Os Três Mosqueteiros

França, 1625.
 
O jovem D'Artagnan deixa sua terra natal e segue viagem para Paris, com o objetivo de se juntar a Companhia dos Mosqueteiros do Rei, que na época era Luís XIII. Ele já havia recebido um intenso treinamento de seu pai, ex-mosqueteiro.
 
No caminho, envolve-se em um briga com agentes secretos do então primeiro-ministro da França, o Cardeal Richelieu, e é humilhado por eles. Entre esses agentes está a inescrupulosa Milady de Winter.

Ao chegar em Paris, em meio a muitas confusões, ele acaba desafiando três homens para um duelo: Athos, Porthos e Aramis. Ele não sabia que esses eram justamente os três mosqueteiros a quem D'Artagnan tinha a intenção de se juntar.
 
Porém os duelos estavam proíbidos naquele período, e os guardas do cardeal Richelieu tentam prender os quatro, os mosqueteiros e o jovem rapaz, mas eles lutam lado a lado e vencem  bravamente um número bem maior de guardas. Isso acaba por aproximar o grupo.
 
Todas as aventuras que viriam a partir desse encontro, misturando ficção e fantasia com fatos e personagens reais, estão contadas no filme Os Três Mosqueteiros, do diretor inglês Paul W. S. Anderson, de 2011, baseado na obra homônima do escritor francês Alexandre Dumas.



Essa história já foi retratada no cinema diversas vezes. Escolhi particularmente essa versão, não porque a achasse a melhor, mas somente porque é a mais recente, conta com atores bem conhecidos como a atriz Mila Jovovich no papel de Milady.

No filme, Richelieu tenta enfraquecer ainda mais a figura do rei, e volta-se contra sua esposa, a rainha Ana, criando uma suposta história de traição dela com o Duque de Buckingham, da corte do rei Carlos I, da Inglaterra.

Ele forja, junto com Milady, o desaparecimento de um colar de diamantes de Ana, que foi um presente de Luís, fazendo parecer que ela havia dado tal colar de presente ao duque inglês. Uma camareira da rainha, por quem D'Artagnan havia se apaixonado, descobre o plano e pede que ele e os mosqueteiros resgatem o colar a tempo de um baile que iria acontecer, o que acaba acontecendo.
  
Achei até que essa versão exagerou nos recursos, enfim, é um bom entretenimento, mas não esperemos mais do que isso (dessa versão, não da história). O que importa aqui é o contexto histórico. Vamos a ele.
 
Como já disse, quem estava no poder era o jovem rei Luis XIII, filho do Rei Henrique IV e sua segunda esposa, Maria de Médici. A história de seu pai jáfoi postada aqui no blog nos filmes A Rainha Margot e Henrique IV - O Grande Rei da França. Sua mãe aparece somente no segundo filme.
 
Luís XIII nasceu em 1601, quando seu pai era o rei da França, o primeiro da casa dos Bourbon. Em 1610, com o assassinato do rei, Luís assumiu o trono aos 9 anos de idade, sob a regência de sua mãe, Maria de Médici, a qual deveria durar até que o rei atingisse sua maioridade, em 1614.

Luís XIII


Só que quando sua maioridade chegou Maria ainda não o achava preparado para governar, e continuou no poder ao lado de seus aliados, o que causou muita insatisfação em Luís.
 
Em 1615 Maria casa seu filho com a infanta da Espanha, Ana da Áustria.
 
Em 1617, através de um golpe de estado, Luís assume o trono e envia sua mãe para o exílio, colocando seu aliado, o duque de Luynes, à frente das questões do estado. Esse faz uma gestão desastrosa.
 
Em 1619 Maria foge do exílio e reúne um exército para lutar contra seu próprio filho, mas este faz as pazes com a mãe e lhe cede algumas terras.
 
Em 1620 Maria novamente se revolta contra o filho mas seu éxercito é derrotado.

