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300

Esparta, Grécia, 480 a. C.

O rei e general Leônidas reúne 300 de seus melhores soldados, para lutarem pela Grécia, juntamente com mais sete mil soldados gregos, contra o temível Xerxes, o rei da Pérsia, e seu sofisticado exército de 300 mil soldados.

Xerxes tentava invadir a Grécia sedento por vingança pela humilhante derrota de seu pai, Dario I, que havia perdido para Antenas, na Batalha de Maratona, a primeira batalha das Guerras Médicas.

Essa é a história contada no filme americano 300, rodado em 2006, do diretor também americano Zack Snyder.


Confesso que quando assisti a esse filme pela primeira vez, fiquei bastante incomodada com violência excessiva e com tanto sangue, o que realmente não é o meu estilo preferido de filme. A história também não era de todo desconhecida, pois todos nós estudamos esse episódio na escola e temos um certo conhecimento.

Porém, após me aprofundar no estudo da história da Grécia Antiga e descobrir o quanto essa batalha no desfiladeiro de Termópilas foi importante, inclusive para o destino da civilização ocidental e da democracia que estava nascendo naquele período, ao assisti-lo novamente para escrever essa postagem, só consegui ver beleza, bravura  e heroísmo, e a violência realmente ficou em segundo plano.

Já falamos sobre a Batalha de Termópilas e da Grécia daquela época, na postagem do filme "Os 300 de Esparta", de 1962. Agora vamos falar um pouco mais sobre a batalha propriamente dita.

A fonte de informações sobre esse evento está no poema "Histórias" escrito pelo poeta grego Heródoto.

Como já dissemos, Xerxes invade a Grécia para se vingar de Atenas, por seu pai, Dario I, ter sido humilhado pela cidade grega na derrota em Maratona, dez anos antes, quando tentou invadir a Grécia, e também para expandir ainda mais seu vasto e multicultural império e garantir sua hegemonia do comércio no Mar Egeu.

E ele investe em duas frentes de entrada:
  • uma por terra, no estreito de Termópilas, que seria protegida pelo general espartano Leônidas
  • outra por mar, no estreito de Artemísio, protegida pelo general ateniense Temístocles

A entrada por terra ficava na costa do mar Egeu, chegando ao desfiladeiro de Termópilas, um estreito que era o único caminho ligando o norte da Grécia, na parte continental, ao sul, onde ficavam as principais cidades-estados gregas da época.

O general Leônidas sabia que somente naquele local os gregos poderiam oferecer alguma resistência, pois anulariam a principal vantagem do adversário que era um número muito maior de soldados.

 
 
Quando os governantes da cidade de Atenas, maior rival de Esparta, convoca todas as cidades gregas para lutarem juntas contra os persas, formando a Liga de Delos, os espartanos, que eram muito religiosos, consultam o Oráculo de Delphos. Eles não haviam lutado na Batalha de Maratona para respeitar o festival religioso de Carnéia.

Porém, Leônidas decide lutar em Termópilas. Para isso, ele reúne 300 de seus melhores soldados, mas todos com filhos, para que sua linhagem tivesse continuidade.

A batalha durou três dias.

No primeiro dia, Xerxes ataca primeiro, confiante em uma vitória fácil. Mas as flechas dos persas não são nem de perto suficientes para abalar o exército grego, e as baixas dos persas são imensas.

No segundo dia, Xerxes decide usar o que ele tem de mais feroz, e envia seu silencioso exército de Imortais, novamente confiante que sairia vencedor, mas a resistência grega continua inabalável.

No terceiro dia, Xerxes, já sem suprimentos e quase desistindo de sua empreitada, recebe a informação de um grego traidor, de que havia uma outras passagem por uma trilha de pastores de cabras.

Mas Leônidas, prevendo que isso poderia acontecer, já havia deixado alguns guerreiros gregos vindos da região da Fócia tomando conta dessa trilha. No entanto, estes, temendo por sua famílias, quando viram o exército persa se aproximando, bateram em retirada, deixando o caminho livre para o adversário.

Nesse dia, outros gregos também fugiram da batalha ou foram dispensados por Leônidas, mas os 300 soldados espartanos tinham que ficar e lutar até a morte. E foi o que aconteceu.

Os espartanos de Leônidas perderam essa batalha mas impuseram baixas consideráveis aos persas e ganharam tempo para que a entrada por mar ficasse protegida por mais tempo.

