ainda. Já os homens adotaram uma postura mais viril, lábios carnudos, força física, queixos marcados e cicatrizes eram um charme a parte. Com base nessa análise, é possível afirmar que Marlon Brando e Marilyn Monroe foram, certamente, os dois maiores ícones sexuais de sua época.

Marilyn Monroe foi a prova viva de que assim como a beleza ajuda a trazer fama, popularidade, dinheiro e status, ela também pode atrapalhar e muito. Inúmeros artistas talentosos acabaram não tendo o devido reconhecimento justamente por terem sido ofuscados por seus atributos físicos.

Em sua época Marilyn Monroe não foi devidamente reconhecida como uma grande atriz, sua fama se baseava em sua imagem, seu carisma e no que ela representava em praticamente todos os seus filmes, o papel de “loura burra”. Em determinado momento da carreira essa pecha chegou a incomodá-la tanto que ela decidiu estudar interpretação no Actors studio, onde seria uma das mais novas pupilas de Lee Strasberg.

O objetivo de Monroe era ser reconhecida pelo seu talento como intérprete e não apenas como sex symbol. Ela foi buscar ajuda justamente na escola onde Marlon Brando havia se formado e cujo “método” ajudara a popularizar, ela queria ser igual a ele não apenas no tocante ao sex symbol, mas também no tocante ao talento. No entanto, é fato que as atrizes levaram muito mais tempo para terem seus nomes e imagens ligadas ao “método” do que atores como Brando, Dean, Clift e Newman. Isso se explica porque a maior parte das atrizes ainda seguiam a tradição do glamour e do estrelato em Hollywood, destaquemos o exemplo de Ava Gardner, Susan Hayward, Elizabeth Taylor, Grace Kelly, Audrey Hepburn, e de certa maneira, a própria Marilyn Monroe.

E nessa nova fase da carreira, Monroe foi trabalhar justamente com Laurence Olivier, o ator mais tradicional e conservador que se podia imaginar. Eles fizeram par romântico na comédia O príncipe encantado (1957), e para piorar, Olivier era também o diretor da obra. Marilyn fez questão de ir aos sets sempre acompanhada de Paula Strasberg, esposa de Lee e professora de atuação; a loura sempre buscava alguns minutos extras para se concentrar e entrar na personagem, e não dava um único passo sem o aval de Paula. Olivier, como não queria constranger sua estrela principal, tratava de ter extrema paciência.


Texto de Vitor Grané Diniz, da página "Noites de Cinema" (Facebook e Instagram)

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