Suez

Paris, 1850.
 
O jovem diplomata francês Ferdinand de Lesseps joga uma partida de tênis e sua bela namorada, a condessa espanhola Eugene de Montijo, assiste ao jogo entusiasmada. A beleza de Eugene chama a atenção do então presidente da república da França, Luís Napoleão, que convida o casal para uma recepção em sua casa.
 
Luís Napoleão era sobrinho de Napoleão Bonaparte. Para afastar Lesseps de Eugene, ele nomeia o rival para assumir um cargo diplomático no Egito, e começa a cortejar a condessa, que corresponde ao flerte e termina tudo com Lesseps.
 
Desiludido com o fim do romance, Lesseps segue para o Cairo, e lá decide por em prática o antigo projeto francês de construir o Canal de Suez, que ligaria o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, permitindo que os navios navegassem da Europa até a Ásia, sem ter que contornar a África pelo Cabo da Boa Esperança.
 
A história da construção do canal em meio a esse triângulo amoroso está contada em preto e branco no filme Suez, de 1938, do diretor canadense Allan Dwan.



 
O sonho de reconstruir o canal (que já havia existido na antiguidade), vinha desde a época de Napoleão Bonaparte, durante sua expedição ao Egito. Para que Lesseps pudesse coloca-lo em prática, ele precisaria do apoio da França, dos turcos e dos ingleses.
 
 
Conde Ferdinand de Lesseps
Diplomata e Empreendedor
 
O Egito na época estava sob o domínio do Império Turco Otomano, cuja sede ficava em Constantinopla. O governador (ou vice-rei) e representante do sultão era Mehmed Ali, considerado fundador do Egito moderno. Mas ele via algumas dificuldades em conciliar  todos os interesses para a empreitada, já que os turcos tinham os ingleses como credores.
 
O quarto filho de Mehmed, príncipe Said Pasha, tornou-se amigo de Lesseps, e, com a morte do pai, ele passou a ser o governador, em 1854, oferecendo total apoio ao projeto de construção do canal.
 
Em 1851, o presidente Luís Napoleão, que havia se casado com Eugene, deu um golpe de estado dissolvendo a Assembleia Nacional Francesa, e,  seguindo os passos de seu tio, tornou-se o imperador Napoleão III.  De acordo com o filme, para se tornar imperador, Luís Napoleão precisava da ajuda e da influência de Lesseps, o que conseguiu manipulando Eugene.
 
Imperador Napoleão III

Imperatriz Eugene de Montijo
 
 

Lesseps, ao perceber que havia sido enganado e considerado um traidor da república, ficou muito deprimido, mas acabou por aceitar a oferta de apoio do imperador para iniciar os trabalhos de construção do canal no Egito.
 
Por parte da Inglaterra, o primeiro ministro da época, Conde  Derby, era contra a construção do canal. No entanto, o líder da oposição Benjamin Disraeli, ficou ao lado de Lesseps, e prometeu ajuda-lo caso vencesse as eleições no parlamento inglês, o que acabou acontecendo em 1852.
 
Desse modo, Lesseps finalmente conseguiu obter o apoio de todas as partes interessadas, e pôde concretizar o empreendimento de sua vida, não sem duros percalços e sabotagens.
 
Finalmente, em 1869, o canal com 195 km ligando o Porto Said no Mar Mediterrâneo ao Porto de Suez, no Mar Vermelho, foi inaugurado em uma cerimônia onde a imperatriz Eugene representou seu marido, Napoleão III, que não estava presente por motivos de saúde.
 
 
Percurso do Canal de Suez
   

Rotas marítimas antes e depois
da construção do Canal de Suez
 
 
Canal de Suez
 
 
 Já falamos sobre os interesses sobre o canal na postagem do filme Lawrence da Arábia.
 
 
 
Um contemporâneo de Napoleão III foi o escritor Victor Hugo, opositor do então imperador. Ele aparece no filme escrevendo sua obra Os Miseráveis, a qual também virou um filme já postado aqui no blog.
 
Victor Hugo
 
 



Rainha Christina

Estocolmo, Suécia, 1632.

A morte do rei Gustavo II Adolfo, em uma batalha na Guerra dos Trinta Anos,  leva ao trono sua única filha e herdeira,  a pequena princesa Christina, então com 6 anos de idade.

Sua história está contada no filme Rainha Cristina (título original: Queen Christina), de 1933, do diretor russo Rouben Mamoulian, trazendo a atriz Greta Garbo no papel principal (que por sinal é nascida na Suécia).

 
 
 
 
Christina, por ser a única filha, foi preparada desde muito pequena para assumir o trono. Ela foi criada para ser um rei e não uma rainha, ou seja, foi educada praticamente como um menino. A cena no filme em que ela assume o trono aos 6 anos é realmente muito bonita e eu não me canso de ver (o filme está disponível na internet).
 
Um fato interessante foi que, quando nasceu, as parteiras realmente pensaram tratar-se de um garotinho. Só depois foi constado que era uma menina. Sua constituição física deixava dúvidas. As suspeitas de intersexualidade permaneceram um mistério. Em 1965, antropologistas chegaram a fazer uma investigação sobre os restos mortais da rainha, mas não conseguiram chegar a uma conclusão.
 
