Filme de 1953, do diretor Henry Koster, está ambientado durante os últimos anos de Jesus Cristo e traz o ator Vitor Mature como o soldado romano que comanda a tropa responsável pela sua crucificação, e ganha o manto de Cristo em um jogo de dados.
O filme foi escolhido para ilustrar o texto abaixo, de Vitor Grané Diniz, sobre as inovações do cinema para fazer frente à popularização da televisão.
No final dos anos 40, no período pós-guerra, a venda de
ingressos de cinema caiu consideravelmente, isso se explica porque durante a
segunda guerra, as pessoas que ficaram em casa iam ao cinema como uma forma de
ocupar o tempo livre, era uma maneira barata e divertida de se ocupar. Porém,
com o retorno dos combatentes, quem antes ia ao cinema passou a ficar em casa
ocupada com afazeres domésticos. Sustentar a família e procurar empregos se
tornou uma prioridade. E por conta do desemprego e da recessão do país, o
ingresso de cinema ficou caro, e todos esses fatores culminam para o
crescimento da televisão, que permitia horas de diversão para toda a família e
de forma gratuita. Isso permitiu à indústria televisiva competir de frente com
o cinema, os produtores criaram séries para a TV que copiavam gêneros famosos
das telas de cinema. No início dos anos 50, estima-se que pelo menos 50% dos
lares americanos tinham ao menos um aparelho de televisão. “Por que as pessoas
pagariam para ver filmes ruins no cinema, se podem ficar em casa e ver TV ruim
de graça?” questionou Samuel Goldwyn à época. A televisão não tinha uma
programação tão glamourosa, sua grade consistia basicamente em transmissão de
eventos esportivos, noticiários, programas de jogos e filmes independentes que
ficavam no ar por poucas horas diárias. No entanto, toda a programação era
patrocinada por seus anunciantes, e eximia o público de pagar pelo
entretenimento. Os estúdios de cinema dependiam exclusivamente da audiência
para obter receita, então qualquer queda de público, por menor que fosse,
pesava no bolso.
Em uma atitude desesperada, Jack Warner proibiu que
aparelhos de televisão aparecessem nos filmes da Warner; a não ser de forma
satírica, como em Dançando nas nuvens
(1955) e Um rosto na multidão (1957),
que fazia uma importante crítica à manipulação de massas. Demais produtoras
cinematográficas ainda proibiam que as redes de televisão transmitissem seus
filmes ou usassem seus estúdios para a produção de programas televisivos.
A indústria cinematográfica, como forma de reagir, tratou
de tomar algumas medidas que incluíam o investimento de novas tecnologias
visuais, que estariam fora do alcance da televisão, então novos recursos do
cinema surgiram como uma forma de tentar trazer o grande público novamente para
as salas de cinema. A reação resultou em uma tecnologia chamada Cinemascope,
que consistia no uso de lentes anamórficas criadas pelo francês Henri Chrétien;
isso significa que a tela seria mais larga, muito mais retangular e menos
quadrada, ou seja, o enquadramento seria muito mais espaçoso, muitomais bonito
esteticamente e muito mais detalhes poderiam ser observados em cena. Essa
tecnologia nova despertou a curiosidade de muita gente. A Fox produziu filmes
em Cinemascope em massa, o primeiro deles foi O manto sagrado (1953),
depois veio Como agarrar um milionário
(1953) e vários outros. Até o final de 1953, praticamente todos os grandes
estúdios – exceto a Paramount – já haviam aderido à novidade.
Outra invenção que se popularizou junto com o Cinemascope
foi o Technicolor, cujas principais características eram as cores fortes
e vivas. Nesse contexto, logo no início dos anos 50, a MGM lançou em sequência
duas grandes e caras produções que tinham por objetivo, atrair de volta o
público às salas de cinema: Quo Vadis? (1951), com Robert Taylor e Deborah
Kerr e Ivanhoé (1952), também estrelado
por Robert Taylor, com Elizabeth Taylor e Joan Fontaine.
Texto de Vitor Grané de Diniz, da página "Noites de Cinema" (Facebook e Instagram)
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