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Teseu Contra o Minotauro

Há milênios a lenda do Minotauro, a monstruosa criatura com corpo de homem e cabeça de touro, povoa o imaginário popular, assim como a história do heroi que o enfrentou bravamente também se tornou lendária. Teseu, filho do rei Egeu de Atenas, foi o predestinado capaz de livrar os jovens da sua cidade do terrível destino de servir de sacrifício para a fera. E não teria conseguido sem ajuda da princesa Ariadne, filha do rei Minos, de Creta.

Essa história está contada no filme italiano "Teseu contra o Minotauro", de 1960, do diretor Silvio Amadio. 



Apesar de fugir um pouco da história conhecida do heroi e romantizar bastante principalmente na relação dele com a heroína Ariadne, o filme contextualiza muito bem a história, mais com o objetivo de entreter do que abordar questões psicológicas e filosóficas (como acontece no filme do Pasolini sobre Medeia, já tratado aqui no blog).

Mas a seguir vamos juntar as peças desse emaranhado de informações sobre Teseu e Ariadne.


Nascimento de Teseu e chegada dele a Atenas:

O rei Egeu, de Atenas, já havia se casado duas vezes mas estava preocupado por ainda não ter gerado um filho para quem pudesse transmitir seu legado e seu reino. 

Ele foi então consultar um oráculo em outra cidade para buscar aconselhamento. Porém, a resposta da sacerdotiza que o atendeu não foi muito clara e ele não conseguiu compreender a mensagem. No retorno para Atenas ele parou na cidade de Trezena, onde o rei local, Piteu, era um sábio que talvez pudesse ajudá-lo a desvendar a resposta do oráculo. Piteu, ao compreender o mistério, induziu Egeu a passar a noite com sua filha Etra, que logo constatou que estava esperando um filho. Acontece que na mesma noite, Etra também havia tido um encontro com o deus Poseidon, que tinha ido até ela. 

Como tinha dúvidas se a criança era mesmo seu filho, Egeu deixou em Trezena, sob uma enorme pedra, sua espada e suas sandálias, junto com a seguinte instrução: se o menino, quando crescesse, tivesse forças suficentes para remover a pedra e retirar os pertences do rei, ele saberia que tratava então de seu filho legítimo.

Alguns anos se passaram e Egeu chegou a se casar com a perigosa feiticeira Medeia, tendo com ela um filho, Medo. O jovem Teseu cresceu em Trezena muito forte e cumpriu o que foi determinado por Egeu. Chegando em Atenas, Medeia o reconheceu e, temendo perder sua influênca e herança de seu filho,  induziu o rei Egeu a eliminá-lo, dizendo se tratar de um impostor. Mas Egeu quando viu a espada e as sandálias reconheceu Teseu como seu filho legítimo e expulsou Medeia de Atenas. Ela voltou para a Cólquida, sua terra natal, com o filho.

Essa então foi a primeira história de Teseu, que viria a ser um lendário herói da mitologia grega.


Nascimento do Minotauro na ilha de Creta:

A ilha de Creta era a maior ilha da Grécia e teve seu apogeu durante o período pré-homérico, ou seja, antes da Guerra de Troia. 

O rei Minos, precisando legitimar seu poder, pede ajuda de Poseidon, deus do mar, que lhe envia um magnífico touro branco saído das águas para ser sacrificado em sua homenagem, como forma de aval ou benção para a autoridade do rei. Porém, Minos, encantado com a beleza do animal, decide ficar com ele e oferece um outro touro ao deus, despertando a sua ira.

Como punição a esposa de Minos, a rainha Pasifae (que era tia de Medeia), enfeitiçada pelo touro, dá a luz a uma criatura monstruosa, com corpo de humano e cabeça de touro, chamado de Astério mas conhecido como Minotauro (a interferência do arquiteto Dédalo, a vaca de madeira e os detalhes sórdidos ficam para outra ocasião).

