Durante a alta estação de férias e festividades de final de ano muitos turistas chegam à ilha em busca de diversão nos hotéis e cassinos, e também para desfrutar das paisagens paradisíacas e de quentes ritmos caribenhos como o mambo.
Grandes empresas americanas também se estabelecem na ilha, de olho na maré de prosperidade. Nesse contexto, a tímida e desengonçada jovem Katey Miller acaba se mudar para Havana com a família, onde o pai irá trabalhar na empresa de automóveis Ford.
Ela logo percebe o abismo que separa os americanos dos nativos. São dois mundos paralelos se complementam, mas que não se misturam jamais.
O presidente e ditador Fulgêncio Batista governa a ilha com mãos de ferro para garantir que tudo funcione da melhor maneira e que nada nem ninguém atrapalhe os seus planos e dos seus aliados, os mafiosos, grandes responsáveis por transformar o local em um parque de diversões dos jogos de azar, uma verdadeira Las Vegas dos dias de hoje.
E a história dos últimos dias de glória desse paraíso da contravenção está contada de maneira leve no filme Dirty Dancing 2 - Noites de Havana, do diretor americano Guy Ferland, lançado em 2004.
Como eu disse, o filme é leve e traz um romance bem água com açúcar, tendo a dança como estrela principal, no mesmo estilo do primeiro filme, o nostálgico Dirty Dancing - Ritmo Quente, de 1987 (que por sinal tem uma trilha sonora incrível).
O falecido ator Patrick Swayze, herói do primeiro filme, tem uma participação também em Noites de Havana, como instrutor de dança.
Não podemos dizer que esse segundo filme seja uma continuação, pois o primeiro se passou em 1963, ou seja, depois da Revolução Cubana, enquanto o segundo filme se passa no final de 1958, bem no olho do furacão da revolução, no momento em que os rebeldes, liderados pelo jovem advogado cubano Fidel Castro e pelo médico argentino Che Guevara, derrubam a ditadura de Batista.
Como no primeiro filme, a mocinha também conhece um jovem e sedutor rapaz nativo que vai lhe ensinar a dançar e com quem ela terá um envolvimento amoroso.
Mas esse rapaz agora, o Javier Suarez, também vai acabar mostrando à moça um outro lado da ilha, longe do glamour dos resorts e dos cassinos. Um mundo de sensualidade natural, de dança e musicalidade genuínas, mas também um mundo de pobreza e de opressão, um caldeirão prestes a entrar em ebulição.
O jovem fala para a moça sobre um herói cubano, o José Martí, mártir da Independência de Cuba no final do século 19, criador do Partido Revolucionário Cubano e grande inspiração dos rebeldes.
As figuras de Batista, de Fidel e de Che Guevara não aparecem explicitamente no filme, no entanto, quem tem algum conhecimento da história consegue identificá-los no pano de fundo, com os rebeldes representados pelo irmão do personagem Javier e por seus amigos.
Durante as cenas sobre a revolução o filme toma um ar mais sério, mais pesado, mas mesmo assim pode-se notar um certo idealismo na causa dos rebeldes, que lutavam por liberdade e para expulsar da ilha os exploradores mafiosos. E o filme vai até esse momento, em que a população festeja essa conquista.
No entanto, o que aconteceu na vida real após essa revolução socialista, não se parece nem um pouco com aqueles ideais pregados por Fidel e por Guevara. Uma outra história, ainda mais opressiva e sanguinária estava só começando para o povo cubano.
O Che Guevara tornou-se um homem cruel e violento, bem diferente do herói idealizado por estudantes pelo mundo afora, como símbolo de rebeldia. Morreu alguns anos depois, em 1967 na Bolívia, onde tentava implantar também lá uma outra revolução.
Já Fidel Castro, juntamente com seu irmão Raul Castro, ao tomar o poder mostrou a sua verdadeira face aliando-se à extinta União Soviética (atual Rússia), implantando o socialismo na ilha e tornando-se ele mesmo um ditador.
Desde então, há mais de 50 anos, além de coibir violentamente a liberade dos cubanos, ele continua tentando expandir a sua falida revolução para os outros países da América Latina, angariando seguidores fanáticos que lutam em prol da sua própria ganância e da sua ideologia comunista.