 
Rainha Chistina da Suécia
 
Christina tinha hábitos masculinos, decidiu não se casar.  Não se interessava por assuntos femininos mas apreciava a companhia de belas mulheres. Uma delas, Ebba, teria sido sua grande paixão, mas no filme ela aparece apenas como uma amiga muito próxima. 
 
Havia uma forte pressão dos súditos e da nobreza sueca por um casamento com seu primo Carlos X Gustavo da Suécia, mas ela não cedeu em sua decisão. Ela também não pretendia seguir com a guerra, preferindo se dedicar às artes, à cultura e à ciência. Era constantemente visitada por intelectuais da época.


Maomé - O Mensageiro de Alah

Oriente, século VII d.C.

Seguidores do Ilsã visitavam os líderes de algumas das maiores nações da época, para convidá-los a se converterem à nova religião que acabara de nascer.
 
Eles levaram a mensagem ao rei dos romanos (que acredito ser Heráclio, imperador bizantino em Constantinopla), ao patriarca da Alexandria e ao rei dos persas, mas estes a recebem com hostilidade.
 
Alguns anos antes, em 610 d.C, na cidade de Meca na Arábia, o mercador e religioso beduíno Maomé, então com 40 anos de idade, havia retirado-se para meditar e orar como de costume em uma das montanhas do Monte Hira, onde recebeu a primeira visita do Arcanjo Gabriel.
 
Muitas aparições do arcajo ainda iriam ocorrer, nas quais ele teria ditado a mensagem de Deus, posteriormente compilada no livro sagrado Alcorão.
 
A história do início da religião islâmica está contada no filme Maomé - O Mensageiro de Alah (título original: The Message), de 1976, do diretor árabe Mustafah Akkad.
 
 



Por respeito ao mensageiro de Deus, nem a imagem, nem a voz e nem sequer a sombra do profeta Maomé aparecem no filme, pois ele "está acima de ser imitado por uma pessoa".

O filme mostra como ocorreram as perseguições aos seguidores da nova religião e a necessária migração deles para a cidade de Medina, até que pudessem retornar depois de alguns anos e de muitas guerras,  para triunfarem finalmente na cidade de Meca.



 

Os Pilares da Terra (The Pillars of Earth)


Inglaterra, 1120.
 
O navio normando White Ship naufraga em um incêndio no Canal da Mancha, levando a bordo o único filho legítimo do então rei Henrique I.
 
A sucessão do trono inglês passa então a ser disputada pela filha de Henrique, Matilde, mais conhecida como Maud, e por seu sobrinho Estêvão de Blois.
 
Essa disputa gerou um período de guerras civis conhecido como Anarquia, e está contada na minissérie americana Os Pilares da Terra, (nome original The Pillars of Earth) de 2010, do diretor croata Sergio Mimica-Gezzan, baseada no livro de mesmo nome do escritor britânico Ken Follet.

 
 
 
A história realmente é muito interessante, e mostra como se deu a evolução da engenharia da época para a construção daquelas catedrais em estilo gótico, com abóbadas desafiadoras e que valorizavam a perfeita iluminação. A geometria euclidiana começava a ser conhecida na Inglaterra.
 
Outro aspecto interessante é importância dada às relíquias supostamente sagradas, que atraíam peregrinos para as cidades que as possuíam, propiciando assim a instalação de um próspero mercado para comercialização de mercadorias, como por exemplo a lã. Por esse motivo, muitas vezes elas chegavam a ser "plantadas" nas igrejas, para atrair os fiéis que iam em busca de redenção.
 
Após a morte do rei Henrique, o trono foi usurpado por Estêvão, e Maud ficou exilada na Normandia, região que hoje pertence à França, mas que na época era um ducado independente, e que seria posteriormente anexado à Inglaterra. A princesa estava na região com seu segundo marido, o Duque Godofredo V de Anjou, de quem esperava o primeiro filho.

Maud levava o título de imperatriz consorte do Sacro Império Romano-Germânico, por ter se casado com o imperador alemão Henrique V, de quem ficou viúva, sem gerar filhos.
 
Já com Godofredo ela teve três filhos, sendo que o primeiro viria a se tornar o rei Henrique II da Inglaterra, após a morte de Estêvão.
 
Henrique II foi o pai do rei Ricardo I, conhecido como Ricardo Coração de Leão, ao se casar com a lendária rainha Leonor de Aquitânia, aquela que liderou a segunda cruzada ao lado do primeiro marido, o rei francês Luiz VII. Portanto, Maud era a avó de Ricardo Coração de Leão.
 
Já mencionamos alguns desses personagens históricos aqui no blog nas postagens dos filmes As Cruzadas e Cruzada (Kingdom of Heaven).
 
 
 



O Nome da Rosa

Norte da Itália, 1327.
 
