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A Doce Vida

Filme de 1960 de Federico Fellini, com Marcello Mastroianni, representa um belo exemplo do sucesso que a afinidade entre diretor e ator pode atingir, como apresentado no texto abaixo, de Vitor Grané Diniz, da página "Noites de Cinema" (Facebook e Instagram).




Na história do cinema, é muito comum que os diretores tenham seus atores favoritos e que façam questão de utilizá-los em inúmeras obras, uma vez que o elegeram como os melhores representantes possíveis de seu estilo cinematográfico.

Ao analisarmos tal fenômeno fica impossível não se recordar novamente de Alfred Hitchcock, que nunca teve como prioridade dirigir atores como já foi explicado, porém ainda assim ele tinha seu elenco de apoio: Grace Kelly, Cary Grant, Ingrid Bergman, James Stewart... e tentava sempre utilizá-los na maior parte de seus filmes, uma vez que esse grupo sabia exatamente o que o mestre do suspense buscava.

Algumas outras parcerias entre ator e diretor se tornaram referências no cinema, impossível não destacar as duplas James Stewart e Anthony Mann, parceiros em sete produções; Katharine Hepburn e George Cuckor, parceiros em dez produções; Humphrey Bogart e John Huston, parceiros em seis produções; Jack Lemmon e Billy Wilder, parceiros em sete produções; John Wayne e John Ford, parceiros em inacreditáveis 21 produções cinematográficas.

Essas colaborações não se restringiam apenas a Hollywood, os grandes diretores europeus também tinham seus atores preferidos, o caso mais notável foi o do sueco Ingmar Bergman, que tinha um grupo seleto de atores que incluía Max Von Sydow, Bibi Anderson, Harriet Anderson, Liv Ullmann, Ingrid Thulin, Gunnar Björnstrand e Gunnel Lindblon, que se fizeram presentes em praticamente todos os trabalhos do diretor, é raro assistirmos a um filme de Ingmar Bergman que não conte com nenhum destes sete atores no elenco. Ainda no âmbito europeu, vale destacar as colaborações entre Françoise Truffaut e Jean Pierre Léaud; Jean Luc Godard e Anna Karina; e a de Federico Fellini e Marcello Mastroianni, uma parceria que rendeu dois dos mais extraordinários clássicos do cinema de todos os tempos: A doce vida (1960) e Fellini 8½ (1963).

Na atualidade, temos grandes parcerias já reconhecidas entre atores e diretores, é razoável dizer que ainda podemos aguardar novos filmes de Quentin Tarantino com Samuel L. Jackson; de Steven Spielberg com Tom Hanks; de Martin Scorsese com Leonardo DiCaprio e de Tim Burton com Johnny Depp.


Texto de Vitor Grané Diniz, da página "Noites de Cinema" (Facebook e Instagram)

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O Conformista

Filme  de 1970 do diretor italiano Bernado Bertolucci, "O Conformista" é um romance político e psicológico que se passa na Iltália e França de 1938, durante o regime fascista de Benito Mussolini. 

Essa obra ilustra mais uma contribuição sobre a história do cinema de Vitor Grané Diniz, da página "Noites de Cinema" do Facebookcom o texto a seguir.




Com O Conformista (1970), Bernardo Bertolucci desenvolveu seu autêntico estilo: planos em movimento, ângulos complexos e peculiares, jogos de luz e sombras, ambientes ornamentados. Bertolucci fez parte de uma geração de cineastas italianos, que representou um período conhecido como “a era de ouro do cinema italiano”, além de Bertolucci se destacaram grandes realizadores como Fellini, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Marco Bellocchio, Ermano Olmi, Ettore Scola, Francesco Rosi, os irmãos Taviani, dentre outros. O diretor gostava de se referir ao cinema como “a verdadeira linguagem poética”. Último tango em Paris foi a obra responsável por sua fama internacional, embora Bertolucci tenha realizado filmes notáveis ao longo de toda a sua carreira, como: 1900 (1976) O último imperador (1987), O céu que nos protege (1990), O pequeno Buda (1993) e Os sonhadores (2003).

Em O Conformista, Bertolucci trabalhou pela primeira vez com o diretor de fotografia Vitorio Storaro, com quem voltaria a trabalhar em mais sete oportunidades. Os principais temas em pauta entre o diretor e o diretor de fotografia eram as luzes, cores e composições. Bertolucci fazia questão de escolher as lentes, determinar os movimentos de câmera e estabelecer a relação entre a câmera e os personagens, mas de resto Storaro era livre para criar.

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Enredo do filme

Roma, Itália, ano de 1938. 

