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Les Misérables


Digne, sul da França, 1815.

O ex-presidiário em liberdade condicional, Jean Valjean, procura um lugar para se abrigar após ter viajado a pé por quatro dias em direção à cidade de Pontarlier, depois de ter sido libertado da penitenciária Bagne de Toulon, onde passara 19 anos preso, submetido a trabalhos pesados e humilhações que lhe tiraram totalmente a dignidade, transformando-o em um "animal", conforme suas próprias palavras. 
 
Ele foi preso por ter sido pego roubando pão para matar sua fome e de sua irmã e sobrinhos,  num período de extrema carestia na França.
 
No caminho a Pontarlier ele é amparado pelo bispo da cidade de Digne, Sr. Myriel, que com sua bondade e compaixão lhe mostra um novo caminho e um recomeço. Nove aos depois desse encontro dos dois, a vida de Jean Valjean mudara completamente.

Usando um outro nome e com novos documentos, ele agora é um rico empresário e prefeito da pequena cidade de Montreuil, no norte da França, onde irá se deparar novamente com seu pior pesadelo: o Inspetor Javert, seu implacável perseguidor na prisão.
 
A história desses personagens fictícios, que se passa no período pós-napoleônico, está contada no filme Os Miseráveis (original: Les Misérables), de 1998, do diretor dinamarquês Bille August, baseado no livro homônimo do escritor francês Victor Hugo.


 
 
Mesmo tratando-se de uma ficção, a relevância histórica do filme se dá pelo período vivido pela França no início do século XVIII, entre o fim da era napoleônica (1815) até o dia do enterro do herói republicano Lamarque (1932), esse sim um personagem real, bem como pela própria figura do escritor do livro, Victor Hugo, e sua visão política e social da época.
 
Victor Hugo escreveu a obra durante o governo de Napoleão III, do qual falamos na postagem do filme Suez.
 
Jean Valjean, vivido pelo ator Liam Neeson, já em 1824, vivendo em Montreuil-sur-Mer com o nome de Madeleine, é um próspero e bondoso empresário, dono de uma fábrica onde trabalha a bela Fantine, vivida pela atriz Uma Thurman.
 
Fantine é mãe da menina Cosette (vivida pela atriz Claire Danes quando adulta), e, por ter sido abandonada pelo pai da menina, precisou entregar a criança para ser criada por uma família de caráter bastante questionável, para que pudesse trabalhar e mandar o dinheiro para o sustento da filha.
 
Após diversos eventos que fazem com que os caminhos de Valjean e Fantine se cruzem, ele se sente responsável por Cosette após a morte de mãe da menina. Assim, fugindo novamente de Javert, eles vão se refugiar em um convento em Paris.
 
Vários anos se passam, e Valjean, então com um terceiro nome, juntamente com Cosette, agora sua filha de criação, acaba se envolvendo com uma fracassada mas representativa rebelião anti-monarquista, durante o funeral de Lamarque, herói de várias guerras napoleônicas. 
 
Nesse período, 1832, a monarquia estava no poder novamente e o rei era Luís Filipe I, da dinastia Bourbon.
 
Sequência de governantes franceses de
Napoleão I a Napoleão III
 
 

Nós temos em casa o livro da imagem abaixo, em francês, só que esse eu ainda não tive tempo de ler. Ele está na lista dos próximos a serem lidos e então com certeza eu poderei trazer informações históricas bem mais ricas.
 

 
Outro filme que conta essa mesma história é o musical também chamado Les Misérables, de 2012, do diretor inglês Tom Hooper. Ele recebeu ótimas críticas e foi indicado a 8 Oscars, dos quais recebeu 3, além de vários outros prêmios.


Eu, particularmente, não gosto muito de musicais e achei o filme de 1998 mais interessante, mas é apenas uma questão de gosto, pois ambos os filmes são ótimos.

Uma coisa que me chamou a atenção nesse musical foi a explícita aparição do "olho que tudo vê", que é símbolo da ordem Iluminatti.

 
 
 

Não pretendo falar dessa ordem nesse momento, mas, apesar desse símbolo aparecer constantemente em filmes de maneira subliminar, e várias teorias ocultas serem atribuídas a ele a respeito do estabelecimento de uma "nova ordem mundial", acho possível que tenha aparecido nesse filme pelo fato da ordem ter sido criada durante o período do Iluminismo.




O Conde de Monte Cristo

Ilha de Elba, Itália, 1815.

