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De Mayerling a Sarajevo

Dando início ao ciclo de postagens sobre a primeira e a segunda guerras mundiais, vamos falar um pouco sobre as origens.

Como se iniciou a Primeira Guerra Mundial? Quais foram as causas e o ponto de partida? Na verdade, foram vários os motivos, como as disputas por colônias, a formação de alianças, etc,  mas houve uma fagulha... 
 
E é desse estopim que se trata o filme “De Mayerling a Sarajevo”, do diretor francês, de origem alemã, Max Ophüls
 
A obra, de 1940 , retrata o romance entre o Arquiduque Franz Ferdinand, da poderosa família Habsburgo, herdeiro do Império Austro-Húngaro e sobrinho do então Imperador Francisco José I, com aquela que seria sua esposa num casamento morganático, a Condessa Sophie Chotek, da Tchecoslováquia, desde o momento em que se conheceram até o assassinato de ambos, por Gavrilo Princip, em Saraievo, Bósnia, no dia do 14o aniversário de casamento.
 
Esse evento deflagraria então a primeira grande guerra, pondo um fim à "paz armada" que perdurava até então.


Antes desse episódio, a região dos Bálcãs havia sido dominada durante anos pelo Império Turco Otomano, até que o poder fosse tomado pela Sérvia (capital Belgrado), a qual foi em seguida dominada pela Áustria-Hungria (capital Viena).
 
Franz Ferdinand e Sophie Chotek

 

Imperador Francisco José I

E essa opressora dominação austro-húngara causou muita revolta e descontentamento sobre as nações subjugadas, como a Sérvia, Bósnia e Albânia.
 
Dessa insatisfação com a Áustria-Hungria surgiu na Sérvia a sociedade secreta militar Mãos Negras, uma organização terrorista, anarquista radical, que tinha o objetivo de derrubar o governo e estabelecer a Iugoslávia.
 
O jovem atirador Gavrilo Princip, nascido na Bósnia, onde perdera tudo que tinha devido às guerras, fazia parte dessa organização.

Gavrilo Princip

A Europa daquela época estava dividida em dois blocos:

- Tríplice Aliança: Alemanha / Itália / Áustria-Hungria (com o apoio dos Turcos Otomanos)

- Tríplice Entente: Rússia  / França / Reino Unido

Uma guerra entre quaisquer desses países envolveria todos os outros.

Indignado com a morte do sobrinho, o Imperador Francisco José I decidiu declarar guerra à Sérvia, mas sabia que essa poderia ter o apoio da Rússia, um inimigo que ele não poderia combater sozinho.

O Imperador então pediu o apoio do Kaiser Guilherme II, da Alemanha, também pertencente à  família Habsburgo. Esse ficou ao seu lado sem dar muita importância aos fatos e sem medir as consequências, concluindo que aquele seria mais um conflito dos Balcãs e que logo as desavenças entre a Áustria-Hungria e a Sérvia estariam resolvidas.

Mas não foi o que aconteceu. A Rússia realmente ficou do lado da Sérvia, assim com o a França, e ambas começaram a se mobilizar para a guerra. A Alemanha então, vendo que essa seria inevitável, preferiu antecipar os fatos e, em agosto de 1914, declarou guerra aos dois países.

A Inglaterra, até então neutra e sem nenhum motivo direto para entrar na guerra, pois não tinha nenhuma simpatia pela Sérvia, viu que não poderia ficar de fora por muito mais tempo. Ela possuia muitas colônias na África e na Ásia, além de rotas comerciais, e precisava do apoio russo para garantir a estabilidade do seu vasto império. Além disso, ela não poderia permitir que a Alemanha obtivesse o controle dos mares. Dessa forma, ela entrou na guerra ao lado da Rússia e da França.

Assim iniciou-se a Primeira Guerra Mundial.