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Os Pilares da Terra (The Pillars of Earth)


Inglaterra, 1120.
 
O navio normando White Ship naufraga em um incêndio no Canal da Mancha, levando a bordo o único filho legítimo do então rei Henrique I.
 
A sucessão do trono inglês passa então a ser disputada pela filha de Henrique, Matilde, mais conhecida como Maud, e por seu sobrinho Estêvão de Blois.
 
Essa disputa gerou um período de guerras civis conhecido como Anarquia, e está contada na minissérie americana Os Pilares da Terra, (nome original The Pillars of Earth) de 2010, do diretor croata Sergio Mimica-Gezzan, baseada no livro de mesmo nome do escritor britânico Ken Follet.

 
 
 
A história realmente é muito interessante, e mostra como se deu a evolução da engenharia da época para a construção daquelas catedrais em estilo gótico, com abóbadas desafiadoras e que valorizavam a perfeita iluminação. A geometria euclidiana começava a ser conhecida na Inglaterra.
 
Outro aspecto interessante é importância dada às relíquias supostamente sagradas, que atraíam peregrinos para as cidades que as possuíam, propiciando assim a instalação de um próspero mercado para comercialização de mercadorias, como por exemplo a lã. Por esse motivo, muitas vezes elas chegavam a ser "plantadas" nas igrejas, para atrair os fiéis que iam em busca de redenção.
 
Após a morte do rei Henrique, o trono foi usurpado por Estêvão, e Maud ficou exilada na Normandia, região que hoje pertence à França, mas que na época era um ducado independente, e que seria posteriormente anexado à Inglaterra. A princesa estava na região com seu segundo marido, o Duque Godofredo V de Anjou, de quem esperava o primeiro filho.

Maud levava o título de imperatriz consorte do Sacro Império Romano-Germânico, por ter se casado com o imperador alemão Henrique V, de quem ficou viúva, sem gerar filhos.
 
Já com Godofredo ela teve três filhos, sendo que o primeiro viria a se tornar o rei Henrique II da Inglaterra, após a morte de Estêvão.
 
Henrique II foi o pai do rei Ricardo I, conhecido como Ricardo Coração de Leão, ao se casar com a lendária rainha Leonor de Aquitânia, aquela que liderou a segunda cruzada ao lado do primeiro marido, o rei francês Luiz VII. Portanto, Maud era a avó de Ricardo Coração de Leão.
 
Já mencionamos alguns desses personagens históricos aqui no blog nas postagens dos filmes As Cruzadas e Cruzada (Kingdom of Heaven).
 
 
 



Barbarossa

Lombardia, norte da Itália, 1155.
 
O então rei alemão Frederick I, conhecido como Barbarossa é coroado rei da Itália e logo em seguida, no mesmo ano, é coroado Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, pelo Papa Adriano IV.
 
O objetivo de Barbarossa era expandir seu império, retomando o que havia sido conquistado pelo Imperador Carlos Magno, no século VIII.
 
Sua história está contada no filme Barbarossa (título original), de 2009, do diretor italiano Renzo Martinelli.
 
No Brasil o título ficou Frederick Barbarossa - A Companhia da Morte.




 
Para alcançar seu objetivo, Barbarossa sabia que teria que dominar a cidade italiana de Milão, e ele conseguiu destruir completamente a cidade.

Porém, ele se deparou com um grupo chamado Companhia da Morte, formado por 900 jovens de várias cidades da Lombardia, liderado pelo jovem milanês Alberto Da Giussano, também protagonista do filme.

Em 1158, Barbarossa decretou seu poder sobre toda a Península Itálica na assembléia que ficou conhecida como Dieta de Roncaglia. Dietas, nesse caso, significavam reuniões para que o imperador deliberasse sobre suas decisões com os senhores feudais e eclesiáticos, bem como com os chefes das comunas (cidades italianas) lombardas (da Lombardia, no norte da Itália) e emilianas (da Emilia-Romana, região que ficava logo ao sul da Lombardia).

Em oposição à Barbarossa também foi formada, em 1167, a Liga Lombarda, composta por 30 cidades da região da Lombardia. Ela tinha o apoio do Papa Alexandre III, que sucedeu o Adriano IV.

Em 1176, Barbarossa foi derrotado pelas tropas de Alberto Da Giussano na Batalha de Legnano. Ele saiu com vida mas renunciou a seu trono em nome de seu filho mais velho, e partiu alguns anos depois para Jerusalém para lutar na Terceira Cruzada, liderando os cruzados contra a invasão do chefe muçulmano Saladino.