A besta se alimentava de carne humana e foi trancafiada em um labirinto projetado por Dédalo. 


Teseu e Ariadne:

Em uma determinada guerra entre Creta e Atenas, a ilha de Creta saiu vencedora e o rei Minos exigiu  então que o rei Egeu enviasse, a cada 9 anos, sete moças e sete rapazes para serem entregues em sacrifício como alimento para o Minotauro. 

O corajoso Teseu, já integrado ao reino de Atenas, se oferece para ir com os jovens para enfrentar a fera.

Seu pai, o rei Egeu, pediu que Teseu, quando retornasse, colocasse as velas brancas em seu navio, para que o rei soubesse que ele voltava vitorioso e em segurança. Se o navio voltasse com as velas pretas, como na partida, seria um sinal de que seu filho teria sido morto pelo Minotauro.

Chegando a Creta Teseu conhece a jovem Ariadne, filha do rei Minos que se apaixona pelo rapaz e decide ajudá-lo (história muito parecida com a de Medeia). Na entrada do labirinto ela dá a ele um fio de lã que ela ficaria segurando do lado de fora para que ele conseguisse sair de lá caso conseguisse matar a fera. Teseu então consegue ter sucesso em sua batalha, e sai em segurança da ilha de Creta, com Ariadne ao seu lado.

Porém, na volta para Atenas, o jovem casal fez uma parada na ilha de Naxos. para passar a noite. Só que pela manhã Teseu partiu da ilha sozinho, abandonado Ariadne, que ficou absolutamente desolada. Mais tarde ela viria a se casar com o deus Dionísio.

Há uma ópera do compositor alemão Richard Strauss chamada "Ariadne auf Naxos" que narra essa passagem da mitologia.



Ao retornar para Atenas, Teseu se esquece de trocar as velas do seu navio para as velas brancas, como havia combinado com seu pai caso voltasse vivo e vitorioso. O rei Egeu, ao ver as velas pretas do navio de Teseu voltando para casa, presume que seu filho está morto e se atira ao mar. Daí o nome do mar que banha a Grécia, mar Egeu.


Série "Dark" da NETFLIX (alerta de spoiler):

A série "Dark", da NETFLIX, tem feito muito sucesso e muito tem sido falado sobre ela, inclusive o paralelo com o mito de Teseu e Ariadne. Vamos listar aqui algumas mais evidentes:

1. A personagem Marta, aparece em diversas cenas se apresentando no teatro da escola encenando justamente a peça Ariadne, cujo livro também aparece no passado na série.


2. O fio vermelho amarrado na caverna no ouroboro (símbolo da cobra mordendo a própria cauda) assemelha-se ao fio que Ariadne dá a Teseu para que ele encontre o caminho de volta no labirinto.


3. O  nome da editora do livro sobre a viagem no tempo é Minotauro.


4. Assim como o rei Egeu, pai de Teseu, o pai de Jonas também tira sua própria vida.

5. Existe ainda o "Paradoxo do Navio de Teseu", cujas partes de madeira foram substituídas ao longo da jornada, e portanto o navio que retorna à pátria não é o mesmo que partiu, assim como os personagens, principamente o Jonas-Adam apesar se serem a mesma pessoa já não têm a mesma essência.

Medeia

Uma mulher que levou a vingança até às últimas consequências. Essa é Medeia, heroína e vilã da tragédia que leva seu nome, escrita pelo poeta grego Eurípedes no século V a.C.

A obra traz a terrível história da maquiavélica feiticeira que foi esposa de Jasão, o príncipe da Tessália, na Grécia, e que foi a bordo da nau Argo, ao lados dos lendários argonautas, para a Cólquida em busca do Velocino de Ouro. Já falamos dessa história aqui no blog na postagem do filme "Jasão e o Velocino de Ouro".





Medeia foi uma princesa da Cólquida (atual Gergia) e teria vivido por volta de 1.200 a.C., algum tempo antes da guerra de Troia. 