Em 1621, quando o morre o duque de  Luynes, aliado de Luís, Maria volta a ter influência e em 1624 consegue que o cardeal Richelieu seja admitido no Conselho.

Cardeal Richelieu
 
 
Porém, Richelieu se voltou contra Maria e aliou-se aparentemente a Luís, de quem ficou ao lado até o fim de sua vida. O rei, jovem e inexperiente, não teve outra saída a não ser se apoiar na gestão do cardeal.
 
Após a morte de Luís XIII, em 1643, quem assume o trono é seu filho Luís XIV, o Rei Sol. Já falamos dele nos filmes sobre a Revolução Francesa, e falaremos a seguir, no filme americano O Homem da Máscara de Ferro, que é uma continuação de Os Três Mosqueteiros, e também no filme francês O Absolutismo - A Ascenção de Luís XIV, bem mais sério.
 


Henrique VI - O Grande Rei da França

Reino de Navarra, 1561.

O menino Henrique de Bourbon havia sido criado por uma família de pastores no interior, a pedido de sua mãe. Ele era filho de Joana III, rainha de Navarra, recém convertida ao calvinismo, religião protestante.

Aos 8 anos de idade ele foi estudar em Paris, onde conviveu com a família real, dos Valois, que era católica. Naquela época o rei era o também menino Carlos IX de Valois, mas quem governava como regente era a sua mãe, a poderosa Catarina de Médici.

As guerras religiosas entre católicos e huguenotes (nome dado aos protestantes calvinistas franceses) estavam devastando a França.

A biografia de Henrique de Navarra, que viria a se tornar no rei da França, está contada no filme Henrique IV - O Grande Rei da França, do diretor alemão Jo Baier, de 2010.



 
O Reino de Navarra ficava localizado entre os reinos da França, Castela e Aragão, próximo aos montes Pirineus, no istmo da Península Ibérica. 



Com a justificativa de tentar selar a paz entre católicos e huguenotes, Catarina de Médici arranjou o casamento entre Henrique de Navarra e sua filha Margarida de Valois, mais conhecida como Margot.

Mas não foi bem a paz que centenas de huguenotes que foram para o casamento encontraram após a festa, e sim um massacre sangrento promovido pelo líder dos papistas, o Duque de Guise, e por Catarina, contra os protestantes. A história desse casamento e dos fatos o que sucederam, como o Massacre da Noite de São Bartolomeu, estão contados no filme A Rainha Margot, já postado aqui no blog.

Como já falamos na postagem do filme A Rainha Margot, o profeta Nostradamus, que conviveu com os Valois, chegou a prever que Henrique se tornaria rei. E foi o que o aconteceu.

Depois da morte de Carlos IX, seu irmão, o Duque d'Anjou, tornou-se o rei Henrique III. Ele chegou a fazer uma proposta de noivado à então rainha da Inglaterra, Elizabeth I, mas essa recusou o pedido.

Como ele não deixou herdeiros, após sua morte, em 1586, Henrique de Navarra assumiu o reino da França, tornando-se Henrique IV, instaurando assim o reinado da dinastia dos Bourbon.

Henrique então divorcia-se de Margot, e casa-se por procuração com a italiana Maria de Médici, gerando com ela o delfim (herdeiro do trono) que viria a se tornar o rei Luís XIII, que aparece no filme Os Três Mosqueteiros, história baseada no livro de mesmo nome do escritor francês Alexandre Dumas.
 
Henrique IV foi um rei bondoso e justo. Teve muitas amantes e muitos filhos com elas, reconhecendo-os todos e criando-os como seus filhos legítimos. Para assumir o reino da França ele teve que se converter pela segunda vez ao catolismo, mas manteve em seu coração a religião protestante.

Sobreviveu a 17 atentados contra sua vida, mas em 1610 ele foi assassinado por um religioso fanático e com tendências esquisofrênicas. Há suspeitas de uma conpiração que teria contado com a participação inclusive de sua esposa Maria de Médici, como sugerido no filme.