Marcello Clarici é um servidor público italiano de 33 anos de idade com diploma em Clássicos, de família tradicional, pertencente a uma aristocracia decadente.

Na sua infância  sofria com  frequentes importunações dos colegas de escola, e aos treze anos de idade passou por um evento traumático que marcaria toda a sua vida. 

O motorista da família, Pasqualino Semirama, mais conhecido como Lino, convida-o para seu quarto prometendo lhe dar de presente uma arma para se vingar dos colegas, e acaba por se revelar um abusador homossexual que se intitulava "Madame Buterfly". 

Ele tenta seduzir Marcello que sente uma atração por aquela figura que se parece tanto com uma mulher com os cabelos compridos mantidos presos sob o quepe, mas o garoto se defende com a arma de Lino, e acredita ter assassinado o rapaz.



Essa "sombra" em seu passado vai marcar todas as suas escolhas e afetá-lo profundamente.

Em busca do que ele pensa ser uma "normalidade", decide se casar com uma jovem fútil pequeno-burguesa da classe média, que ele considera "trivial e medíocre" e por quem não sente amor, mas seu relacionamento com ela se encaixa no padrão convencional de segurança e estabilidade, que é o que ele mais procura.

Ele acredita que esse "homem normal" deva apoiar o regime vigente, o fascimo. E por  isso ele se oferece para trabalhar voluntariamente para a OVRA - Organização para Vigilância e Repressão do Anti-fascismo.


Na Rádio:

Em Roma, ele conversa com seu amigo, Italo Montanary, um radialista cego que trabalha para os fascistas e que está intermediando um trabalho também para Marcelo com "o Coronel", que promete apresentá-lo a um ministro.

Ele conta ao amigo que vai se casar com Giulia pois pretende passar uma "impressão de normalidade, estabilidade e segurança". Conta também como seu pai teria conhecido o jovem e desconhecido Hitler quando ele ainda fazia seus discursos políticos em um Bierstube, dez anos atrás, em Monique.

No escritório do ministro:

Marcello vai até o escritório do tal ministro e se oferece para uma missão específica e voluntária: investigar um antigo professor comunista que está exilado em Paris, o professor Quadri. Ele pretende se aproximar do antigo mestre e tentar descobrir sua rede de contatos.

No encontro com Giulia:

Levando rosas amarelas para sua noiva Giulia, Marcello passa em frente ao Museu Ara Pacis.



No encontro com a noiva, ela diz que para o casamento ele precisa se confessar para poder receber a eucaristia na cerimônia, e ele diz que não acredita na religião ao que ela responde que noventa por cento das pessoas que vão à igreja não crêem de fato, nem sequer os padres. (niilismo / comunismo)

Marcello fala para Giulia que o local da lua-de-mel será uma surpesa.

A mãe de Giulia mostra uma carta anônima que elas receberam dizendo que ela não deve se casar com ele, pois o pai de Marcello está internado num manicômio com danos à sua saúde mental causados pela Sífilis. (como Nietzsche?)

Marcelo se dispõe a fazer os exame e diz que a doença de seu pai não é de origem venérea. Ele mantém  um flerte com a serviçal da casa de Giulia.


Na casa da mãe de Marcello:

Na casa de sua mãe, Marcello conhece seu companheiro de missão, o agente especial Manganiello. A casa é uma mansão decadente e precisando de cuidados. Ele vai buscar sua mãe, que está viciada em morfina e mantém o motorista Abeto como seu amante. Os dois devem visitar o pai que está internado em uma clínica psiquiátrica.

Manganiello, que espera do lado de fora da casa, diz que tem uma mensagem do Coronel. Diz  que houve uma pequena mudança nos planos: que no caminho para Paris, ele deverá parar em Ventimiglia, antes de cruzar a fronteira, e procurar por Raoul, um homem de confiança do Coronel.

Marcello conta a Manganiello que o motorista Abeto está fornecendo morfina para sua mãe e se aproveitando dela. Dá instruções para que o agente "resolva" essa situação. Abeto não é mais encontrado na casa.


Na clínica psiquiátrica:

Marcelo conta a seu pai que vai se casar e o questiona sobre quando também trabalhava na repressão do anti-fascismo. A lembrança dos atos do passado deixam seu pai perturbado e nervoso.







Na igreja durante a confissão:

Seguindo as exigências da igreja para o casamento, Marcello realiza sua confissão ao padre, dizendo que não se confessa desde sua primeira comunhão, ao que o padre comenta que ele vem vivendo como um animal desde então. Marcello confessa que cometeu todos os pecados, inclusive assassinato e relata o episódio com Lino. 