Um navio mercante vindo de Marselha, na França, aporta com seu capitão precisando urgentemente de socorro médico, sofrendo de meningite. O segundo imediato da embarcação, Edmond Dantes e seu melhor amigo, o representante do dono do navio, Fernand Mondego, arriscam suas vidas ao desembarcarem na ilha, que conta com uma segurança extremamente rigorosa, por estar ali exilado ninguém menos do que Napoleão Bonaparte.
 
Os guardas da ilha temiam uma invasão de aliados do general Bonaparte com o objetivo de resgatá-lo. Ao desembarcarem na ilha os dois tripulantes sofrem um ataque desses guardas, mas escapam com vida e os convencem de que chegaram em paz, apenas em busca de socorro para seu capitão.
 
No entanto, durante a noite, Napoleão pede em segredo um pequeno favor a Dantes: que esse leve uma carta pessoal a um amigo em Marselha. O inocente e prestativo rapaz atende a seu pedido e as consequências desse gesto irão transformar radicalmente a sua vida.
 
Essa história está contada no filme O Conde de Monte Cristo, de 2002, do diretor americano Kevin Reynolds, e é mais um filme histórico baseado em um livro homônimo do importante escritor francês Alexandre Dumas.
 
 
 
 

Apesar de se tratar de uma ficção, a obra está citada aqui no blog por contar um pouco do período do primeiro exílio de Napoleão, na ilha de Elba.
 
Todo o resto da história do filme não passa de apenas de um delicioso entretenimento sobre amor, traição e vingança, que inspirou inclusive a famosa série Revenge.

                                                                 * Fonte: Wikipédia

Essa estória já foi contada no cinema inúmeras vezes. Uma delas, a versão francesa para televisão de 1998, contou com o ator Gérard Depardieu no papel de Dantes.




Guerra e Paz

Moscou, 1805.
 
Os momentos de paz e alegria dos dias ensolarados ainda não davam indícios das tormentas que viriam com a guerra que estava para ser travada entre a Rússia do czar Alexandre I e o exército francês do imperador Napoleão Bonaparte.

Essa guerra, que marcou a decadênica de Napoleão, está contada no filme épico Guerra e Paz, de 1956, do diretor americano King Vidor, baseado no livro homônimo de Leon Tolstói.
 
  
 
O filme conta com as participações da atriz Audrey Hepbrun e dos atores Henry Fonda e Mel Ferrer, nos papéis principais.
 
 
 
 
 
czar Alexandre I
 
 
 

Desirée, o Grande Amor de Napoleão

Marselha, França, 1794.
 
O jovem militar Napoleão Bonaparte, então com 26 anos, aguardava para assumir seu posto como General de Brigada. Ele havia sido promovido após o seu sucesso no Cerco de Toulon.
 
Foi quando ele conheceu e se apaixonou pela jovem Desirée Clary, filha do proprietário de uma loja de tecidos. Apesar de estar começando a se destacar no exército, Napoleão ainda era muito pobre, e a família da moça não aprovou o romance.
 
Ainda assim ele pediu sua mão em casamento, mas logo após a execução de Robespierre, Napoleão foi preso devido às ligações que tinha com ele, mas foi solto alguns dias depois. Ele precisou se ausentar de Marselha, prometendo a Desirée que logo se casariam, deixando a moça cheia de fantasias, já preparando seu enxoval.
 
Dois anos depois, estranhando a demora do noivo, Desirée parte para Paris para procurá-lo e tamanha foi a sua surpresa e decepção ao ver que ele já estava casado com a refinada dama da sociedade  Josefina de Beauharnais.
 
A história dos encontros e desencontros entre Desirée e Napoleão está contada no açucarado mas interessante filme Desirée, o Grande Amor de Napoleão, de 1954, do diretor alemão Henry Koster, trazendo ninguém menos do que Marlon Brando no papel principal.



 
 
Napoleão Bonaparte
 
 
Desirée Clary
 
Josefina de Beauharnais
 


Napoleão

Ilha de Santa Helena, Oceano Atlântico, 1818.
 
Napoleão Bonaparte, exilado e doente, relembra os fatos importantes de sua vida.
 
Voltando no tempo em suas lembranças, ele retorna a 1795, quando conhece Josefina de Beauharnais, que viria a ser sua primeira esposa e grande amor de sua vida.
 
