Filme de 1937 do diretor alemão Ewald André Dupont.
Essa comédia romântica foi selecionada aqui no blog para ilustrar parte da obra de uma importante figura do mundo cinematográfico: Stella Adler, atriz e professora de interpretação.
O texto abaixo, sobre a biografia da artista, é de autoria de Vitor Grané Diniz, da página "Noites de Cinema" do Facebook, que colabora com o blog pela primeira vez.
Apesar de toda a relevância e importância, Stella Adler
nunca foi uma estrela, seu rosto nunca foi conhecido do público, ela nunca saiu
em capa de revistas de cinema, nem possui uma estrela na calçada da fama,
tampouco ganhou um Oscar, afinal trabalhou em apenas três produções para o
cinema: Amar não é sopa (1937), A sombra dos acusados (1941) e Anos de inocência (1948). Mas sua
relevância e importância para a história da atuação cinematográfica e teatral
contemporânea é completamente indiscutível. No meio artístico seu nome é
reverenciado.
O teatro e a interpretação corriam nas veias da família
Adler, o pai de Stella, Jacob Adler, fundou uma importante companhia teatral
ídiche. Stella atuou pela vez em 1906, aos quatro anos de idade, quando subiu
ao palco do teatro Grand street, em Nova York, para participar de uma
produção de seu pai intitulada Broken hearts.
A mãe de Stella também havia sido atriz, bem como sua
filha Ellen Adler também seria, além dos outros nove irmãos de Stella, todos
atores. “Na minha família, quando você mal começava a andar, imediatamente era
posto no palco”, costumava dizer Stella Adler. Na época também era comum dizer
que nenhuma cortina de Nova York subia sem um Adler por detrás dela.
Durante os anos 20, Stella conhece e convive de perto com
grandes nomes do teatro da época como John Barrymore, Erwin Piscator, Isadora
Duncan, Clifford Odets, Richard Boleslavski, Maria Ouspenskaya, dentre outros.
No início dos anos 30, ela passa a ingressar o Group Theatre. Em um período de
trinta anos, ela participou de mais de duzentas peças, encenou textos de
Clifford Odets, Andreiev, Maxwell Anderson, John Howard Lawson, Irwin Shaw e
Gottfried Reinhardt, todos nomes célebres do teatro da época.
Stella Adler cursou a Universidade de Nova York e depois
foi estudar no Teatro Laboratório Americano. Lá teve contato, pela primeira
vez, com o método do renomado professor Constantin Stanislavski, por intermédio
de dois de professores: Maria Ouspenskaya e Richard Bolelavski.
Nos anos 30, mais especificamente entre 1934 e 1938, ela
foi a Paris para estudar com o próprio Stanislavski em pessoa, no Teatro de
Arte de Moscou (foi a única atriz americana a fazê-lo), lá ela aprendeu uma
técnica inovadora, muito diferente de tudo o que já havia visto, essa técnica
ficou conhecida como o “método” de atuação.
Em seu livro sobre interpretação, ela lista dois tópicos
tutoriais sobre a utilização do sotaque no personagem. A primeira dica é
“escolher uma vogal e duas consoantes de idioma que se pretende trabalhar”, e a
segunda: “para sotaques regionais e idiomáticos, queremos que exerça esse
controle e o pratique na sua vida diária até poder viver com ele”.
O sotaque é um artifício utilizado pelo ator, que o
permite se aproximar da realidade de seu personagem, mesmo que seja apenas
esteticamente. Por exemplo: para interpretar um pescador português em Marujo intrépido (1937), Spencer Tracy
desenvolveu um pesado e carregado sotaque, assim como a atriz Mischa Auer, que
se valeu de um engraçado sotaque para transmitir a excentricidade de sua
personagem em Irene, a teimosa (1936).
A atriz Loretta Young arriscou um sotaque sueco em Ambiciosa (1947); Alan Arkin valeu-se de um pesado sotaque russo
para viver Rozanov em Os russos estão
chegando (1966); Ingrid Bergman se valeu de seu sotaque nativo para dar a
vida à missionária Greta em Assassinato
no expresso oriente (1974), ainda no mesmo filme um irreconhecível Albert
Finney adotou um peculiar sotaque belga.
Durante muitos anos, Meryl Streep foi apelidada de “a
rainha dos sotaques”, afinal a atriz já desfilou inúmeros sotaques em sua
carreira, desde o polonês em A escolha de
Sofia (1982), passando pelo
dinamarquês em Entre dois amores (1985), e chegado ao britânico de Plenty, o mundo de uma mulher (1985) e A dama de ferro (2011).
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