"Quero ser perdoado hoje pelo pecado que cometeri amanhã;" sobre o que está prestes a acontecer 








Despedida de solteiro com Ítalo e seus amigos cegos:








Marcello comemora sua despedida de solteiro com Italo e sua comunidade de cegos. Com ele tem um diálogo sobre o que é ser um homem normal e, pelas definições de seu amigo, conclui que um homem normal é na verdade um fascista.


Viagem para a lua-de-mel em Paris:

No trem para Paris Marcello recita uma estrofe do poema "La Pioggia Nel Pineto", de Gabriele D'Annunzio, poeta italiano:

Piove dalle nuvole sparse.
Piove su le tamerici salmastre ed arse,
piove sui pini scagliosi ed irti,
piove su i mirti divini,
su le ginestre fulgenti di fiori accolti,
su i ginepri folti di coccole aulenti,
piove su i nostri volti silvani,
piove su le nostre mani ignude,
su i nostri vestimenti leggeri,
su i freschi pensieri 
che l’anima schiude novella,
su la favola bella che ieri
t’illuse, che oggi m’illude,
o Ermione.


A Chuva no Pinheiral

Chove das nuvens disperas
Chove das tamargueiras ressecadas ao seu redor
O brilho do orvalho dos alegres pinheiros
E a chuva renovada sobre os mirtos
Chove nas suas mãos nuas
Em suas vestes tranparentes
Sobre os novos pensamentos que nossas almas revelam
E sobre a fábula que me iludiu ontem
E me ilude hoje
Hermione


Giulia parece entediada com o poema, e confessa um experiência que teve antes do casamento, com o advogado da família, que foi quem escreveu a carta.


Em Ventimiglia:

No caminho para Paris Marcello faz uma parada em Ventimiglia conforme as instruções recebidas.


O endereço fica em um bordel que funciona como disfarce para o escritório do agente Raoul. Lá ele vê uma prostituta com Manganillo com o mesmo rosto da mulher que estava no escritório do ministro e que também terá o mesmo rosto da esposa do professor Quadri, na mente já perturbada de Marcello.

No escritório de Raoul, cheio de castanhas, ele recebe uma contra-ordem para eliminar o professor Quadri, e não apenas investiga-lo como proposto inicialmente. Raoul lhe dá uma arma.







Em Paris:

Durante a lua de mel em Paris o casal se hospeda no Hotel Palais d'Orsay.  Marcello liga então para o  ex-professor de filosofia, que os alunos chamavam de "Smerdikoff" (Irmãos Karavasov?)

Por suas ideias anti-fascistas, ele havia recebido no passado uma punição com óleo de rícino, como era de costume nas práticas de tortura da época nos regimes nazista e fascista.

Marcello e Giulia vão à casa do professor e conhecem Anna, sua esposa e professora de balé. Ela demostra ter um certo interesse por Marcello mas principalmente por Giulia. 

Em conversa com Quadri, Marcello relembra a aula sobre o mito da caverna de Platão e suas sombras. 


Na saída Marcello beija Anna. Mais tarde, deixa Giulia na torre Eifel e vai até a escola de balé de Anna, onde propõe a ela que os dois fujam juntos para o Brasil, mas ela diz que sabe que ele é um espião e implora para que não faça nenhum mal a ela e seu marido.

Anna acompanha Giulia que vai comprar um vestido para um jantar combinado entre os dois casais. O grupo é sempre acompanhado à distância por Manganiello, que já percebe que Marcello está reticente em  executar sua missão.

Ao sair do hotel Marcello é abordado por uma vendedora de violetas muito simples que depois de fazer sua venda canta junto com os filhos a Internacional, hino comunista.

No hotel Giulia diz a Marcello que os Quadri os convidaram para visitá-los em Savoia nas montanhas. Que o professor irá no dia seguinte, antes, e depois Anna e o casal se juntariam a ele. Marcello concorda, já sabendo o que estava para acontecer.

Os dois casais vão ao um restaurante japonês e Quadri comenta com Marcello que sabe que ele é um fascista mas que tem esperança de que ele venha a mudar de ideia.

Após o jantar os quatro vão ao baile para dançar onde Anna e Giulia dançam tango. 

Ao nascer do dia, na cena inicial do filme, Marcello recebe então a ligação de seu comparsa dizendo que o professor já saiu de casa para Savoia mas que a esposa foi junto, o que deixa Marcello ainda mais nervoso. Eles marcam de se encontrar em frente ao hotel.




Ele pede para que Manganiello dirija mais rápido para eles conseguirem salvá-la, mas a pista está muito escorregadia por causa da neve. Ele quer muito poupar a vida de Anna mas Manganello diz que não será possível já que não pode haver testemunhas.