Filha do rei Eetes, era também uma experiente manipuladora das artes ocultas, uma feiticeira perigosa, Medeia se apaixona por Jasão quando o jovem heroi grego chega à Cólquida em busca do velo de ouro, Ela o ajuda em sua empreitada, traindo assim a sua família e sua pátria e fugindo com ele para a Tessália. Para facilitar a fuga ela rapta e esquarteja o próprio irmão, e vai jogando as partes de corpo pelo caminho para que as tropas do rei precisem parar para recolhê-las, dando assim mais tempo para que ela, Jasão e os argonautas cheguem ao mar.






Depois de passarem por muitas aventuras nas quais a astúcia da vivida mulher foi fundamental, eles chegam a Iolcos e entregam então o velocino ao rei Pelias, que se recusa a cumprir sua parte no acordo, de passar o reino a Jasão. Medeia então trama contra ele um plano macabro e convence as filhas do rei a esquartejarem e cozinharem o pai, com a promessa de rejuvenecê-lo e dar-lhe boa saúde. Por causa desse crime bárbaro o casal é expulso da Tessália e busca exílio em Corinto.


Só que em Corinto o rei Creonte não queria a presença dela em sua cidade por temer seu comportamento bárbaro e perigoso, principalmente pela manipulação da magia. Mas queria que Jasão ficasse e ocupasse um alto cargo administrativo, casando-se com a sua filha Glauci (ou Creusa). Jasão aceitou a proposta pensando na sua situação social e econômica já que tinha ficado pobre e pensou também no futuro de seus filhos.

Porém o rei exigiu que Medeia saísse da cidade com os filhos imediatamente.

Medeia não aceitou essa decisão de Jasão e entendeu como uma traição. Ela que tinha feito tudo por ele, largado a família, o país e cometido muitas barbaridades. Além disso ela era muito apaixonada por ele e com seu orgulho ferido arquitetou uma traição que ultrapassaria qualquer limite do aceitável.

Ela pediu a Creonte que lhe concedesse mais um dia na cidade para se preparar para o exílio. Ele concedeu mas já pressentindo que iria se arrepender. Medeia então preparou um presente para a noiva: sua própria grinalda e suas jóias que seriam levada à Glauci pelos filhos. Quando a princesa viu tão belos ornamentos não resistiu e os vestiu imediatamente. Porém as peças estavam envenenadas e queimaram o corpo da moça levando-a à morte, juntamente com seu pai, o rei, que correu para socorrer a filha.

Mas sua vingança não iria parar por aí. Para dar o golpe fatal no coração de seu amado Jasão, ela tirou a vida dos próprios filhos, sabendo que aquela seria a maior dor que ela poderia causar no rapaz.

Como era neta do deus sol, a feiticeira então deixou a cidade numa carruagem de fogo e partiu para Atenas onde já tinha combinado asilo com o rei Egeu, que estava com problemas para conseguir ter um filho para quem deixar seu trono e contava com os conhecimentos ocultos da feiticeira.


Jason and Medea - by Carle van Loo

Ela então se casou com o rei Egeu e deu a ele o filho Medo que seria o próximo rei de Atenas se não aparecesse Teseu como filho legítimo que Egeu não sabia que tinha. Teseu, um dos argonautas e muito conhecido por seus feitos heroicos, tornou-se rei e Medeia voltou para a Cólquida com seu filho. Medo veio a ser um grande rei da Cólquida.
 
No cinema houve duas adaptações da obra que mereceram destaque: a primeira, de 1969, do diretor italiano Pier Paolo Pasolini, que traz a belíssima soprano grega Maria Callas no papel principal.



A segunda, de 1988, do diretor dinamarquês Lars von Trier,  traz um estilo completamente diferente mas também com altíssimo nível de qualidade de fotografia, com a atriz dinamarquesa Kristen Olesen, dando um show de interpretação no papel de Medeia.