 
 
 
 





Elizabeth - A Era de Ouro

Inglaterra, 1585.
 
A Rainha Elizabeth I, então com 52 anos de idade, e já com 27 anos de reinado, transformara o país em uma rica potência, e a Inglaterra era a única nação que resistia à guerra religiosa travada pelo Rei Felipel II da Espanha.
 
O império espanhol era o maior do mundo na época.
 
A história dessa fase do reinado de Elizabeth e do embate entre Inglaterra e Espanha está contada no magnifico filme Elizabeth - A Era de Ouro, de 2007, do diretor indiano Shekhar Kapur.

 


Esse é a continuação do primeiro filme sobre a rainha, do mesmo diretor, chamado Elizabeth, já postado aqui no blog.









Além de Cate Blanchett e Geoffrey Rush, que participaram do primeiro filme, estão no elenco também o ótimo ator Clive Owen e a fantástica atriz britânica Samantha Morton, essa fazendo o papel de Maria Stuart, prima e rival de Elizabeth.

Maria Stuart
 
Podemos falar um pouco sobre essa forte e  fascinante figura, Maria Stuart, Rainha da Escócia desde os nove meses de idade. Ela foi criada na França e a Escócia era governada por regentes com sua mãe, Maria de Guise (que aparece no filme Elizabeth).

Maria Stuart
 
Samantha Morton como Mary Stuart no filme Elizabeth - A Era de Ouro
 
 
Maria de Guise
 
  
Nascida na Escócia em 1542, casou-se aos 16 anos de idade com o Francisco, Delfim da França (herdeiro do trono), da dinastia dos Valois. Ele era irmão de Margarida de Valois, apresentada no filme A Rainha Margot. No anos seguinte seu marido se tornou o rei da França, Francisco II, mas por poucos meses, até sua morte em 1560. Durante esse período Maria Stuart foi a rainha consorte da França.

Após a morte do marido ela retornou para a Escócia, assumiu o governo de seu país e casou-se novamente, gerando um filho. Seu segundo marido foi assassinado e ela casou-se pela terceira vez, mas foi exilada da Escócia pelo marido e procurou abrigo na Inglaterra, junto à prima Elizabeth. Maria Stuart era sobrinha-neta de Henrique VIII.

Só que no passado Maria já havia reclamado o trono da Inglaterra para ela, e, por ser católica, muitos católicos ingleses a reconheciam como a verdadeira rainha, e não a protestante Elizabeth. Por causa disso, Maria Stuart se tornara uma ameaça costante à prima, que a deixou confinada às imediações de palácios nos interior da Inglaterra, com liberdade bastante restrita.

Porém Maria conseguia se comunicar com os "papistas" (nome pejorativo dado as católicos) e tramou uma conspiração para assassinar Elizabeth. A conspiração foi descoberta e todos os envolvidos foram executados, inclusive Maria, que foi julgada e condenada, tendo sua cabeça cortada em 1587, aos 44 anos de idade.

A Armada Espanhola

Outro enorme desafio vivido por Elizabeth foi a constante perseguição de Felipe II, rei da Espanha. Ele havia sido casado com a irmã de Elizabeth, a católica Maria I. Após a morte da esposa, por questões políticas Felipe chegou a pedir Elizabeth em casamento, mas foi rejeitado, assim como todos os outros pretendentes da rainha.

Felipe II da Espanha

Felipe havia conseguido superar Gengis Khan na extensão de seu império direto (as Filipinas receberam esse nome em homenagem a ele). Era um católico fanático, e achava que tinha a obrigação de varrer do mapa a protestante Elizabeth, e tudo o que ela representava.

Ele então construiu uma frota de 130 navios bem armados, conhecidos como a Armada Invencível, para atacar a Inglaterra. Porém os ventos foram favoráveis aos ingleses e as fortes tempestades dizimaram parte da frota, dando a vitória à Elizabeth.

