Nova York, 1917.
O bairro de Lower East Side, na época uma região pobre e violenta de Manhattan, estava dominado por gangsters italianos vindos das áreas rurais da Sicília, e que controlavam o submundo dos jogos de azar, prostituição, extorsão e assassinatos.
A liderança desse submundo era disputada por dois chefões que espalhavam o terror pela população: Masseria e Maranzano.
Nesse ambiente, quatro jovens rapazes cresciam entre mafiosos italianos, judeus e irlandeses, aprendendo desde cedo quais eram as regras de sobrevivência naquele lugar. Eram eles: Charlie Luciano, com 20 anos, nascido na Sicília, Maier Lansky, com 15 anos, um judeu nascido na Polônia, Benjamin Siegel, o "Bugsy", judeu americano e então 11 anos, e Frank Costello, o mais velho, um italiano da Calábria com 26 anos.
Eles acabam unidos pelas circunstâncias e por uma forte amizade, e anos mais tarde eles começam então a prosperar em seus próprios esquemas ilícitos, liderados pelo Charlie "Lucky" Luciano, que recebeu esse apelido por ter sobrevivido a um violento espancamento.
Só que eles atuam de um modo diferente, e nasce então um novo tipo de máfia, inspirada no estilo dos barões do capitalismo como Henry Ford, J. P. Morgan e os Rockefellers.
A história desses garotos está contada no filme Mobsters (título em português: Império do Crime), de 1991, do diretor Michael Karbelnikoff.
Essa nova geração de mafiosos ainda tinha que se submeter aos dois chefões da velha guarda, que são eliminados pelo jovem grupo, 15 anos mais tarde, em 1932.
Lucky Luciano funda o Sindicato Nacional do Crime e passa a ser o Chefe de todos os chefes, o Capo di tutti capi.
Operação Havana
O filme termina com Lucky Luciano assumindo de vez o poder, mas sua história ali está apenas começando.
No livro Noturno de Havana, do escritor T. J. English, (título em inglês: Havana Nocturne), podemos encontrar o restante de sua história, de sua relação com a ilha de Cuba, e de como a máfia, aliada ao ditador Fulgêncio Batista, acabou levando a ilha à Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, não menos opressores e tiranos do que a própria máfia.
Ainda no auge do grupo, em 1933, Meyer Lansky, o discreto e ardiloso, judeu grande amigo de Luciano, chegou com a ideia de desenvolver uma estrutura própria na ilha de Cuba, contando com o apoio de algum político promissor em ascensão. O escolhido então seria o jovem militar Fulgêncio Batista.
Porém, em 1935, quando esse sonho começava a ser colocado em prática, Luciano foi preso, recebendo uma pena de 30 a 50 anos, acusado de explorar a prostituição e outros crimes.
A prisão estava sendo bastante dura para Luciano e ele já estava apático, resignado e sem esperanças, até que em 1942, um fato relacionado à Segunda Guerra Mundial viria a transformar seu destino, despertando a fera selvagem, agora em liberdade, e levando-o a Cuba, a Pérola das Antilhas, juntamente com Lansky.
Lá ele viria a se tornar amigo próximo de ninguém menos do que o cantor Frank Sinatra.
Charlie "Lucky" Luciano
Vamos continuar falando deles mais adiante.
A história de Luciano e Lensky também está é abordada no filme O Poderoso Chefão II, com adaptações à ficção, mas com menções claras a esses personagens.
Além disso a história de Benjamin Siegel, o "Bugsy", um dos integrantes do grupo de Luciano e fundador de Las Vegas, foi contada no filme Bugzy, também de 1991.