Tudo o que lhe aconteceu a partir desse momento, até a sua morte no exílio, está deliciosamente contado na série para TV chamada Napoleão, do diretor Yves Simoneau, de 2002.

 
 
Essa série contém 4 episódios de uma hora e meia cada um, aproximadamente. Portanto são quase 6 horas de história sobre Napoleão que passam voando. Eu realmente me apaixonei e fiquei triste quando acabou.
 
Por estar no formato de série para TV, a obra é bem mais "palatável" e fácil de entender. O que não tira o seu valor, principalmente pelo fato de ter mais tempo para explorar melhor as passagens da vida de Napoleão.
 
O elenco conta com a linda atriz francesa Isabella Rossellini no papel de Josefina, além de Gérard Depardieu como o girondino Joseph Fouché, Ministro da Polícia, e John Malkovich como Charles Talleyrand,  Ministro das Relações Exteriores.
 
Em  1793 Napoleão tinha saído vitorioso e aclamado na batalha que ficou conhecida como Cerco de
Toulon, em que expulsou os ingleses que estavam ajudando os monarquistas a retomar o poder após a Revolução Francesa.
 
Em 1795, após conhecer Josefina, com quem logo começou um flerte correspondido, Napoleão conhece também o então deputado Paul Barras, que, já sabendo da reputação de Napoleão após o episódio de Toulon, atribui a ele algumas reponsabilidades militares, suficientes para que o jovem logo ganhasse ainda mais destaque.
 
Em 1796, após mais uma vitória contra os monarquistas que lhe rendeu fama e riqueza, ele se casou com Josefina. Napoleão contou também com a ajuda de um jovem oficial da Cavalaria, Joachim Murat, que viria a se casar com uma de suas irmãs.
 
Desde 1792 vigorava na França o Calendário Revolucionário Francês, ou Calendário Republicano, criado por Robespierre durante a Revolução Francesa, para se opor ao Calendário Gregoriano, rompendo assim ainda mais com qualquer tipo de religião. Somente em 1804 Napoleão viria a decretar a volta do Calendário Gregoriano.
 
 
 

 
 
Napoleão - Uma Vida
 
Complementando o conhecimento obtido com o filme, podemos falar um pouco mais sobre a biografia de Napoleão Bonaparte com as ricas informações do livro Napoleão - Uma Vida, do autor galês Vincent Cronin.
 
 
 
Infância na Córsega
 
Napoleão nasceu em 15 de agosto de 1769, em Ajaccio, capital da Córsega, uma ilha na região da Itália que havia se tornado uma região administrativa da França poucos meses antes de seu nascimento, quando foi vendida pelos genoveses para o rei Luís XV, em maio de 1768.
 

 
 
O segundo dos oito filhos do jovem casal Carlo Bonaparte e Maria Letícia (5 meninos e 3 meninas), descendentes da nobreza italiana. Seu pai era advogado e prestava serviços ao rei Luís XVI, da França. Sua família vivia com um certo conforto mas não era rica. Ele teve uma infância feliz e absorveu muitos dos valores típicos de seu país, como o senso de independência e uma certa presunção. Particularmente Napoleão tinha também um forte senso de justiça e de liderança.
 
 
Academia Militar de Brienne
 
Preocupado com o futuro dos filhos, Carlo conseguiu bolsas de estudo para os mais velhos, e, em dezembro de 1778, aos nove anos de idade, Napoleão seguiu com o pai para Marselha na França, e logo em seguida, em maio de 1779 mudou-se definitivamente para a pequena cidade francesa de Brienne, situada na parte verde de Champagne,  onde ficaria internado para estudar na academia militar, administrada por monges franciscanos.
 
Academia Militar de Brienne
 
 
Lá ele teve uma vida muito dura e difícil, longe da família que tanto amava, sem falar muito bem o francês e sendo debochado pelos colegas por seu sotaque corso e também por ser um bolsista, já que a escola era destinada aos nobres franceses de famílias ricas. Como um corso típico, Napoleão detestava ser zombado.
 
Na escola era muito bom em matemática, história e geografia. Tinha gosto pela leitura e também por escrever, e, como ele mesmo escreveu, tinha "uma inclinação definitiva para o serviço militar" e um desejo de entrar para a Marinha.
 
 
École Militaire de Paris
 
Em outubro de 1784, aos 15 anos, Napoleão mudou-se para Paris, para estudar na Escola Militar, ficando completamente embasbacado ao chegar, com a opulência da cidade. Sua vida melhorou bastante e ele se sentia muito mais motivado.
 