Felipe II era filho de Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, responsável  pela Dieta de Worms (ou Édito de Worms) em que Martinho Lutero foi declarado um herege. Já falamos desse episódio na postagem do filme Lutero.
 



A Rainha Margot

Paris, França, 1572.
 
A cidade está mais movimentada que de costume pela chegada de centenas de forasteiros, na maioria protestantes, vindos para o casamento da católica Margarida de Valois, irmã do então rei Carlos IX de Valois, com o protestante Henrique de Navarra.
 
Margarida de Valois, ou Margot, como era conhecida, era irmã também do Duque d'Anjou e do Duque d'Alençon. Eles eram filhos da poderosa matriarca Catarina de Médici.

O casamento de Margot com Henrique, arranjado por pela mãe de Margot,  tinha o objetivo de selar a paz entre os seguidores das duas religiões, que há muito vinham se enfrentando em violentos conflitos.
 
De um lado os católicos liderados pelo Duque de Guise, e de outro, os protestantes, tendo o Almirante Coligny como representante.
 
Porém, o que os protestantes não esperavam era o sangrento massacre que ocorreria logo após o casamento, na noite de São Bartolomeu.
 
A história dessa tumultuada união está contada no filme francês A Rainha Margot (título original: La Reine Margot), do diretor também francês Patrice Chéreau, de 1994, baseado no romance homônimo do escritor Alexandre Dumas, tendo a belíssima atriz francesa, IsabelleAdjani no papel principal.
 
 
 
 
 A dinastia dos Valois, família de Margot, era católica e estava no poder desde 1328. Por volta de 1536 iniciou na França o movimento protestante calvinista, cujos membros eram chamados de "huguenotes". Os protestantes chamavam os católicos pejorativamente de "papistas".

As guerras religiosas travadas entre esses dois grupos, papistas e huguenotes (ou católicos e protestantes), devastaram a França no século XVI.

No ano de 1572 o rei da França era Carlos IX, irmão de Margot. Ele era totalmente dominado e influenciado pela mãe, a manipulardora rainha regente Catarina de Médice. Numa tentativa de obter um arcordo de paz, Catarina de Médice arranja o casamento entre a filha e  Henrique de Navarra, da casa dos Bourbon. Seria um casamento meramente político, sem que os noivos precisassem ter qualquer tipo de contato íntimo.

Margot de Valois


Porém, aproveitando que a cidade de Paris estava repleta de huguenotes, os papistas liderados pelo Duque de Guise e por Catarina de Médici, convenceram o rei Carlos IX de que os estes estavam conspirando um ataque aos católicos, fazendo com que o rei autorizasse um massacre contra os rivais.

Carlos IX, já estava começando a simpatizar com a causa protestante e tinha o Almirante Coligny, líder dos huguenotes, quase como um pai. Mas ele era mentalmente instável e não foi difícil convencê-lo a se virar contra os protestantes, e o rei então autorizou o massacre.

Dessa forma, logo após o casamento de Margot de Valois com Henrique de Navarra, centenas de huguenotes que tinham ido ao casamento foram pegos de surpresa  e brutalmente assassinados em Paris, inclusive dentro do palácio do Louvre, onde morava a família real, em uma verdadeira carnificina.

Para salvar sua vida, Henrique de Navarra foi obrigado a se converter ao catolicismo, convencido por sua esposa, que a essa altura, depois de ver a brutalidade cometida por sua família, já começava a compreender a causa de seu marido.

Até o casamento Margot era uma moça frívola, tinha muitos amantes (entre eles o Duque de Guise) e estava acostumada a ser maltratada e abusada por seus irmãos. Mesmo assim ela amava sua família. Porém, durante a festa de seu casamento ela se apaixonou por um huguenote, Joseph de La Môle, de quem tornou-se amante, e aliou-se definitvamente a seu marido, Henrique de Navarra, pela causa protestante.

