Mostrando postagens com marcador Revolução Cubana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Revolução Cubana. Mostrar todas as postagens

Che

Cidade do México, 1955.
 
O jovem médico argentino Ernesto Guevara, de 26 anos, mais conhecido como "Che", conhece os jovens irmãos cubanos Raúl Castro, com 23 anos, e Fidel Castro, então com 28 anos.
 
Os dois irmãos se encontram exilados no país depois de terem sido libertados da prisão através da anistia concedida pelo ditador cubano Fulgêncio Batista. Em Cuba eles tinham sido presos por causa de um quixotesco ataque ao quartel de Moncada, em 26 de Julho de 1953, numa tentativa de tirar Batista do poder.
 
Juntos, os três jovens marxistas planejam um retorno a ilha de Cuba, onde pretendiam implantar uma revolução socialista e derrubar o ditador. Fundam então o Movimento 26 de Julho.
 
E em novembro de 1956, a bordo do Granma, um barco que "fazia água" e que tinha capacidade para 25 tripulantes, eles seguem precipitadamente em direção à ilha, com mais 79 guerrilheiros.
 
O fatos que ocorreram a partir daí, até a Revolução Socialista Cubana, em dezembro de 1959, estão contados no filme CHE, de 2008, do diretor americano Steven Soderbergh, que traz o ótimo ator portoriquenho Benício del Toro no papel principal e o ator brasileiro Rodrigo Santoro no papel de Raúl Castro.
 
Che
 
As cenas dos difíceis anos vividos na Sierra Maestra, onde os guerrilheiros se instalaram após o desembarque nas praias cubanas, estão intercalados no filme com cenas de momentos do ano de 1964, em que Che concede uma entrevista para uma jornalista e também com cenas de sua preparação para o discurso feito na Assembleia Geral das Nações Unidas.
 
Apesar de tentar apresentar a lendária figura de Che Guevara de maneira mais realista, sem tanto romantismo, o filme acaba contribuindo para solidificar ainda mais imagem de mito e herói que o guerrilheiro recebeu nas últimas décadas.
 
Apesar de violento e autoritário, ele aparece no filme como um revolucionário justo e corajoso, com atitudes nobres e com causas legítimas.
 
No entanto, essa tentativa está muito longe de retratar a verdadeira personalidade assassina, fria e sanguinária por trás do mito.
 
Che, assim como seu amigo Fidel, era movido pelo mais puro ódio e não titubeava em mandar para o paredão de fuzilamento qualquer um que discordasse de suas ideias.
 
Ainda não foi dessa vez que a verdadeira face de Che Guevara veio à tona no cinema...

Dirty Dancing 2 - Noites de Havana

Havana, Cuba, 1958.
 
Durante a alta estação de férias e festividades de final de ano muitos turistas chegam à ilha em busca de diversão nos hotéis e cassinos, e também para desfrutar das paisagens paradisíacas e de quentes ritmos caribenhos como o mambo.
 
Grandes empresas americanas também se estabelecem na ilha, de olho na maré de prosperidade. Nesse contexto, a tímida e desengonçada jovem Katey Miller acaba se mudar para Havana com a família, onde o pai irá trabalhar na empresa de automóveis Ford.
 
Ela logo percebe o abismo que separa os americanos dos nativos. São dois mundos paralelos se complementam, mas que não se misturam jamais.
 
O presidente e ditador Fulgêncio Batista governa a ilha com mãos de ferro para garantir que tudo funcione da melhor maneira e que nada nem ninguém atrapalhe os seus planos e dos seus aliados, os mafiosos, grandes responsáveis por transformar o local em um parque de diversões dos jogos de azar, uma verdadeira Las Vegas dos dias de hoje.
 
E a história dos últimos dias de glória desse paraíso da contravenção está contada de maneira leve no filme Dirty Dancing 2 - Noites de Havana, do diretor americano Guy Ferland, lançado em 2004.


 
 
Como eu disse, o filme é leve e traz um romance bem água com açúcar, tendo a dança como estrela principal, no mesmo estilo do primeiro filme, o nostálgico Dirty Dancing - Ritmo Quente, de 1987 (que por sinal tem uma trilha sonora incrível).
 
O falecido ator Patrick Swayze, herói do primeiro filme, tem uma participação também em Noites de Havana, como instrutor de dança.
 
 
 
Não podemos dizer que esse segundo filme seja uma continuação, pois o primeiro se passou em 1963, ou seja, depois da Revolução Cubana, enquanto o segundo filme se passa no final de 1958, bem no olho do furacão da revolução,  no momento em que os rebeldes, liderados pelo jovem advogado cubano Fidel Castro e pelo médico argentino Che Guevara, derrubam a ditadura de Batista.
 
Como no primeiro filme, a mocinha também conhece um jovem e sedutor rapaz nativo que vai lhe ensinar a dançar e com quem ela terá um envolvimento amoroso.
 
Mas esse rapaz agora, o Javier Suarez, também vai acabar mostrando à moça um outro lado da ilha, longe do glamour dos resorts e dos cassinos. Um mundo de sensualidade natural, de dança e musicalidade genuínas, mas também um mundo de pobreza e de opressão, um caldeirão prestes a entrar em ebulição.
 