No carro, Marcello e seu companheiro conversam e ele se lembra de um poema do imperador romano Adriano, no século II d.C.:

"Anima vagula blandula
Hospes comesque corporis
Qua nunc abibis in loca
Pallida, rigida, nudulla
Nec, ut soles, dabis iocos..."

"Pequena alma terna flutuante,
Companheira e hóspede do corpo
Agora se prepara para descer a lugares
Pálidos, árduos, nus,
Onde não terás mais os devaneios costumeiros..."


No caminho eles vêm o carro dos Quadri e o seguem à distância. Anna percebe que estão sendo seguidos e são encurralados por um outro carro que vem na direção oposta. Durante esse parada, um grupo de homens sai do meio da floresta. Quadri sai do carro, tenta fugir mas é esfaqueado várias vezes pelo grupo, num ataque muito parecido ao que sofreu o romano Julio César no passado.

Anna observa tudo de dentro do carro paralisada de terror. Sai do carro junto com seu cão e corre para o carro de Marcello em busca de ajuda, mas esse a olha friamente, sem poder fazer nada por ela pois não tem coragem para enfrentar a organização para quem trabalha e todo o sistema a que serve. 

Anna corre desesperada pela floresta mas também é atingida pelos assassinos de seu marido e morre também.


De volta a Roma:

Muitos anos se passam, e agora Marcello tem uma filha com Giulia, e também a vida de um "homem normal" como ele sempre desejou. O noticiário anuncia a queda de Benitto Mussolini  e Marcello sai com Italo para ver de perto "como é a queda de uma ditadura".

No caminho ele escuta uma voz familiar, que jamais sairia de sua lembrança. Ninguem menos que Madame Butterfly. Lino não tinha morrido e está seduzindo um garoto de programa na rua. 

A constatação de ter acreditado ser uma assassino injustamente por toda a vida aflora em Marcello um sentimento de raiva e revolta, que se vira contra tudo o que representa o fascismo a começar por seu amigo Italo.

Marcelo olha para o rapaz de maneira enigmática, revelando o homossexualismo reprimido no fundo de sua alma.


Texto de Lizandra Soave

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Barbarossa

Lombardia, norte da Itália, 1155.
 
O então rei alemão Frederick I, conhecido como Barbarossa é coroado rei da Itália e logo em seguida, no mesmo ano, é coroado Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, pelo Papa Adriano IV.
 
O objetivo de Barbarossa era expandir seu império, retomando o que havia sido conquistado pelo Imperador Carlos Magno, no século VIII.
 
Sua história está contada no filme Barbarossa (título original), de 2009, do diretor italiano Renzo Martinelli.
 
No Brasil o título ficou Frederick Barbarossa - A Companhia da Morte.




 
Para alcançar seu objetivo, Barbarossa sabia que teria que dominar a cidade italiana de Milão, e ele conseguiu destruir completamente a cidade.

Porém, ele se deparou com um grupo chamado Companhia da Morte, formado por 900 jovens de várias cidades da Lombardia, liderado pelo jovem milanês Alberto Da Giussano, também protagonista do filme.

Em 1158, Barbarossa decretou seu poder sobre toda a Península Itálica na assembléia que ficou conhecida como Dieta de Roncaglia. Dietas, nesse caso, significavam reuniões para que o imperador deliberasse sobre suas decisões com os senhores feudais e eclesiáticos, bem como com os chefes das comunas (cidades italianas) lombardas (da Lombardia, no norte da Itália) e emilianas (da Emilia-Romana, região que ficava logo ao sul da Lombardia).

Em oposição à Barbarossa também foi formada, em 1167, a Liga Lombarda, composta por 30 cidades da região da Lombardia. Ela tinha o apoio do Papa Alexandre III, que sucedeu o Adriano IV.

Em 1176, Barbarossa foi derrotado pelas tropas de Alberto Da Giussano na Batalha de Legnano. Ele saiu com vida mas renunciou a seu trono em nome de seu filho mais velho, e partiu alguns anos depois para Jerusalém para lutar na Terceira Cruzada, liderando os cruzados contra a invasão do chefe muçulmano Saladino.

No caminho para Jerusalém, quando passava pela Cilícia, região da Ásia Menor, ele caiu em um rio ao tentar atravessá-lo, e morreu afogado por causa do peso de sua armadura.

A liderança então passou para o jovem rei inglês recém coroado Ricardo I, conhecido posteriormente como Ricardo Coração de Leão.

A história das cruzadas está contada aqui no blog nas postagens dos filmes Cruzada (Kingdom of Heaven), de 2005, e As Cruzadas, de 1935. Esse último está mais focado na história de Ricardo Coração de Leão.