A obra traz a terrível história da maquiavélica feiticeira que foi esposa de Jasão, o príncipe da Tessália, na Grécia, e que foi a bordo da nau Argo, ao lados dos lendários argonautas, para a Cólquida em busca do Velocino de Ouro. Já falamos dessa história aqui no blog na postagem do filme "Jasão e o Velocino de Ouro".
Medeia foi uma princesa da Cólquida (atual Gergia) e teria vivido por volta de 1.200 a.C., algum tempo antes da guerra de Troia.
Filha do rei Eetes, era também uma experiente manipuladora das artes ocultas, uma feiticeira perigosa, Medeia se apaixona por Jasão quando o jovem heroi grego chega à Cólquida em busca do velo de ouro, Ela o ajuda em sua empreitada, traindo assim a sua família e sua pátria e fugindo com ele para a Tessália. Para facilitar a fuga ela rapta e esquarteja o próprio irmão, e vai jogando as partes de corpo pelo caminho para que as tropas do rei precisem parar para recolhê-las, dando assim mais tempo para que ela, Jasão e os argonautas cheguem ao mar.
Depois de passarem por muitas aventuras nas quais a astúcia da vivida mulher foi fundamental, eles chegam a Iolcos e entregam então o velocino ao rei Pelias, que se recusa a cumprir sua parte no acordo, de passar o reino a Jasão. Medeia então trama contra ele um plano macabro e convence as filhas do rei a esquartejarem e cozinharem o pai, com a promessa de rejuvenecê-lo e dar-lhe boa saúde. Por causa desse crime bárbaro o casal é expulso da Tessália e busca exílio em Corinto.
Só que em Corinto o rei Creonte não queria a presença dela em sua cidade por temer seu comportamento bárbaro e perigoso, principalmente pela manipulação da magia. Mas queria que Jasão ficasse e ocupasse um alto cargo administrativo, casando-se com a sua filha Glauci (ou Creusa). Jasão aceitou a proposta pensando na sua situação social e econômica já que tinha ficado pobre e pensou também no futuro de seus filhos.
Porém o rei exigiu que Medeia saísse da cidade com os filhos imediatamente.
Medeia não aceitou essa decisão de Jasão e entendeu como uma traição. Ela que tinha feito tudo por ele, largado a família, o país e cometido muitas barbaridades. Além disso ela era muito apaixonada por ele e com seu orgulho ferido arquitetou uma traição que ultrapassaria qualquer limite do aceitável.
Ela pediu a Creonte que lhe concedesse mais um dia na cidade para se preparar para o exílio. Ele concedeu mas já pressentindo que iria se arrepender. Medeia então preparou um presente para a noiva: sua própria grinalda e suas jóias que seriam levada à Glauci pelos filhos. Quando a princesa viu tão belos ornamentos não resistiu e os vestiu imediatamente. Porém as peças estavam envenenadas e queimaram o corpo da moça levando-a à morte, juntamente com seu pai, o rei, que correu para socorrer a filha.
Mas sua vingança não iria parar por aí. Para dar o golpe fatal no coração de seu amado Jasão, ela tirou a vida dos próprios filhos, sabendo que aquela seria a maior dor que ela poderia causar no rapaz.
Como era neta do deus sol, a feiticeira então deixou a cidade numa carruagem de fogo e partiu para Atenas onde já tinha combinado asilo com o rei Egeu, que estava com problemas para conseguir ter um filho para quem deixar seu trono e contava com os conhecimentos ocultos da feiticeira.
Jason and Medea - by Carle van Loo
Ela então se casou com o rei Egeu e deu a ele o filho Medo que seria o próximo rei de Atenas se não aparecesse Teseu como filho legítimo que Egeu não sabia que tinha. Teseu, um dos argonautas e muito conhecido por seus feitos heroicos, tornou-se rei e Medeia voltou para a Cólquida com seu filho. Medo veio a ser um grande rei da Cólquida.
No cinema houve duas adaptações da obra que mereceram destaque: a primeira, de 1969, do diretor italiano Pier Paolo Pasolini, que traz a belíssima soprano grega Maria Callas no papel principal.
A segunda, de 1988, do diretor dinamarquês Lars von Trier, traz um estilo completamente diferente mas também com altíssimo nível de qualidade de fotografia, com a atriz dinamarquesa Kristen Olesen, dando um show de interpretação no papel de Medeia.