O jovem fala para a moça sobre um herói cubano, o José Martí, mártir da Independência de Cuba no final do século 19, criador do Partido Revolucionário Cubano e grande inspiração dos rebeldes.
 
As figuras de Batista, de Fidel e de Che Guevara não aparecem explicitamente no filme, no entanto, quem tem algum conhecimento da história consegue identificá-los no pano de fundo, com os rebeldes representados pelo irmão do personagem Javier e por seus amigos.
 
Durante as cenas sobre a revolução o filme toma um ar mais sério, mais pesado, mas mesmo assim pode-se notar um certo idealismo na causa dos rebeldes, que lutavam por liberdade e para expulsar da ilha os exploradores mafiosos. E o filme vai até esse momento, em que a população festeja essa conquista.
 
No entanto, o que aconteceu na vida real após essa revolução socialista, não se parece nem um pouco com aqueles ideais pregados por Fidel e por Guevara. Uma outra história, ainda mais opressiva e  sanguinária estava só começando para o povo cubano.
 
O Che Guevara tornou-se um homem cruel e violento, bem diferente do herói idealizado por estudantes pelo mundo afora, como símbolo de rebeldia. Morreu alguns anos depois, em 1967 na Bolívia, onde tentava implantar também lá uma outra revolução.
 
Fidel Castro, juntamente com seu irmão Raul Castro, ao tomar o poder mostrou a sua verdadeira face aliando-se à extinta União Soviética (atual Rússia), implantando o socialismo na ilha e tornando-se ele mesmo um ditador.
 
Desde então, há mais de 50 anos, além de coibir violentamente a liberade dos cubanos, ele continua tentando expandir a sua falida revolução para os outros países da América Latina, angariando seguidores fanáticos que lutam em prol da sua própria ganância e da sua ideologia comunista.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

O Poderoso Chefão

Nova York, 1946.

A fictícia família Corleone comemora a festa de casamento da filha, a Connie, e o patriarca Don Vito Corleone, um poderoso gangster conhecido como "padrinho", recebe pedidos de favores nada convencionais de alguns dos convidados em troca da lealdade deles.
 
Vito Corleone tinha vindo da Sicília, na Itália, alguns anos antes, em circunstâncias muito difíceis,  começando uma nova vida na América. Ali, ao lado de outras famílias italianas, os Corleone conseguiram enriquecer através de atividades ilícitas, tendo como fachada alguns negócios legítimos como a produção de azeite.
 
A história dessa família dentro do contexto da máfia americana está magistralmente contada no premiado filme O Poderoso Chefão (título original: The Godfather), de 1972, do diretor americano Francis Ford Copolla, baseado no livro homônimo do escritor ítalo-americano Mario Puzo.
 
 
 
 
 

 
 
Esse fílme é o primeiro de uma trilogia e é estrelado por atores como Marlon Brando, Al Pacino, Robert Duvall, Diane Keaton, entre outros.
 
Marlon Brando, no papel de Don Vito, e Al Pacino, no papel de Michael Corleone, um dos três filhos de Don Vito, apresentam uma atuação brilhante, para dizer o mínimo.
 
 
 Al Pacino como Michael Corleone
(então com 32 anos)
 
Muito mais que um filme sobre a máfia, O Poderoso Chefão toca em valores sublimes como família, honra, lealdade e hieraquia. Don Vito é acima de tudo um homem justo.
 
Mas se é uma obra fictícia, por que seria um filme histórico?
 
O Poderoso Chefão retrata muito bem o momento pós segunda guerra mundial, mostrando os Estados Unidos em franco crescimento. O próprio Michael é apresentado como um herói de guerra e, no primeiro momento, ele não tem relações com os negócios da família.
 
A cidade de Nova York estava tomada por gangters de várias nacionalidades: italianos, judeus, irlandêses... Eles exploravam negócios ilícitos, principalmente os jogos de azar e comércio ilegal de bebida. O tráfico de drogas também estava começando e no filme ele aparece como o motivo das desavenças entre as famílias que comandavam os esquemas.
 
Esse primeiro filme da trilogia vai dar o embasamento para os eventos que serão contados nas duas sequências, envolvendo a Revolução Cubana. O segundo filme é de 1974 e o terceiro de 1990. Falaremos deles em outras postagens.
 
Várias passagens e personagens do filme podem ser identificadas com um paralelo na vida real, como por exemplo, o cantor Johnny Fontane, que vai pedir ao "padrinho" Don Vito Corleone a  intervenção do chefão junto a um importante diretor de cinema para conseguir um papel no filme que ele iria produzir.
 
O diretor recusa enfaticamente o pedido no primeiro momento, alegando que Fontane teria arruinado a vida de uma atriz muito valiosa para o ele, alguém em quem ele teria investido milhares de dólares em aulas de canto, dança e interpretação, para transformar em uma estrela.
 
No entanto, os métodos de persuasão pouco ortodoxos do advogado dos Corleone, o "consigliere" Tom Hagen, vivido por Robert Duvall, são bem convincentes,  e Johnny acaba levando o papel.
 