O filme conta a história até a morte do rei Carlos IX e a fuga de Henrique de Navarra para sua terra natal. Quem assumiu o trono foi o irmão do rei, o Duque d'Anjou, que passou a ser o rei Henrique III.

 Há ainda um outro filme, chamado Henrique IV, que conta toda a saga de Henrique de Navarra, desde sua infância até a sua morte, passando por seus dois casamentos, com Margot, de que se divorciou posteriormente, e com Maria de Médici, com que teve o filho Luís XIII (esse mostrado no filme Os Três Mosqueteiros) e pelo seu reinado na França.


Sucessão de Reis da França no séc. XVI
 
 
Uma fígura lendária muito conhecida que conviveu com a família Valois no Séc. XVI foi o profeta Nostradamus. Ele chegou a profetizar que Henrique de Navarra se tornaria o rei da França, mas esses fatos não estão mostrados no filme.
 
Nostradamus






 

Elizabeth

Inglaterra, 1554.

Maria I, filha de Henrique VIII com a primeira esposa, Catarina de Aragão, torna-se a soberana.

Ela é uma católica fervorosa e está casada com Felipe II da Espanha, mas não possui filhos. O país está divido entre católicos e protestantes. Esses últimos são perseguidos e queimados como hereges. Muitos estão exilados.

Elizabeth, filha do rei com a segunda esposa, Ana Bolena, vivia no campo, em Hatfield. Ela era protestante e a próxima na linha de sucessão. Coma morte da irmã, ela assume o trono em 1558.

A história dos momentos que antecederam seu reinado e também dos primeiros anos deste, está contada no filme britânico  Elizabeth, de 1998, do diretor indiano Shekhar Kapur (mesmo diretor do belíssimo filme The Four Feathers, já publicado aqui no blog).

 
O elenco do filme é de primeira. A atriz que interpreta a rainha Elizabeth é a espetacular australiana Cate Blanchett. O filme conta ainda com os também ótimos atores Joseph Fiennes (mesmo que interpretou Lutero, no filme homônimo), Daniel Craig, Vincent Cassel, entre tantos outros.
 
Já falamos aqui da vida dos pais de Elizabeth na postagem do filme A Outra.
 
Após a morte da meia irmã, Maria I, Elizabeth foi coroada aos 25 anos de idade. Ela herdou um reino falido, com os cofres vazios, uma marinha esgotada e um exército sem munição, além de sérios conflitos religiosos, já que durante o reinado de Maria, a Inglaterra havia voltado a se submeter ao Vaticano.
 
Havia uma forte pressão do Conselho para que Elizabeth escolhesse logo um marido e gerasse um herdeiro. Essa era uma questão estratégica de estado e não uma escolha romântica. Havia pretendentes da França e da Espanha.
 
Ainda existia a ameça constante de Maria Stuart, rainha da Escócia, que reivindicava o trono da Inglaterra. Maria era casada com o menino Francisco II, seu primo e Delfim da França (irmão de Margarida de Valois - futura Rainha Margot, de quem falaremos em breve). A mãe de Maria Stuart, Maria de Guise, era a regente quando Elizabeth assumiu o trono.
 
Maria de Guise, tinha planos para atacar a Inglaterra com a ajuda dos franceses. Elizabeth, pressionada pelo conselho mas contra a sua vontade, sai na frente e ataca a Escócia com um frágil exército, sofrendo uma humilhante derrota. Não foram enviados reforços "de peso" para seu exército porque os bispos ingleses, oponentes de Elizabeth e ainda muito influentes, não haviam permitido.
 
Maria de Guise firma então um compromisso de não atacar mais a Inglaterra com a condição de que Elizabeth aceitasse a proposta de casamento de seu sobrinho, o Duque d'Anjou (também irmão de Margarida de Valois). Elizabeth, a contra-gosto,  aceita conhece-lo pessoalmente.
 