École Militaire de Paris
 
 
No ano seguinte, como não houve seleção para a Marinha, ele foi encarregado da artilharia, recebendo sua patente assinada por Luís XVI.
 
Com a morte de seu pai, Napoleão passou a ser o único provedor da família, com seu parco salário de oficial, ou seja, as coisas não seriam nada fáceis para ele nesse começo da carreira militar.
 
 
Revolução Francesa
 
Em 1786, ao assumir suas funções como segundo-tenente, e optou por servir em um regimento na cidade guarnição de Valença, na região Ródano-Alpes, para ficar mais perto de sua família na Córsega.
 
 
 
Nessa época ele já começava a testemunhar a penúria vivida pelos civis, e as primeiras revoltas do Terceiro Estado (a Plebe - o Primeiro Estado era a Nobreza e o Segundo Estado era o Clero) que iriam desencadear a revolução alguns anos depois. Napoleão, apesar de pertencer à nobreza, era solidário ao sofrimento e à fome da população, mas achava que tudo teria que ser resolvido dentro da ordem e não com revoltas.
 
Nesse período também a Córsega passava por dificuldades. O domínio francês, que até então era benéfico para a região, tornou-se opressor e injusto.
 
Além disso, a Europa em geral passava por transformações com o sucesso das reformas promovidas pelos déspotas esclarecidos, em monarquias como Espanha, Portugal, Suécia e Áustria.
 
Em 1789, em Paris, após a tomada da Bastilha pela população enfurecida contra a monarquia, os Estados-Gerais formaram a Assembleia Constituinte, que apresentou à França a sua primeira Constituição, que começava com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
 
Em Valença Napoleão foi um dos primeiros a entrar para a Sociedade dos Amigos da Constituição, e, em 1791 ele fez um juramento de nunca deixar uma nação estrangeira invadir o solo francês. Tinha esperanças de que todos esses movimentos também fossem benéficos para a Córsega.
 
Nesse mesmo ano Napoleão tirou uma licença e foi para Ajaccio, para a casa de sua mãe. Lá ele se envolveu em revoltas contra o governo local com intenção de melhorar a situação da ilha, mas sua tentativa foi um verdadeiro fracasso.
 
Em 1793 ele e sua família tiveram que fugir da Córsega  para a França, deixando para trás todos os seus pertences. Eles seguiram como refugiados para Toulon e posteriormente se instalaram em Marselha.
 
A França então já estava vivendo a fase do Terror, promovido pelo governo que agora era formado pelo Comitê da Segurança Pública, criado pela Convenção, formado por advogados de classe média liderados por Maximilien Robespierre.
 
Cerco de Toulon
 
Ainda em 1793, as cidades do interior da França já estavam dando demonstrações de revolta contra o governo, principalmente por causa do terror instaurado, dos altos preços dos alimentos  e também por causa da profanação aos símbolos religiosos, devido à descristianização promovida pelo Comitê.
 
As nações vizinhas, encabeçadas pela Inglaterra, pretendiam promover a volta da monarquia, colocando no trono o rei Luís XVIII, da casa dos Bourbon. Esses aliados do rei encontraram na cidade de Toulon, no sul da França, território propício para fazer essa investida.
 
 
 
Napoleão foi designado para lutar em Toulon, como subalterno, mas ele não concordava com a estratégia proposta por seus superiores. Ele mesmo sugeriu um novo plano, fazendo uso de canhões, colocando em prática seu conhecimento em artilharia. Ele teve autorização para agir e saiu vitorioso, expulsando os ingleses da cidade.
 
Com esse sucesso, ele foi promovido a brigadeiro-general, aos 24 anos. Pôde então tirar sua família da pobreza em Marselha, e comprou uma bela casa para sua mãe.
 
Termidor
 
Em julho de 1794, no mês Termidor do Calendário Revolucionário, o Terror atingia seu ápice, mas um grupo de Convencionais (pertencentes à Convenção), enojados com a carnificina, decidiram tirar o tirano Maximilien Robespierre do poder.
 
Para isso eles aproveitaram um erro do ditador  e o acusaram de estar conspirando contra a Revolução. Assim os irmãos Robespierre, Maximilien e Augustin, foram executados na guilhotina, a qual foi aposentada a partir de então.
 