Um monge franciscano chamado William de Baskerville chega a um mosteiro beneditino acompanhado de seu aprendiz, o jovem aspirante Adso de Melk, para um debate teológico que iria acontecer nos próximos dias, contando também com monges dominicanos.
 
Porém, um misterioso suicídio havia ocorrido poucos dias antes no mosteiro, o qual seria seguido de alguns assassinatos, aparentemente relacionados a uma biblioteca que estava interditada, mas que foram atribuídos a uma suposta força demoníaca, que alguns monges pensavam ser causada por hereges ou por bruxaria.
 
As mortes despertaram a curiosidade investigativa de William, que passou a procurar por pistas que levassem a uma explicação racional e sobre o que havia verdadeiramente ocorrido.
 
Essa estória de ficção que está cercada de personagens reais está contada no filme O Nome da Rosa, do diretor francês Jean-Jacques Annaud, de 1986, baseado no livro homônimo do escritor italiano Umberto Eco.

 
O filme fez muito sucesso quando foi lançado. Apesar de tratar-se de uma ficção, ele passou a ser uma referência sobre a Idade Média, no que diz respeito ao poder da igreja católica e à Inquisição.
 
William, personagem fictício vivido pelo ator Sean Connery, era um monge mais adepto à lógica, a uma visão de mundo mais racional. Ele se interessava muito pela ciência, em especial pela astronomia. Andava acompanhado de instrumentos como a ampulheta, o astrolábio e o quadrante náutico.
 
 
Ampulheta
 

Astrolábio
 
Quadrante Náutico
 
 
O debate em questão, motivo pelo qual estavam todos ali reunidos, seria em torno da "riqueza da Igreja", fazendo referência às posses que Jesus teria tido. Cada ordem religiosa (franciscanos, beneditinos e domenicanos) interpretava os fatos e defendia a teoria que melhor se enquadrasse em seus interesses e em seus preceitos.
 
Também teria o tema do "riso". O ato de rir era condenável entre os monges. A obra do filósofo grego Aristóteles também é referenciada a todo momento no filme. Sua obra era proibida na época por ser contrária aos dogmas da Igreja, trazendo a razão como a característica mais importante do homem.
 
Iria participar também o poderoso inquisidor francês dominicano Bernard Gui, esse sim um personagem que realmente existiu. No filme, vivido pelo ator Murray Abraham, ele aparece como um antigo desafeto de William, por conta da visão mais aristotélica do monge.
 
Uma breve biografia de Bernard Gui aparece no livro Homens e mulheres da Idade Média, de Jacques Le Goff, uma das minhas mais novas aquisições literárias.
 
 
 
 

 


O Conde de Monte Cristo

Ilha de Elba, Itália, 1815.

Um navio mercante vindo de Marselha, na França, aporta com seu capitão precisando urgentemente de socorro médico, sofrendo de meningite. O segundo imediato da embarcação, Edmond Dantes e seu melhor amigo, o representante do dono do navio, Fernand Mondego, arriscam suas vidas ao desembarcarem na ilha, que conta com uma segurança extremamente rigorosa, por estar ali exilado ninguém menos do que Napoleão Bonaparte.
 
Os guardas da ilha temiam uma invasão de aliados do general Bonaparte com o objetivo de resgatá-lo. Ao desembarcarem na ilha os dois tripulantes sofrem um ataque desses guardas, mas escapam com vida e os convencem de que chegaram em paz, apenas em busca de socorro para seu capitão.
 
No entanto, durante a noite, Napoleão pede em segredo um pequeno favor a Dantes: que esse leve uma carta pessoal a um amigo em Marselha. O inocente e prestativo rapaz atende a seu pedido e as consequências desse gesto irão transformar radicalmente a sua vida.
 
Essa história está contada no filme O Conde de Monte Cristo, de 2002, do diretor americano Kevin Reynolds, e é mais um filme histórico baseado em um livro homônimo do importante escritor francês Alexandre Dumas.
 
 
 
 

Apesar de se tratar de uma ficção, a obra está citada aqui no blog por contar um pouco do período do primeiro exílio de Napoleão, na ilha de Elba.
 
Todo o resto da história do filme não passa de apenas de um delicioso entretenimento sobre amor, traição e vingança, que inspirou inclusive a famosa série Revenge.

                                                                 * Fonte: Wikipédia

Essa estória já foi contada no cinema inúmeras vezes. Uma delas, a versão francesa para televisão de 1998, contou com o ator Gérard Depardieu no papel de Dantes.




Guerra e Paz

Moscou, 1805.
 
Os momentos de paz e alegria dos dias ensolarados ainda não davam indícios das tormentas que viriam com a guerra que estava para ser travada entre a Rússia do czar Alexandre I e o exército francês do imperador Napoleão Bonaparte.

Essa guerra, que marcou a decadênica de Napoleão, está contada no filme épico Guerra e Paz, de 1956, do diretor americano King Vidor, baseado no livro homônimo de Leon Tolstói.
 
  
 
O filme conta com as participações da atriz Audrey Hepbrun e dos atores Henry Fonda e Mel Ferrer, nos papéis principais.
 
 
 
 
 
czar Alexandre I