No caminho para Jerusalém, quando passava pela Cilícia, região da Ásia Menor, ele caiu em um rio ao tentar atravessá-lo, e morreu afogado por causa do peso de sua armadura.

A liderança então passou para o jovem rei inglês recém coroado Ricardo I, conhecido posteriormente como Ricardo Coração de Leão.

A história das cruzadas está contada aqui no blog nas postagens dos filmes Cruzada (Kingdom of Heaven), de 2005, e As Cruzadas, de 1935. Esse último está mais focado na história de Ricardo Coração de Leão.

 


 
 

Cruzada (Kingdom of Heaven)

França, 1187 d. C..

Um jovem ferreiro francês chamado Bailan, após perder a esposa, e com ela o sentido de sua vida, parte com seu recém conhecido pai, o nobre Godfrey de Ibelin, para a cidade de Jerusalém,  unindo-se à causa dos cruzados, para libertar a cidade dos muçulmanos comandados por Saladino.

Os muçulmanos haviam tomado a cidade de Jerusalém, submetendo os cristãos à morte ou à escravidão. Cem anos antes, os cristão haviam tomado a cidade das mãos dos muçulmanos, durante a Primeira Cruzada, e agora ela é invadida novamente.

Essa é a história contatada no filme Cruzada (original Kingdom of Heaven), de 2005, do diretor inglês Ridley Scott.

 
 
Os fatos sobre a vida de Bailan (que realmente existiu) não são totalmente fiéis à realidade, porém o contexto histórico do filme corresponde bem ao que de fato aconteceu naquela época.
 
Vamos entender um pouco sobre as cruzadas:
 

Resumindo:
1ª Cruzada: 1096 a 1099 – Cruzadas dos Nobres, liderada por Godofredo de Bulhão. Os cristãos saíram vitoriosos e tomaram a Jerusalém.
2ª Cruzada: 1147 a 1149 – Liderada pelo rei da França, Luis VII, e sua esposa Leonor de Aquitânia, terminou com uma derrota humilhante para os cristãos, e com a ascensão do líder muçulmano Zengi e posteriormente seu filho Nur ad-Din.
3ª Cruzada: 1189 a 1192 – Cruzada dos Reis – Liderada por Ricardo I, rei da Inglaterra, conhecido como Ricardo Coração de Leão, terminou em uma trégua com o principal líder muçulmano, Saladino.
Mais seis cruzadas foram travadas até 1272, porém sem que uma convivência realmente pacífica fosse alcançada.
 

 
Primeira Cruzada: 1096 a 1099 d. C.
 
Voltando um pouco no tempo, após a queda do Império Romano, em 476 d. C., marcando o fim da Idade Antiga e Início da Idade Média, ele foi dividido em duas partes:
 
- Império do Ocidente: com sede em Roma (e que seria invadida por bárbaros germânicos a partir de 476 d. C.)
 
- Império do Oriente: com sede em Bizâncio (futura Constantinopla)
 
Já no século VII, por volta do ano 610 d. C, surge a religião islâmica com base nos ensinamentos de Maomé, nas cidades de Meca e Medina, estendendo-se a Jerusalém.
 
Dando mais um salto no tempo, já para o período da Primeira Cruzada, em 1095, Aleixo I, o imperador bizantino em Constantinopla e chefe da igreja Ortodoxa, pede ajuda a seu rival, Papa Urbano II, em Roma, em nome da fé cristã, para se defender contra os turcos recém convertidos ao islamismo.
 
Eles tinham tomado a cidade de Jerusalém e avançavam em direção à Constantinopla. Jerusalém também era uma importante cidade para os cristãos e um lugar de peregrinação.
 
A Europa daquela época ainda não possuía monarquias fortes, o poder era descentralizado e os pequenos reinos lutavam entre si. Havia muita violência e quase não existia justiça. A igreja exercia um forte poder moral e psicológico sobre as pessoas, porém o papado era fraco politicamente.
 
O Papa Urbano então convoca todo o mundo cristão para lutar contra os muçulmanos (ou sarracenos).  Ele viu naquela situação uma oportunidade de se fortalecer e concluiu que se conseguisse tomar Jerusalém,  seu poder aumentaria muito.
 