Assim, o ateniense Temístocles, que guardava essa entrada por mar, conseguiu, tempos depois derrotar os persas nas Batalhas de Salamina e de Platéia, onde liquidaram de vez o exército de Xerxes.



Treinamento espartano:

A vida de um homem ou de uma mulher espartana não lhes pertencia, e sim ao estado, e era uma honra morrer servindo à nação.

Ao nascer, o bebê era avaliado por um ancião para ver se tinha algum tipo de imperfeição e se não poderia ser um guerreiro. Se tivesse, ele seria abandonado para morrer.

Até os sete anos de idade, o garoto espartano vivia com sua mãe, também uma bem treinada guerreira. Com essa idade, ele era levado para um rígido campo de treinamento, onde ficava até os dezoito anos, para se tornar uma máquina letal, caso sobrevivesse.

Lá ele aprendia a não chorar, a suportar a dor, a matar e a fugir de uma cena de crime sem ser notado.

Aos dezoito anos, ele entrava para o exército, onde ele recebia da mãe um escudo e ouvida dela a frase "Com o seu escudo ou sobre ele", pois era somente assim que ele deveria voltar de uma batalha.







Os 300 de Esparta

Desfiladeiro de Termópilas, centro da Grécia, 480 a. C.

Um exército formado por 300 soldados espartanos, a "tropa de elite" dos exércitos gregos, comandada por Leônidas, enfrenta o numeroso exército do rei Xerxes da Pérsia, naquela que ficou conhecida como Batalha de Termópilas, a segunda das Guerras Médicas.

Essa é a história contada no filme Os 300 de Esparta, de 1962, do diretor polonés Rudolph Maté.



As Guerras Médicas:

Foram as guerras entre gregos e a Pérsia, e recebe esse nome porque os persas também eram chamados de medo-persas.

Havia conflitos de interesses comerciais entre os dois povos, pelo domínio do comércio e das comunicações no mar Egeu, que na época estava com os persas, que também dominavam algumas cidades gregas na Ásia Menor.

Os gregos ameaçavam essa hegemonia persa.

 
Primeira Guerra Médica - Batalha de Maratona:

Em 498 a. C as cidades gregas (entre elas Mileto) se rebelaram contra os persas e a cidade de Atenas, na Grécia europeia decidiu apoiá-las.

Porém, em 490 a. C, os Persas, sob o domínio de Dario I, dominam a revolta, incendeiam a cidade de Mileto e invadem Atenas para puni-la por ter ficado ao lado das cidades revoltosas.

O exército ateniense, sob o comando de Milcíades, enfrentou sozinho o exército persa na cidade de Maratona, a 42 km de Atenas, e conseguiu derrotar o exército inimigo naquela que ficou conhecida como Batalha de Maratona.

O soldado Fidípedes foi então mandado a Atenas para dizer que os gregos haviam vencido a batalha. Chegando lá, após correr 42 km, ele apenas conseguiu dar a mensagem e caiu morto de ataque cardíaco. Essa é a origem das corridas de maratonas que são realizadas nos dias de hoje.


Segunda Guerra Médica - Batalha de Termópilas:

É o tema principal do filme em questão. O rei Xerxes, da Pérsia, filho de Dario I, possuía o maior e mais sofisticado exército do mundo na época e tinha o objetivo de tomar a cidade de Atenas.

Após a humilhante derrota de seu pai na Batalha de Maratona, Xerxes tinha sede de vingança contra os atenienses.

A Grécia daquela época não era um país unificado, mas sim um conjunto de cidades-estados que constantemente lutavam entre si pela supremacia na região. No entanto, todo o  povo grego estava ameaçado pelas constantes invasões e pelo poderio dos persas.

Atenas, que até então era rival de Esparta, pede apoio a essa e a outras cidades gregas para lutarem juntos contras os persas e elas decidem ajudar. Esparta consultou o Oráculo de Delphos antes de tomar sua decisão. Essa foi a primeira vez que a Grécia se uniu em torno de um objetivo comum.

Assim é criada a Liga de Delos, ou a Confederação de Delos, que era a união dos gregos contras os persas.

Porém, o número de soldados persas era muito maior. Eram 7 mil gregos, liderados pelo rei de Esparta Leônidas e seus 300 soldados espartanos, contra 300 mil soldados persas.

Os gregos decidiram então fazer com que a batalha acontecesse em um local em que os persas ficassem em desvantagem, e o ponto escolhido foi o estreito ou o desfiladeiro de Termópilas.