Na vida real Johnny Fontane teria sido inspirado no cantor Frank Sinatra, que no início de sua carreira recebeu a ajuda de seu "padrinho", o mafioso Willie Moretti, que seria então uma das inspirações para a personagem de Vito Corleone, assim também como o mafioso Frank Costello, de quem Marlon Brando procurou imitar o jeito de falar.
 
A atriz mencionada pelo diretor seria então a belíssima Marilyn Monroe, com quem Sinatra teve um tumultuado relacionamento.
 
O filme seria "A Um Passo da Eternidade", que rendeu a Sinatra um Óscar de melhor ator coadjuvante em 1954.
 
 
Um destaque para o episódio do cavalo chamado Khartoum, nome da capital do Sudão, que foi tema de dois filmes já tratados aqui no blog: "Khartoum - A Batalha do Nilo" e "Honra e Coragem - As Quatro Penas Brancas".
 
 
O livro Noturno de Havana, do escritor americano T. J. English, conta mais detalhes os acontecimentos e personagens verídicos envolvendo a máfia americana, como Charles "Lucky" Luciano e Meyer Lanky, e também como ela se estabeleceu em Cuba e sobre como isso teria sido um dos motivos que levaram à Revolução Cubana. Já falamos aqui no blog dessas figuras e desse livro na postagem do filme "Mobsters - Império do Crime".
 

 
 
 
 
 
 
 
 


Mobsters (Império do Crime)

Nova York, 1917.
 
O bairro de Lower East Side, na época uma região pobre e violenta de Manhattan, estava dominado por gangsters italianos vindos das áreas rurais da Sicília, e que controlavam o submundo dos jogos de azar, prostituição, extorsão e assassinatos.

A liderança desse submundo era disputada por dois chefões que espalhavam o terror pela população: Masseria e Maranzano.
 
Nesse ambiente, quatro jovens rapazes cresciam entre mafiosos italianos, judeus e irlandeses, aprendendo desde cedo quais eram as regras de sobrevivência naquele lugar. Eram eles: Charlie Luciano, com 20 anos, nascido na Sicília, Maier Lansky, com 15 anos, um judeu nascido na Polônia, Benjamin Siegel, o "Bugsy", judeu americano e então 11 anos, e Frank Costello, o mais velho, um italiano da Calábria com 26 anos.
 
Eles acabam unidos pelas circunstâncias e por uma forte amizade, e anos mais tarde eles começam então a prosperar em seus próprios esquemas ilícitos, liderados pelo Charlie  "Lucky" Luciano, que recebeu esse apelido por ter sobrevivido a um violento espancamento. 
 
Só que eles atuam de um modo diferente, e nasce então um novo tipo de máfia, inspirada no estilo dos barões do capitalismo como  Henry Ford, J. P. Morgan e os Rockefellers.
 
A história desses garotos está contada no filme Mobsters (título em português: Império do Crime), de 1991, do diretor Michael Karbelnikoff.


 
 



Essa nova geração de mafiosos ainda tinha que se submeter aos dois chefões da velha guarda, que são eliminados pelo jovem grupo, 15 anos mais tarde, em 1932.

Lucky Luciano funda o Sindicato Nacional do Crime e  passa a ser o Chefe de todos os chefes, o Capo di tutti capi.


Operação Havana

O filme termina com Lucky Luciano assumindo de vez o poder, mas sua história ali está apenas começando.
 
No livro Noturno de Havana, do escritor T. J. English, (título em inglês: Havana Nocturne), podemos encontrar o restante de sua história, de sua relação com a ilha de Cuba, e de como a máfia, aliada ao ditador Fulgêncio Batista, acabou levando a ilha à Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, não menos opressores e tiranos do que a própria máfia.



Ainda no auge do grupo, em 1933, Meyer Lansky, o discreto e ardiloso, judeu grande amigo de Luciano, chegou com a ideia de desenvolver uma estrutura própria na ilha de Cuba, contando com o apoio de algum político promissor em ascensão. O escolhido então seria o jovem militar Fulgêncio Batista.
 
Porém, em 1935, quando esse sonho começava a ser colocado em prática, Luciano foi preso, recebendo uma pena de 30 a 50 anos, acusado de explorar a prostituição e outros crimes.
 
A prisão estava sendo bastante dura para Luciano e ele já estava apático, resignado e sem esperanças, até que em 1942,  um fato relacionado à Segunda Guerra Mundial viria a transformar seu destino, despertando a fera selvagem, agora em liberdade, e levando-o a Cuba, a Pérola das Antilhas, juntamente com Lansky.
 
Lá ele viria a se tornar amigo próximo de ninguém menos do que o cantor Frank Sinatra.
 
 
Charlie "Lucky" Luciano
 

Vamos continuar falando deles mais adiante.
 
A história de Luciano e Lensky também está é abordada no filme O Poderoso Chefão II, com adaptações à ficção, mas com menções claras a esses personagens.
 
Além disso a história de Benjamin Siegel, o "Bugsy", um dos integrantes do grupo de Luciano e fundador de Las Vegas, foi contada  no filme Bugzy, também de 1991.