Ele exagera nas informações sobre as atrocidades cometidas pelos  muçulmanos com os cristãos, despertando neles o ódio contra os rivais, começando assim o "choque entre a meia lua e a cruz" (expressão usada em um documentário do History Channel).
 
Então, em 1096, 60 mil cristãos liderados pelo duque francês Godofredo de Bulhão, percorrem 5 mil km em direção à Jerusalém, e em 1099, tomam de volta a cidade, fazendo uso de uma violência impensável, pondo fim à Primeira Cruzada.
 
Para os islâmicos, os francos (ou cruzados) não passavam de bárbaros que destruíram o auge da civilização islâmica.
 
O Papa Urbano faleceu antes de ver a vitória dos cristãos.
 
 
Segunda Cruzada: 1147 a 1149 d. C.
 
Após os cruzados conquistarem a cidade de Jerusalém, em 1099, o mundo muçulmano estava totalmente fragmentado, desunido, lutava entre si e não estava preparado para promover um contra-ataque.
 
Houve uma forte divisão entre Sunitas e Xiitas. Os Sunitas dominavam a região da Síria e os Xiitas dominavam o Egito. Tudo que os cruzados mais temiam era uma unificação entre esses povos, pois só  assim seriam capazes de reagir.
 
Os cristãos tinham uma certa segurança dentro da cidade, mas fora dos muros de Jerusalém estava repleto de sarracenos. Era muito perigoso para um cristão sair da cidade, que já estava pouco habitada. Após tomarem a cidade, muitos cruzados voltaram para casa, e Jerusalém ficou vulnerável.
 
A igreja fez então uma campanha para que as pessoas se mudassem para lá, para povoar a cidade, e muitos foram atrás de terras e riquezas. Além disso, muitos peregrinos se dirigiam ao local onde estava o Santo Sepulcro e várias relíquias sagradas.
 
Os peregrinos tinha que percorrer caminhos muito perigosos e sofridos, e vários deles caíam doentes e iam parar no Hospital de São João. Nesse hospital surgiu a ordem sagrada dos Hospitalários, formada por cruzados que faziam votos de castidade, pobreza e obediência, e que ajudavam os peregrinos cristãos que se dirigiam a Jerusalém.
 
Outra irmandade ou ordem monástica mais conhecida nos dias de hoje também foi fundada, a dos Templários, que recebeu esse nome porque era formada por cristãos militares que tinham o Templo de Salomão como quartel general. Eram a tropa de elite dos cruzados, e tinham a missão de proteger os peregrinos em seus caminhos. Eles acreditavam que combater os infiéis era o caminho para a salvação.
 
Os muçulmanos não estavam conformados com aquele insulto a seus locais sagrados e sonhavam com o contra-ataque. Assim veio à tona um dos principais fundamentos da ideologia muçulmana: a Jihad, que significa luta, esforço.
 
Os cruzados, para consolidar seu reino em torno de Jerusalém, criaram feudos ao seu redor, e dominaram as cidades vizinhas de Edessa, Antioquia e  Trípole. A cidade de Damasco permaneceu com os muçulmanos, mas era neutra e aliada dos cristãos.
 
Então Zengi, um cruel, temido e impiedoso líder muçulmano, conseguiu unificar os povos da Síria,  empreendendo uma Jirad vitoriosa. Seu objetivo passou a ser a cidade cruzada de Edessa, que conseguiu tomar em 1145 através dos túneis que passavam sob os muros, elevando assim a moral e a confiança dos muçulmanos.
 
Zengi foi assassinado dois anos depois da tomada de Edessa, e seu filho Nur ad-Din assumiu seu lugar. Ele era bem diferente do pai, mais justo, e era muito respeitado. Com uma forte mensagem de unificação e Jirad, convocou uma guerra santa contra os cristãos.
 
No mesmo ano, em 1145, o Papa Eugênio III convocou a Segunda Cruzada, com o objetivo de retomar Edessa e expandir os reinos cruzados. Os cristãos também estavam muito confiantes por causa do sucesso da Primeira Cruzada, e queriam repetir os feitos de seus pais.
 
Ela foi liderada pelo então poderoso rei da França, Luis VII, e sua esposa Eleonor de Aquitânia. Porém ele era um líder nato e não tinha experiência militar.
 
O caminho percorrido pela expedição de Luis VII , da França para Edessa, passava pelas perigosas terras da Turquia. Ela era coesa e  protegida por 300 cavaleiros templários. Porém, durante o rigoroso inverno, a caravana se dispersou e foi atacada. Luis conseguiu escapar, e, humilhado, entregou o controle da expedição aos templários, procurando refúgio na cidade cruzada de Antioquia. Ele então passou a cobiçar a cidade de Damasco.
 