Esse local foi estratégica e geograficamente escolhido pelos gregos porque dessa forma reduziriam o número de soldados persas com quem lutariam, anulando assim a vantagem numérica do inimigo.

A batalha durou três dias, e o esforço grego não foi suficiente para vencer Xerxes, no entanto, serviu para produzir uma baixa considerável em seu exército e ganhar tempo para que Temístocles, de Atenas, conseguisse proteger um canal no estreito de Artemísio, por onde os navios persas pretendiam entrar.

Ao perceber que a morte seria inevitável, muitos soldados gregos debandaram ou foram dispensados por Leônidas. Mas ele não dispensou os 300 soldados espartanos que tinham vindo com ele, e esses lutaram até a morte, marcando seu feito heroico pela eternidade.

Assim os gregos liderados pelos espartanos perderam a batalha mas ganharam tempo para as outras batalhas fossem preparadas.

A Batalha de Termópilas "determinaria o curso da civilização ocidental e o destino da democracia".

Falamos sobre ela com mais detalhes na postagem dos filme 300.


Terceira Guerra Médica - Batalha de Salamina


Após a vitória de Xerxes em Termópilas, o exército persa consegue avançar para dentro da Grécia e realiza seu objetivo de destruir a cidade de Atenas.

Porém, o experiente general ateniense Temístocles já previa o que iria acontecer e já havia evacuado a cidade, reduzindo assim o número de baixas gregas.

Temístocles havia combatido na Batalha de Maratona e sabia que os persas eram experientes guerreiros em terra mas tinham deficiências quando as batalhas eram travadas no mar.

Então ele conseguiu uma maneira de atrair os navios persas, muito mais numerosos que os gregos, para os Estreitos de Salamis, onde conseguiu derrotar os persas, utilizando um poderoso tipo navio criado por ele, o trirreme. Essa batalha ficou conhecida como Batalha de Salamina.

Assim os gregos venceram as Guerras Médicas e a cidade de Atenas despontou como a principal cidade grega.

Um pouco mais sobre a Grécia Antiga...

Na postagem sobre o filme Tróia falamos um pouco sobre os primeiro grande período da Grécia Antiga, a História Creto-Micênica, que se inicia por volta de 2000 a. C e vai até o séc. VIII a. C.

Vimos que ele era dividido em dois sub-períodos:
  • Período Pré-Homérico
  • Período Homérico
Agora vamos falar um pouco sobre o segundo grande período da história grega: a História da Pólis, que vai do séc. VIII a.C até o séc. II a. C.

A História da Pólis também é dividida em dois sub-períodos:
  • Período Arcaico
  • Período Clássico


Período Arcaico:

Esse período se inicia após a guerra de Tróia e vai até as guerras médicas. É marcado pelo destaque de duas cidades-estados: Atenas e Esparta

Atenas tem o comércio como principal atividade e sua sociedade é formada por:
  • eupátridas (homens livres)
  • georgóis (ficam com as piores terras)
  • demiurgos (georgóis que não conseguiram terras e trabalham no comércio)
  • thetes  (homens sem terra)
  • escravos
Esparta tinha como principais atividades a agricultura e os treinamentos bélicos. Era uma sociedade totalmente voltada para a guerra.

Quando os bebês nasciam com algum tipo de deficiência, eram jogados de um precipício para que sobrevivessem apenas aqueles que teriam condições de lutar.

O treinamento militar era extremo e os espartanos eram considerados "a tropa de elite" dos exércitos gregos.

Sua sociedade era formada por:
  • esparciatas (homens livres)
  • periecos (sem direitos políticos)
  • hilotas (escravos)

Período Clássico:

Esse período começa após as guerras médicas e vai até a tomada da Grécia pelos macedônios.

Nele está o período da Atenas Democrática, conhecido como Século de Péricles, ou Século de Ouro, que vai de 461 a. C a 429 a. C, quando ocorreu enorme desenvolvimento tecnológico, nas artes e na filosofia.

Esparta, revoltada com o imperialismo de Atenas após as Guerras Médicas, resolve criar a Liga do Peloponeso, formada em conjunto com outras cidades e luta contra Atenas em 431 a. C, saindo vitoriosa.

No entanto, toda a Grécia fica enfraquecida e sofre a invasão dos macedônios liderados por Filipe II e seu filho, Alexandre III, o Grande, dando início ao helenismo, mais detalhado na postagem do filme Alexandre.