Napoleão chegou a ser preso nessa ocasião, por ter se tornado próximo a Augustin Robespierre, mas como  apresentou uma boa defesa, mostrando que durante toda a sua vida militar havia lutado pela Revolução, foi liberado em seguida.
 
O grupo de Convencionais que derrubaram Robespierre, era liderado, entre outros membros, por Paul Barras, também oriundo da nobreza, e que viria a ter papel importante na vida de Napoleão.
 
 
O Conselho dos Quinhentos, o 13o Vindemiário e o Diretório
 
Com o fim do uso da guilhotina a Convenção se viu incapaz de governar. Para evitar os excessos cometidos pelo antigo Comitê de Segurança Pública, foram criados dois poderes, o Legislativo e o Executivo.
 
O poder Legislativo era formado pelo Conselho dos Quinhentos, e o poder Executivo era composto por cinco diretores. Eles redigiram uma nova Constituição, que não agradou a todos.
 
Logo alguns grupos de anarquistas, extremistas e monarquistas começaram em Paris as revoltas contra os constitucionalistas.
 
Em outubro de 1795, mês Vindemiário do Calendário Revolucionário, o povo foi chamado por esses grupos para levantar armas contra a Convenção. Paul Barras, líder dos constitucionalistas, convidou Napoleão para lutar sob suas ordens. Presando pelos princípios da Revolução, defendidos pela Constituição, que por sua vez era defendida pela Convenção, Napoleão aceitou a proposta de Barras.
 
Só que os revoltosos estavam em maioria. Novamente Napoleão recomendou o uso de canhões e com eles o grupo conseguiu conter a rebelião e "salvar a revolução".
 
Em 1795, no 13o Vindemiário,  a Convenção deixou de existir e foi substituída de vez pelo Diretório. O constitucionalista Barras foi nomeado um dos diretores e Napoleão foi promovido a general e assumiu o comando do Exército do Interior.
 


Sobre as vitórias de Napoleão em Toulon e no Vindemiário em Paris, o autor do livro faz uma interessante reflexão: Por que ele fracassou em Ajaccio e saiu vitorioso nessas duas batalhas? E a resposta está na habilidade técnica que ele apresentou nesses dois eventos na França.
Enquanto na Córsega ele era apenas mais um oficial, um ardente patriota, na França ele era um especialista. Com sua habilidade em artilharia ele atendeu a uma necessidade específica e dominou a situação.

 
 Joséphine
 
Proveniente de uma família de nobres franceses que se estabeleceram na ilha de Martinica para produzir açúcar, a jovem Rose Tascher teve uma vida boa e tranquila até a adolescência.
 
Casou-se na França aos 16 anos, por arranjo das famílias, com o jovem visconde Alexandre de Beauhanais. Ela era apaixonada por ele, mas ele tinha não conseguia se manter fiel. Eles tiveram dois filhos, uma menina e um garoto, mas logo se divorciaram.
 
Durante a fase do Terror da Revolução, por pertencerem à nobreza, os dois foram para a prisão. Alexandre chegou a ser guilhotinado mas Rose foi libertada logo após a morte de Robespierre.
 
Depois de ter passado muitos momentos difíceis e trágicos, ela procurou ter uma vida mais "leve", meio fútil e hedonista até. Teve alguns relacionamentos, entre eles com o promissor Paul Barras, que a protegeu por um tempo.
 
Foi nessa época que ela conheceu Napoleão, que já começava a se destacar. Ele já havia se interessado por uma moça antes, Desiré Clary, (já falamos desse romance na postagem do filme Desirée - O Grande Amor de Napoleão).
 
Mas quando Napoleão conheceu Rose, ele com 26 anos e ela com 32, ele se apaixonou perdidamente por ela, que, por sua vez, o achou interessante, mas nunca se apaixonou verdadeiramente por ele. Ainda assim eles começaram um relacionamento e logo se casaram, em março de 1796. Foi ele que passou a chama-la de Joséphine.
 
 
Campanha Italiana
 
Depois da vitória do Vindemiário o objetivo de Napoleão era combater os inimigos da França: Áustria e Piemonte, no norte da Itália, liderando o Exército dos Alpes.
 
Ele pediu o cargo ao diretor Paul Barras, que recusou a princípio, mas, vislumbrando futuros interesses de parcerias, com a "estabilidade" gerada pelo casamento de Napoleão com Josephine (ambos pertencentes à nobreza, assim como Barras), o diretor acabou acatando o pedido, como presente de casamento.
 