Só que Nur ad-Din, que governava a cidade síria de Alepo, também cobiçava Damasco, e iniciou-se então uma corrida pela tomada da cidade. Luis atacou primeiro. Os damascenos então pediram ajuda a Nur ad-Din e Luis desistiu de lutar e resolveu voltar para a França derrotado e desmoralizado, pondo fim à Segunda Cruzada, fortalecendo ainda mais a autoconfiança dos muçulmanos.
 
As peregrinações dos cristãos praticamente se encerraram por completo.
  
 
Terceira Cruzada: 1189 a 1192 d. C.
 
Conhecida com a Cruzada dos Reis, é a fase representada no filme dessa postagem.
 
Cem anos após a tomada de Jerusalém a Europa passa por uma forte crise econômica e espiritual, e a população vê na Terra Santa uma oportunidade de obter fortuna e salvação.
 
Em 1154 Nur ad-Din torna-se Emir em Damasco e sua meta passa a ser a tomada da cidade do Cairo, então governada pelos Xiitas. Os cruzados remanescentes também queriam conquistar a rica e vulnerável capital do Egito, que já estava prestes a se render aos cruzados pacificamente.
 
Mas em 1168 os cristãos promoveram um massacre a uma cidade xiita próxima ao Cairo, que decidiu resistir e pedir ajuda a Nur ad-Din, o qual viu ali a tão sonhada oportunidade de tomar a cidade. Ele envia então o seu melhor general para defender o Cairo: Saladino.
 
Ambicioso, Saladino traiu Nur ad-Din e tomou o Egito para ele.
 
Após a morte de Nur ad-Din, em Alepo, seu filho de 12 anos, As-Salih, passou a ser o governante da Síria. Ele proibiu a entrada de Saladino na cidade de Alepo. Em 1181 As-Salih faleceu e Saladino finalmenente conseguiu unificar a Síria e o Egito.
 
Seu alvo agora era a cidade de Jerusalém, governada pelo jovem rei dos cristãos, Balduíno VI, portador de hanseníase (lepra). Em 1183, Balduíno, já sem condições de governar por causa da sua doença, nomeou seu cunhado Guy de Lusignan como regente.
 
Um príncipe chefe dos templários e aliado de Guy, Reynald de Chatillon, tinha ódio de Saladino e saqueou uma rica caravana de muçulmanos, desrespeitando o acordo de utilização das rotas comerciais entre a Síria e o Egito, desencadeado uma nova guerra.
 
Em 1187, Saladino, ao saber do ataque, reuniu seu enorme exército e rumou a Hattin, próximo à Jerusalém, disposto a iniciar uma guerra, atraindo estrategicamente os cruzados para uma região muito seca.
 
Guy caiu na armadilha e decidiu combater Saladino, reunindo um exército que contava com os Templários e Hospitalários, levando como estandarte o relicário com lascas da cruz de Cristo. Porém, abatidos pelo forte calor e sofrendo de desidratação, seu exército foi dominado na Batalha de Hattin por Saladino,  que matou Reynald e manteve Guy como prisioneiro.
 
Saladino tomou as cidades dos cruzados, entre elas a cidade de Acre. Na Europa, o Papa Gregório XIII fez um novo chamado para a Terceira Cruzada.
 
Em 1189 os maiores líderes europeus reuniram um exército de 100 mil homens sob o comando do general alemão Frederico Barbaruiva (mais conhecido como Barbarossa), um dos mais importantes homens da época, veterano da Segunda Cruzada (ver postagem do filme Barbarossa). Mas Frederico morreu no caminho e a liderança passou para um jovem de 33 anos, recém empossado rei da Inglaterra, Ricardo I.
 
Guy, então prisioneiro de Saladino, foi libertado após ser derrotado e humilhado na frente dos cristãos. Depois disso ele reuniu um exército e atacou a cidade de Acre, travando uma luta que durou dois anos.
 
Em 1191 Ricardo chega ao Acre para ajudar Guy e assume o comando da batalha, usando catapultas, uma arma que era um avanço tecnológico para a época, saindo vitorioso.
 
Seu sucesso inspirou os cruzados e lhe rendeu um novo título: Ricardo Coração de Leão. Sua história está contada no filme As Cruzadas, já postado aqui no blog.