Em 1559 Elizabeth propõe aos bispos católicos, para votação, um Ato de Uniformidade, onde o  país adotaria apenas uma religião. Ela sabia que alguns deles, mais radicais, jamais votariam a seu favor. Seu segurança e fiel escudeiro então prendeu esses bispos durante a votação, e ela conseguiu ter sua proposta aprovada por exatos 5 votos. O Papa da épora era Pio IV.
 
Elizabeth recebe então o irreverente francês Duque d'Anjou. Mas seu coração pertencia a outro homem, por quem não poderia alimentar esperanças, já que ele já era casado. Inclinada a aceitar a proposta de casamento do duque francês, teve que voltar atrás e decidiu recusá-lo por causa de seu comportamento nada convencional.
 
A essa altura, sob uma forte pressão de todos os lados pela escolha de um marido e pelos constantes atentados contra a sua vida, ela se viu obrigada a agir com "mãos de ferro", e, novamente com a ajuda de seu protetor, consegue livrar seu país de todos os seus inimigos.
 
Elizabeth I
 
 
Reestabelecida a paz em seu reino, decidida a jamais se casar e não se submeter a nenhum homem, Elizabeth tem uma espécie de transcendência divina, e passa a ser conhecida como a Rainha Virgem.
 
A partir daí ela dá início à fase áurea de seu reinado, que durou mais 40 anos.


Martinho Lutero

Dando continuidade ao tema das Reformas Religiosas ou Reformas Protestantes, iniciado na postagem do filme Lutero, podemos mencionar uma outra obra que conta muito bem essa história, e é até mais rica em detalhes históricos, que é o filme Martinho Lutero, de 1953, do diretor americano Irving Pichel.

 
 
A Contra-Reforma da Igreja Católica
 
Como resposta às Reformas Religiosas a Igreja Católica promoveu o movimento da Contra-Reforma, através do Concílio de Trento, que foi uma reunião de autoridades eclesiásticas realizado entre 1545 e  1563, para discutir os principais temas da igreja.
 
 
Como resultado desse debate que foi bastante tumultuado foi decidido o seguinte:
  • A Igreja Católica manteria todos os seus dogmas e rituais.
  • Criação dos Seminários.
  • Criação Index Librorum Prohibitorum ou apenas Index, que era uma lista de livros proibidos, instaurando assim a censura eclesiástica.
  •  
  • Foi reativado o Tribunal Eclesiástico com a Santa Inquisição e profunda intolerância religiosa para conter a expansão das outras religiões.
  •  
  • Criação das ordens religiosas para difundir a fé cristã para fora da Europa (Américas). Nesse período foi criada a Companhia de Jesus.
 
 
 
 

A Outra

Inglaterra, 1525.

O rei Henrique VIII, da dinastia Tudor, aos 34 anos de idade e 16 anos de reinado, está casado com Catarina de Aragão, 6 anos mais velha que ele, e já impossibilitada de gerar o filho que ele e todo o reino tanto desejam.
 
Frustrado com a falta do herdeiro, Henrique conhece as irmãs Maria e Ana Bolena, sendo Ana apresentada a ele já com o interesse prévio de sua família de obter uma proximidade bastante conveniente e proveitosa com o monarca.
 
Os acontecimentos que viriam após esse encontro mudariam radicalmente a história da Inglaterra, e estão contados no excelente filme A Outra (título original: The Other Boleyn Girl), de 2008, do diretor inglês Justin Chadwick.
 
 
O elenco também merece destaque: 
 
- Natalie Portman no papel de Ana Bolena
- Scarlett Johansson interpreta Maria Bolena
Eric Bana no papel do rei Henrique VIII
 
O rei Henrique VIII e a esposa, a rainha Catarina de Aragão tinham perdido mais um filho recém nascido, e a rainha não poderia mais gerar filhos. Eles já tinham uma filha, Maria.
 
