Um grande marco do cinema, esse filme de 1941 dirido por Orson Welles está comentado no texto abaixo, de Vitor Grané Diniz, da página "Noites de Cinema" (Facebook e Instagram).
Orson Welles e Cidadão Kane
Na época da produção desse filme, o ator, diretor e roteirista Orson
Welles era muito jovem, ele tinha cerca de 25 anos; porém já trazia muita
experiência de seu trabalho no teatro e no rádio. E toda essa bagagem foi
trazida por Orson Welles ao cinema e incorporada ao filme Cidadão Kane;
o que fez com que ele se tornasse um filme revolucionário em para a linguagem
cinematográfica, e também questões estéticas, técnicas e narrativas.
Outra coisa muito importante para termos em mente: Cidadão Kane é
um filme de indústria, foi concebido como tal, produzido para ser distribuído
em massa e vender ingressos. Não se enganem, apesar de cultuado, ele nunca foi
um filme de arte, tampouco uma obra erudita.
Mas se tornou importante, também pelo fato de ser o único filme 100 por
cento autoral, que é o resultado de absoluta liberdade criativa por parte de
Orson Welles. Isso poque a divulgação de Cidadão Kane foi muito dificultada e
boicotada pelos meios de comunicação, principalmente os comandados por William
Randolph Hearst, um poderoso magnata de imprensa da época que serviu de
inspiração para o personagem Charles Foster Kane.
Observem este cartaz original da
época, o que chama a atenção são os elementos de “força” que a publicidade
tenta colar ao filme. A cor vermelha ao fundo representa a força, o poder e a
gana do protagonista. Note-se também que a figura de Charles Foster Kane é
grande e ocupa boa parte do cartaz, deixando todos os outros elementos ao seu
redor demasiadamente pequenos. Contornando a figura do homem, há uma branquidão
que emana dele como uma luz, um raio.
Como bem definiu o crítico Roger
Ebert em seu livro A magia do cinema, Cidadão Kane cobre o nascimento dos
jornais populares (tendo como modelo Joseph Pulitzer), a guerra
hispano-americana promovida por Hearst, o nascimento do rádio, o poder das
máquinas políticas, o surgimento do fascismo e o crescimento do jornalismo de
celebridades.
Devido ao desconforto de William Randolph Hearts para com Cidadão
Kane, nenhum outro estúdio voltaria a dar plena liberdade criativa e
autoral para Orson Welles. Todos os seus filmes seguintes sofreram interferência
dos produtores na trama e na montagem final.
Texto de Vitor Grané Diniz, página "Noites de Cinema" (Facebook e Instagram)
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