Assim, em 1796, dois dias após seu casamento, Napoleão seguiu para Nice, onde montou seu quartel-general. Porém, ele encontrou seu exército em "assustadora penúria", magros, vestindo uniformes gastos e que não seguiam padrão algum, alguns até sem os sapatos, e completamente mal equipados.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 


Napoleón

Brienne-le-Château, França, 1781.
 
Sobre o pátio coberto de neve os alunos do colégio militar de Brienne participam da simulação de uma batalha. Um garoto se destaca pela sua estratégia e pela audácia, era Napoleão Bonaparte, então com 11 anos de idade.
 
Sofrendo perseguição e insultos  dos outros alunos por causa de seu sotaque corso (da Córsega) e  de temperamento peculiar, Napoleão enfrentava a todos já dando mostras da personalidade que o colocaria no topo do império de um dos países mais importantes da época.
 
A história dos primeiros anos do grande líder e tirano que foi Napoleão Bonaparte, marcada por passagens e personagens da Revolução Francesa, está contada no marcante filme mudo Napoléon, do diretor Abel Gance, de 1927.
 
 
 

Esse filme dá início aqui no blog a um ciclo de postagens sobre a era napoleônica, um tema para lá de fascinante.

Como eu já disse, trata-se de um filme mudo, o que não impede que seja extremamente interessante, tendo sido tecnicamente bastante inovador para a época, influenciando inclusive toda uma nova geração de cineastas da Nouvelle Vague.

E, para quem quer conhecer um pouco mais sobre a história de Napoleão, é uma obra indispensável.


Sobre Napoleão Bonaparte
 
Nascido em 1769 na Córsega, filho de uma família de nobres franceses, Napoleão foi levado aos 9 anos de idade para Paris, para estudar no colégio militar, durante o reinado de Luís XVI. Sua família, apesar de pertencer à nobreza e de ter um certo refinamento, não era muito rica, pois eles eram em oito irmãos. 
 
 
A Córsega é uma ilha localizada no Mar Mediterrâneo. Apesar de estar na região geográfica da Itália, ela é uma região administrativa da França.
Pertenceu à Itália até 1768, ano em que foi invadida e tomada pelos franceses.

No colégio, onde levava uma vida muito triste longe de sua família, ele mantinha uma águia que fora enviada a ele por um tio como bicho de estimação. O filme faz a todo momento uma correlação entre o olhar do animal e o de Napoleão.
 
Ele passou os 5 anos seguintes no colégio, sem rever sua família e também sem muitos amigos. Tinha muito orgulho de sua origem e não se misturava com os franceses, preferindo o isolamento.  Aos 15 anos de idade ele entrou na Academia Real em Paris, onde assimilou mais a cultura francesa.
 
Após muito treinamento e dedicação, ele se especializou na artilharia, mas não tinha muitas esperanças de conseguir uma posição de destaque no exército, pois sabia que os altos postos estavam reservados aos soldados das famílias mais ricas. Ele, apesar de ser nobre, não era rico.
 
Napoleão adorava a matemática e as ciências em geral. Era apaixonado também pelo poder. Estudou a fundo as biografias de Alexandre, o Grande e Aníbal, para entender o que os tornara poderosos.
 
Até a Revolução Francesa,  Napoleão era um jovem triste, solitário e egocêntrico. Porém, durante a revolução, em 1793, ele teve a oportunidade de se destacar na batalha que ficou conhecida como Cerco de Toulon, no sul da França, onde ele usou a artilharia por sua conta e risco, para expulsar os ingleses que tentavam invadir o país, tentando reestabelecer a monarquia derrubada pelos revolucionários.
 
Ele então foi nomeado general, aos 26 anos de idade, passando a comandar as forças armadas do interior. Daí em diante sua ascensão foi meteórica, o que chamou a atenção da bela e rica dama da sociedade Josefina de Beauharnais, com quem viria a se casar em 1796.



Uma passagem muito bizarra do filme sobre um encontro dele com Josefina ocorre em um evento social chamado Baile das Vítimas, que era um baile para os parentes das pessoas que tinham sido guilhotinadas na revolução (!!!).
Josefina era uma delas, pois seu primeiro marido havia sido executado.


Extremamente carismático, praticamente um ator, ele tinha uma capacidade incrível para motivar os seus soldados. Mas seu olhar de águia procava neles também o medo.

Além de seu estranho e inseparável chapéu, sua marca registrada era a mão na barriga por dentro da camisa.