Rei Henrique VIII
 
Rainha Catarina de Aragão
 
 
 As pessoas próximas ao rei sabiam que ele em breve procuraria uma outra mulher, e, apesar dessa mulher não poder passar de uma amante, já que o casamento real não poderia ser desfeito, ela e sua família desfrutariam de muitas regalias e teriam muitas influências e vantagens na corte.
 
O rei parte para uma caçada no campo e hospeda-se na casa da aristocrata família Bolena, que já tinha o interesse de apresentá-lo a sua filha solteira, Ana Bolena. Porém, o comportamento de Ana não agradou ao rei, que ficou mais entusiasmado com sua irmã, Maria Bolena, que já estava casada.
 
Maria resistiu mas não teve como ir contra aos interesses de sua família e inclusive de seu próprio marido, e passou a ser a amante oficial do rei, dando-lhe um filho homem, mas que não era reconhecido oficialmente.
 
Ana, como punição pelo comportamento que havia desagradado ao rei, fora mandada para a França, em 1514, para ser dama de companhia da rainha Cláudia de Valois, de onde voltou oito anos depois completamente mudada, ainda mais bonita, inteligente e sofisticada. Essa nova Ana Bolena agradou muito ao rei, já cansado de Maria Bolena.
 
Ana Bolena
 
Ele se apaixonou por ela e passou a cortejá-la, mas Ana soube se valorizar, pois não queria ser mais uma amante, mas sim a rainha. Só que, de acordo com a religião, o rei não poderia desfazer seu casamento com Catarina de Aragão, mas estava completamente enlouquecido por Ana, que o convenceu a romper com a Igreja Católica e fundar uma nova Igreja, seguindo o movimento protestante que já havia começado com Lutero na Alemanha.
 
Assim, em 1534, o rei Henrique VIII assinou o Ato de Supremacia, rompendo de vez com a Igreja Católica e com Roma, cujo líder era o Papa Clemente VII, e confiscando as terras da igreja na Inglaterra. Ele casou-se com Ana Bolena, que passou a ser a rainha, e fundou então a Igreja Anglicana, desagradando a opinião de seus súditos.
 
Só que Ana também não conseguia dar um herdeiro para o trono inglês, e após tantos problemas em torno desse casamento, o rei já havia perdido o interesse por ela. Ela já tinha dado a luz a uma menina, Isabel (também conhecida como Elizabeth).
 
Ana então comete seu maior erro. Ela estava grávida e tinha grandes esperanças de que fosse um menino, e assim ela pudesse recuperar o amor de Henrique, já perdido há muito tempo. Só que ela perde o bebê, e, sabendo que o rei dificilmente a daria uma nova chance, não conta o fato ao rei e pede para que seu irmão, Jorge Bolena, a ajude a engravidar novamente. Ele recusa tal aberração, mas cede com pena da irmã.  
 
A história do incesto é logo descoberta. Ana e Jorge, apesar de não terem consumado a traição, foram condenados à morte e executados em 1536. Ana tinha então 35 anos de idade.
 
Henrique VIII, então com 45 anos, viveu e governou por mais 10 anos. Teve outras esposas e outros filhos, inclusive um menino, Eduardo VI, que o sucedeu no trono inglês ao 9 anos de idade, mas que faleceu logo, aos 16 anos.

Em seguida Maria I, sua filha com Catarina de Aragão, assumiu o trono. Ela governou por mais 5 anos, até sua morte em 1558.
 
Assume então Elizabeth I (ou Isabel I), filha de Henrique VIII com Ana Bolena, a primeira rainha prostestante, que governaria a Inglaterra por 45 anos. Falaremos dela na postagem do filme Elizabeth.
 
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A dinastia dos Tudors iniciou com Henrique VII, pai de Henrique VIII, marcando o fim da Guerra das Rosas, ocorrida entre 1455 e 1485.
 
Essa guerra era uma disputa pelo trono da Inglaterra travada entre as famílias York, cujo símbolo era a rosa branca, e Lancaster, que tinha a rosa vermelha como emblema.