Filme de 1951, do diretor turco Elia Kazan, com Marlon Brando e Vivien Leigh, recebeu doze indicações para o Oscar, das quais recebeu quatro, foi escolhido aqui para ilustrar a genialidade de um processo psicológico de atuação adotado pelos atores, principalmente por Brando, desenvolvido no início do século XX pelo ator e diretor russo Constantin Stanislavski e que ficou conhecido como "O Método".
O texto abaixo fala sobre esse criador e é de autoria de Vitor Grané Diniz, da página "Noites de Cinema" do Facebook, que mais uma vez deixa sua preciosa colaboração com o blog.
Constantin Sergeevich Alexeiev, mais conhecido apenas
como Constantin Stanislavski, nasceu na Rússia em 1863, se interessou pelo
teatro ainda muito jovem, trabalhou muito tempo como ator amador até que em
1897 encontrou-se com Vladimir Danchenko, e juntos fundaram o Teatro Popular de
Arte, ou como é mais conhecido, o Teatro de Arte de Moscou. Stanislasvki também
se arriscou na direção e montagem de obras de vários autores como Shakespeare,
Molière, Ibsen e Goldini. Em uma fase mais tardia da carreira, quando
Stanislavski já não conseguia mais atuar, ele passou a escrever obras sobre sua
carreira como ator e o tão famoso método de interpretação.
Stanislavski foi um dos primeiros a perceber que a
atuação teatral era representada e exposta de forma exagerada e pouco natural,
então ele desenvolve esse novo método com o intuito de “rejuvenescer” a arte,
principalmente por perceber que os estilos tradicionais de atuação não eram
adequados aos novos tipos de peças escritas por autores como Ibsen, Strindberg,
Tchekhov, dentre outros.
Sua inovadora técnica, portanto, consiste em transmitir
emoções verdadeiras enquanto estivesse no palco. Não era interpretar, pois
quando se interpreta, não se vive, e sim imita. Stanislavski desenvolve uma
doutrina de atuação, onde defende que cada ator deve se colocar no lugar do
personagem, chorar de verdade, amar de verdade, sentir de verdade, e não
fingir. Para ele, o ator tinha que entender seu personagem e viver como ele,
pelo menos enquanto estivesse no palco. Mas isso não significa que o ator
devesse se transformar radicalmente no personagem, isso seria uma doença, algo
como esquizofrenia ou dupla personalidade, é importante ressaltar que não era
isso que o método Stanislavski pregava, enquanto o ator estivesse em cena, ele
continuava existindo e exercendo a importante função de dar vida ao personagem,
controlar seus sentimentos e emoções.
“A vida real, como a
vida em cena, é feita de um constante surgir de desejos, aspirações,
provocações interiores à ação, e sua consumação em ações internas e externas.
Exatamente como as explosões isoladas de um motor, constantemente repetidas,
resultam no movimento macio do automóvel, assim também essa série ininterrupta
de surtos de desejos humanos desenvolve o movimento contínuo de nossa vontade
criadora, estabelece o fluxo da vida interior, ajuda o ator a experimentar o
organismo vivo do papel”, explica Stanislavski em seu livro A criação de um papel.